domingo, 29 de julho de 2012

Onde se esfola e talha a carne?


Augusto Alberto

Será que os cristãos que decidem sobre o mundo, Obama, Merkel, Sarkozy, que exorbitou sobre decisões da ONU para a Líbia, Berlusconi, temente a Cristo e profano no trato com a carne, e o extravagante Paulo Portas e ainda muitos outros, conhecem o patriarca católico da Síria? Se não o conhecem fisicamente, deveriam no mínimo meditar sobre o que disse: “Se querem ajudar os cristãos na Síria e contribuir para a paz …os países estrangeiros devem preocupar-se primeiro em resolver o conflito israelo-palestiniano. Este conflito é a causa primordial da maioria dos infortúnios, crises e guerras no mundo árabe”, numa reflexão sobre a actual crise na Síria. E para remate, escarneceu sobre os hipócritas cristãos ocidentais, de disfarçarem os seus interesses, com o “zelo pelos cristãos” no Médio Oriente.

O líder da Igreja Melquita, interpretou, cristalino, boa parte da história contemporânea do médio Oriente. Todavia, para que melhor se perceba a trama, é preciso que se diga que o partido por Israel, tem por finalidade manter, ali, em doca seca, e por isso inamovível, um enorme e bem defendido porta-aviões, guarda avançada dos interesses liberais, à custa dos povos árabes, desgraçadamente, com a anuência de muitos traidores, corruptos e torcionários lideres árabes, que nem sequer querem ouvir falar, pasme-se, na inapta “democracia à ocidental”, não vá o remanso dar o lugar à borrasca. Manter o Suez e o estreito de Ormuz abertos à navegação comercial e militar, manter a antiga Pérsia sobre pressão na esperança de que se faça, um dia, o ajuste de contas, e sobretudo, manter os poços e as rotas do petróleo desencravadas, é preciso, custe as vidas árabes que custar.
Viva Verdi, gritava-se, porque o autor, na sua música, juntou aos gritos de união pela Italia, os da paz e liberdade. Gregorios Laham III não é Verdi, com efeito, porque lhe falta o gabarito cívico e intelectual do autor, mas merece que se registe a sua lancinante denúncia, nestes tempos de atropelos, divisão e saque.
A família Assad é carniceira, evidentemente, mas os ocidentais cristãos, acima descritos, mais os seus superiores interesses, é quem gere o talho, e decide como e onde, se esfola e talha a carne.

1 comentário:

samuel disse...

Muito bom!!!

Abraço.