Augusto Alberto
Sebastião José de Carvalho e Melo andou de candeias avessas
com uma parte do poder eclesiástico, por ventura, devido à sua enorme
influência doutrinária, económica e social. Aos jesuítas da Companhia de Jesus,
acusou-os de abomináveis, traidores, ímpios e sediciosos. De todo o modo,
apesar de tantas e dolorosas batalhas, muitas marcadas a sangue e viuvez, nunca
se coibiu, por montes e vales, de se deslocar de cavalo ou de liteira, de Oeiras
ou Pombal, para a corte.
Pois agora, por razões que um atento português pode avaliar,
um padre de peso na hierarquia eclesiástica, D. Januário Torgal Ferreira,
capelão das Forças Armadas, disse, por ironia, do actual poder politico, aquilo
que Sebastião José de Carvalho e Melo disse à época, dos membros da companhia
de Jesus. Que o poder político actual, é também ímpio e está organizado em gang. Foi o padre de uma
violência assertiva e terrível? Sem dúvida. Contudo, a correlação de forças não
permite ao actual poder secular fazer ao padre Januário o mesmo que Sebastião
fez aos padres da Companhia de Jesus e às famílias Távora e Condes de Aveiro. Assim,
fixemo-nos nas coisas que correm e avaliemos como são certeiros os adjectivos
que o padre Torgal fixa na actualidade. Fosse dito por um outro homem
consequente, cairia chumbo. Mas ditas por quem foi, o poder com efeito,
escoicinhou, mas foi pífio. O gang foi organicamente desancado. Direi mesmo,
que a elite financeira e económica, só não coloca já fim ao poder do gang da S.
Caetano à Lapa, e não o troca pelo outro gang, sito no Rato, com quem alterna,
porque o Partido Socialista vai medonho e andrajoso, como um São Banobaião
Anacoreta. Está pois, constituído um tempo de pausa, nada propício à
rotatividade, contudo, propício à continuação das maldades.
Abro aqui um parêntesis para dar voz a outro padre. O Bispo
de Olinda e Recife, que um dia disse do Nordeste Brasileiro, tripudiando sobre
os militares: “poucos são donos de tudo, muitos são donos de nada”. Esta é frase
que pode ter também aplicação doméstica.
Dito isto, acredito que se fosse vivo, Sebastião José de
Carvalho e Melo, talvez dissesse: “ordem
nos gangs e que se trate do povo, que vai faminto”.
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