quarta-feira, 25 de abril de 2012

Obrigado Agostinho

Augusto Alberto

No 25 Abril de 2012 ouvi na Assembleia da República, na cerimónia oficial das comemorações do 25 Abril de 1974, dois discursos emotivos sobre Abril, do Partido “Os Verdes” e do Bloco de Esquerda, mas sobretudo, ouvi um discurso, que depois li na integra, estruturalmente arrasador. Um autêntico libelo acusatório às forças revanchistas, que nos estão a colocar à porta da miséria e do estado policiado. Ao meu camarada Agostinho Lopes, só poderemos estar agradecidos pela clareza com que escreve sobre as razões da nossa fome, pobreza e tristeza. Aliás, não é por acaso que os trauliteiros e bandoleiros dos comentadores encartados, (autênticos filhos da puta), sobre estas certeiras palavras, fazem como o gato que foge sobre brasas. Passam de supetão para não queimar as patas.

Disse Agostinho Lopes: As classes dominantes, grande parte das suas elites, sempre foram, com excepções, permeáveis à colaboração com o estrangeiro opressor e explorador, em defesa dos seus interesses de classe…. É como se o caminho para resistir a Castela em 1383/1385 passasse por fugir a Aljubarrota. Como se o caminho para afirmar a independência nacional em 1580, passasse pela aceitação do jugo filipino. Como se o caminho em 1808, fosse a fuga para o Brasil e a colaboração com os ocupantes e não a resistência às invasões napoleónicas.
A crise do capitalismo, obriga a classe dominante a redobrados esforços de manipulação para explicar e esconder as causas e os responsáveis pela catástrofe.

Que nenhum Português de bem fique indiferente à verdade dos factos e diga que não foi avisado. Não é possível perder mais tempo, porque já nos desconstruíram o melhor das nossas vidas e, simultaneamente, colocaram-nos na antecâmara do fascismo. 
Obrigado Agostinho.

Depois da Europa connosco, da Adesão à CEE, do euro, sempre apresentados como caminho de sentido único e inelutável e garantia do paraíso na terra, os portugueses não precisavam de se preocupar com essa coisa da produção nacional. (Houve quem teorizasse sobre a desmaterialização da economia - na nova economia, não precisávamos nem de agricultura nem de produzir, ferro, cimento, ácido sulfúrico!) Não precisávamos de nos preocupar com o endividamento externo e o financiamento do Estado. Abrigados sob a asa protectora da União Europeia, do euro, estávamos a salvo das crises monetárias e financeiras. União Europeia que regularmente ia despachando para Portugal uns milhares de milhões de euros…como contrapartida à destruição do aparelho produtivo!

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