quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Wagner e a primavera dos pobres

Augusto Alberto

De Wagner diremos ser fascista, porque Hitler fez sua preferência, a sua música? Nem pensar, porque Wagner primeiro se radicalizou socialmente quando se apaixonou pelas revoluções de 1848, ou a chamada “primavera dos pobres e, do mesmo passo, radicalizou a sua música, elevando-a à potência máxima, ou para melhor entendimento, a tornou decisiva.
Quero eu explicar que um sujeito, um dia destes, disse-me que gostava de me ler, mas que amiúdes vezes era muito radical. Óptimo! A questão é que eu venho de uma geração afoita e também gosto muito de Wagner. Por isso, tal como ele, acho que escrever é potenciar a verdade, porque se é para dourar a pílula, o melhor é estar quieto. 
Vejamos então: se eu disser que os gregos estão a pagar os desmandos que a sua elite fez em seu nome, e perguntar o que estão a negociar, agora contra a sua vontade? É mentira? Evidentemente que não. Se eu disser que o próximo candidato republicano à Casa Branca é um energúmeno e fascista, porque se está cagando para os pobres, porque o estado americano já lhes dá acesso às senhas para a sopa que os vai aguentando, e deseja a supremacia assassina da sua máquina militar, é mentira? Absolutamente não. E é mentira que deverá ser julgado quem em Portugal se meteu a fazer despesas inúteis em nosso nome, como estádios de futebol cuja solução poderá ser a implosão? Quem soterrou toneladas de betão no rio Côa, a propósito de uma barragem que teve inicio e não teve fim? Quem permitiu a colossal derrapagem no CCB? Quem avançou para a construção do aeroporto de Beja, que movimentou num ano pouco mais de uma centena, (100) de viajantes? E etc. É radical? Absolutamente não. É a verdade.
E é mentira que agora, na antiga União Soviética, é a democracia, porque neste inverno de gelo já morreram centenas de mendigos à fome e ao frio na Ucrânia e na Rússia, tal como nas democracias onde vivemos? Não! Agora é que é a democracia elevada à sua melhor expressão. Há fome!
Adiante com o anel dos Nibelungos e Tristão e Isolda, nesta tarde de sol e algum frio, enquanto mantenho a dúvida se esse meu sujeito, é ou não um fidalgo liberal ou neo-liberal, que me parece, lhes deu para a hibernação, neste inverno da nossa vida. 

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