Augusto Alberto
O que é que o João Bilhim tem, que você, mais o mendigo, não
tem? Pilim, Pilim, Pilim!
O João Bilhim é assim! Cheio de pilim. É frequentador
assíduo do teatro Nacional D. Maria II. E o teatro Nacional D. Maria II o que
tem, o que tem? Arcadas, arcadas! E nas arcadas o que tem, o que tem? Mendigos
que se abrigam do frio, da morrinha e da chuva. E os mendigos o que têm, o que
têm? Cartão, cartão, cartão.
E quem é o João Bilhim? Um boy, um boy! E que deram ao boy,
ao boy? Um job, um job. E quem arranjou ao João Bilhim um job assim tão bom? O
Coelho, o Coelho, o Gaspar, o Gaspar. E que Job arranjaram ao Bilhim?
Presidente da comissão de recrutamento e selecção para a administração pública.
E porque é tão bom o job do Bilhim? Porque para além de um lauto salário,
equiparado a gestores de empresas classificadas como do grupo a, com salário
equiparado a 1º Ministro, ainda tem, tem, comunicações e viatura atribuída a
gestor público, abono mensal pago 12 vezes ao ano, para despesas de
representação no valor, no valor, de 40% do respectivo vencimento.
Resumindo: então o que tem de tão bom o Bilhim? Um cartão,
um cartão! Igual ao cartão que protege os mendigos, nas arcadas do Teatro
Nacional D. Maria II? Não, não! Um cartão que não tapa, mas destapa as lojas da
Avenida, onde compra o fato Hugo Boss ou Armani, com que o Bilhim se roça nas
noites do Teatro Nacional, depois de previamente ser limpo dos mendigos, que se
protegem com o cartão, esse não, esse não, não o do Bilhim.
Viva a Choldra, mas o Bilhim, mais os amigos que tem. O
Coelho e o Gaspar. Arreda, arreda, pé descalço, porque o Bilhim vem ai, não vá
ele e sua formosíssima senhora cagar os sapatos. Arreda, arreda mendigo. Olha que
esses pés não são do voluntário do exército contra a fome, mas são os sapatos
do Bilhim. Arreda, arreda…
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