terça-feira, 31 de julho de 2012

A pé... à Cova de Iria


Augusto Alberto


Contou Fernando Mota, Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, no acto de despedida dos atletas que rumaram aos Jogos Olímpicos, que um dirigente de um pequeno Clube de Vila Nova de Gaia o informou que a autarquia tem a intenção de aterrar com cimento a caixa para o salto em comprimento e para o triplo salto, da pista com nome de Moniz Pereira (tolice e náusea), no Estádio Jorge Sampaio, com vista a satisfazer o desejo futeboleiro local.

É a impenitente tacanhez, ainda a fazer escola nesta lusitana pátria, em tempo olímpico. E é o versado caldo de cultura onde babujam muitos dos nossos dirigentes da administração, da base ao topo, que não conseguem enxergar a salobra estaleca emocional e intelectual. Como queremos fazer, se aterram com cimento a inteligência, velocistas abaixo dos 10 segundos, saltadores em comprimento para lá dos 8.50 metros, saltadores em altura acima dos 2,30 metros ou uma nota sublime de 9.9 na trave olímpica, por exemplo, que são as marcas que sobem ao Olímpo e que as TV’s mediatizam? Ninguém se lembra, evidentemente, de quem se coloca vulgar entre pares. Todavia, saibamos que uma marca ou uma medalha universalizam o movimento físico e, nessa medida, os recursos colocados à disposição de uma cabeça sã num corpo são, são justificados.
Mas no país dos descamisados, coisas de excepção, não vão além de um bambúrrio, apesar de esforços diligentes. Aliás, Fernando Mota, de modo discreto, já desvendou o mistério. O próximo ciclo olímpico, a começar já no próximo mês de Outubro deste corrente ano de 2012, vai, não tenhamos dúvidas, por amor à divida e à pequenez, começar na o(a)cidental praia lusitana, em Janeiro de 2016 e acabar em Agosto de 2016. Chegará, depois, o desconforto. Choverão torrentes de comentários abomináveis e muito boa gente, com superiores responsabilidades, entrará a assobiar em dó menor, que é o modo muito atávico de descartar responsabilidades. Com efeito, ainda e sempre, no país dos descamisados, anda muita gente feliz e em contramão, criando em muitos de nós a impressão de que se indo a pé à Cova da Iria, se resolve a situação.
Pequena nota:  Na antiguidade, em tempo de jogos, parava a guerra, mas hoje, se tu acreditas que a guerra está num jogo de paint ball, estás enganado. Agora, precisamente agora, em algum lugar do mundo, soldados de sua majestade, ou matam ou morrem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Augusto, aqui na nossa bela cidade, os iluminados daquele clube que se apoderou do nosso estádio "municipal", fizeram o mesmo. As cabeceiras do campo onde se poderia praticar saltos e lançamentos foram tapadas com relva...
Como as pessoas que poderiam ter interesse em usufruir desse espaço dito "municipal" não tem influência junto da autarquia, ninguém quis saber!

Luís