quinta-feira, 3 de maio de 2012

Benza-te deus


Augusto Alberto

 Enquanto uma parte do povo foi à luta, outra salivou como o cão de Pavlov. Com filhos e netos para alimentar, correu célere a uma campanha terrorista, atraído pela possibilidade de trazer para casa o dobro do que pagou. O cão de Pavlov salivava em frente ao naco de pão, e uma parte do povo salivou em frente das mercearias “pingo doce”, mostrando um reflexo inato para o engano e a incompreensão do seu papel como sujeito da história.
Com efeito, a viver segundo intrincadas opções e sem sequer saber, já, que caminho percorrer, se os caminhos que vão dar à luta, capaz de alterar o estado de astenia, ou, salivando, ir a correr às mercearias “pingo doce”, na esperança de fintar a pobreza, sem contudo perceber que sem luta que altere esse estado, continuará miserável e baixará a cada passo para lá da indigência social, porque não percebe que aquilo que o fascista do Alexandre dos Santos, um dos príncipes da grande economia de casino, fez, foi mais uma finta na luta de classes.
Partir a espinha ao movimento sindical. Arrumar a luta de classes a troco de mais um saco de farinha, é o pouco necessário para manter os privilégios dos filhos e netos de Salazar. Pague um e leve dois e ainda de bónus, vai manter em casa o salazarismo pobreta, rançoso e tramontano.
Afinal, uma boa parte do povo, parece que pouco aprendeu com 48 anos de fascismo e 38 anos de “democracia” (fascismo rechapado).
Salazar falava às massas, das vantagens da pátria, do balcão da janela central da Praça do Comércio. Alexandre Soares dos Santos, fala da porta das suas lojas, a anunciar as vantagens de haver as mercearias “pingo doce”, e de haver pobres e beneméritos, como ele, porque desse modo, o mundo é perfeitinho.
Benza-te deus, povo achincalhado, que parece que ainda não percebeste que é com as papas e os bolos do “Pingo doce”, que se vão enganando os tolos.

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