Augusto Alberto
O ministro Álvaro, já farto, abespinhou-se e investiu violentamente contra o deputado Agostinho Lopes, que admito ter exagerado um tudo na forma, o que permitiu ao ministro usar, sem demoras e com direito, a artilharia anti-comunista. Contudo, devo dizer que enquanto o ministro saiu para fazer a sua vida, com toda a legitimidade, ficaram por cá muitos a dar o coiro para que o ministro hoje tenha a liberdade de dizer o que entende.
Mas se as coisas foram assim colocadas, então, vamos aos factos. E os factos dizem que na Europa neva muito, e o frio é demolidor. Centenas de europeus, não por causa da neve, mas por terem uma vida miserável, têm morrido de frio e fome, em países que saíram da experiência socialista e não só. Na República Checa, da revolução de veludo, na Polónia, na Roménia, na Bulgária, por exemplo, montaram-se tendas para recolher hordas de famintos. Se coisas destas tivessem ocorrido no período do socialismo, não sucedeu, logo se diria, que o socialismo, ou pior, o comunismo, é uma falácia, porque afinal, a fome e o frio, até mata.
E a questão que se deverá colocar, aqui e hoje, é a seguinte: Então e agora? De qualquer modo, antes de ir, aproveito para contar uma pequena história:
Há uns anos, estava com outros amigos à porta do “Salgueiral”, em amena conversa, quando de repente fomos abordados por um homem, que nos implorou uma refeição. Um emigrante russo, faminto, que trabalhou em Coimbra para um empreiteiro, que o despediu sem salário. Com o pouco dinheiro disponível, comprou o bilhete de comboio até à Figueira, na esperança de encontrar melhor gente. Eu perguntei-lhe, que fizestes da URSS? Mas o homem nem percebeu, porque a fome quebrou-o. Após a vaquinha, disse-lhe: - vá ali ao lado, coma duas sandes de presunto e beba uma taça de tinto, e entretanto, enquanto mastiga, aproveite para expiar as suas culpas, se as tiver. Mas não vá em definitivo. Passe depois pela União de Sindicatos da Figueira da Foz.
Fim da história? Não! Não, porque o Álvaro sabe, e muito bem, que pela boca morre o peixe e por isso, é tempo perdido fazer de tolo. A exemplo da secretária de estado francesa da Saúde, que sugeriu aos “mais vulneráveis”, incluindo os sem-abrigo, que evitassem sair de casa, para evitar o frio.
É o declínio? Sim, é. É a Europa com o cú coberto de escaras e ao léu.
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