Augusto Alberto
Não é preciso ser doutor para perceber que as reuniões que se realizam, amiúde, por Bruxelas, são, de um modo geral, um acto de vassalagem ao poder económico. Um euro poderoso serve os interesses económicos da Alemanha e da França, porque são quem mais e melhor produz o produto final.
E, por isso, a rapaziada quando vai, vai ao beija-mão, fazer o relatório e buscar uns açoites, se for caso disso. Por estas e tortas razões, o ministro das finanças, Vaniziellos, sempre que vai, vai arrastado pelo pescoço, porque que se lixe o estado de astenia da Grécia, o que é preciso, primeiro, é que pague as dividas que foi obrigada a contrair quando toda a gente sabia que o país estava falido, após contas manipuladas pela famosa agência Goldman Sachs, com vista a atrelar a enormes compras de material de guerra à Alemanha e à França.
A Grécia converteu-se no terceiro maior cliente da indústria de guerra francesa da última década e o líder da empresa Siemens reconheceu ter financiado os dois grandes partidos gregos. Também Gaspar, o nosso simpático, vai ao beija-mão, porque à Alemanha é preciso pagar os submarinos que o Portas encomendou, num negócio que parece ser difícil de deslindar, pois claro.
E. pelos vistos, o ministro espanhol das finanças, De Guindos, foi apanhado, também, a confabular e a fazer o relato das próximas patifarias a Olli Rehn. Se estes casos retratam o beija-mão, a pérfida e o caos, outro há, que é antes o morder na mão. E o resultado é basicamente o mesmo.
Vejamos então: O super juiz, Baltazar Garçón, uma vedeta das leis, quis morder na mão de quem lhe dá a sopa e acabou mordido e a sangrar. Ou seja, Baltazar presumiu que poderia enfrentar, só, os demónios, os interesses e o surro da História, e logo a elite lhe disse para ficar virado para a parede durante 11 anos, o tempo suficiente para escrever as suas memórias, ou apodrecer.
O que podemos concluir? Que esta gente é perigosa, não brinca nem hesita em liquidar um, que bem poderia ser dos seus e a pôr-nos a todos, a pagar o que não é da nossa responsabilidade, nem que para isso passemos com pão e laranjas.
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