domingo, 4 de novembro de 2012

Misoginia


Augusto Alberto


Há quem abuse da minha paciência e da minha caixa de correio electrónico enviando documentos a chamar à reflexão, com origem em gente como Medina Carreira, espécie de ave canora, que só sabe fazer contas de somar e subtrair, multiplicar e dividir, sem nunca ser capaz de chegar à raiz dos problemas, o jornalista do “espesso”, Nicolau Santos, um militante bem preparado e de luxo do regime, ou ainda o actual director do Diário de Noticias, João Marcelino, antes director do jornal de curral, “correio da manhã”. Gente de muitos truques e de soez doutrina, que ajudou a construir o regime que nos aqui trouxe.

Por outro lado, ao arrepio de alguns desses companheiros, digo que sou dos que acreditam que as ideias devem estar no centro da sociedade e da política,  por isso, não embarco, como muitos deles, nas teorias apócrifas, que dizem que o mundo pode ser melhor, se for dirigido por eunucos ou por uma espécie de misoginia, postulada na cisão, que indica que o mal está nos partidos e as soluções estão em movimentos de cidadãos independentes, que em regra não passam de personalidades arrancadas deliberadamente ao convivo com o poder e as elites, que com método, dinâmica e engodo, apareceram para aldrabar, como foi o caso do movimento da engenheira Pintassilgo, que me obrigou a ter de engolir o sapo de votar em Mário Soares, para ter de evitar trabalhos dobrados. Ou o autêntico bocejo reaccionário de Fernando Nobre. Ou ainda, o movimento 100% na Figueira da Foz, espécie de caranguejo da pedra completamente vazio, sem miolo por dentro.
Um país não é um barco em alto mar, a marear sem aparelhos de bordo e comandado por gente que faz navegação à vista, que no primeiro embate com o cubo de gelo salta para a balsa salva-vidas, com regresso à terra firme e à retoma da vidinha limpinha, como se não tivesse havido ir e voltar. Os independentes são uma das mais criativas estratégias da elite, que faz deles verdadeiros especialistas em serviços limpinhos. Reaccionários e independentes contribuem, de modo muito sério, para que Portugal se constitua numa colónia, que vai deixar a viver muitos pelas ruas, por indolência ou por terem gostado de gato em vez de lebre.
Acreditem, chegará o dia em que nem força tereis para limpar as lágrimas.
Não insistam!

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo A. Alberto
-Admitamos que há independentes que o não são pelas razões que apontou;
-Outros que o são mesmo, independentes no verdadeiro sentido do termo ou cidadãos livres, porque não acreditam em nenhum partido,quer seja da internacional ou nacional, por razões históricas e actuais porque só fizeram merda: uns defendendo a nomenklatura que mandou milhões para a Sibéria; outros defendendo o capitalismo selvagem provocando a miséria dos mais fracos e,não tarda, a hecatombe social...
Não haverá lugar a cidadãos que pensam pela sua própria cabeça, capazes de arranjar outras soluções alterantivas, sem a labita e o ranço partidário e sem o dogma do pensamento único?
Claro que há. E a prova disso é o movimento de cidadãos livres, da Islândia, que correram com os políticos e salvaram o país da banca rota.
Eu sei que a sua preclara cabeça tem uma tendência irreversível para idolatrar a doutrina do "sol da terra", cujo país de origem, aliás, já rejeitou. Mas tenha paciência meu amigo: contra factos não há argumentos e já seria tempo de evoluiur um bocadinho e limpar as teias de aranha que continua a ter no sótão.
Por fim: "limpar as lágrimas" talvez seja o destino de alguns povos amorfos que têm governantes cleptocratas,incapazes, vendidos e mesmo traidores mas, pior do que isso,é ficar sem olhos e sem cabeça que não lhes permita ver e muito menos pensar.
Enquanto tiverem cabeça e não estiverem cegos, há sempre uma esperança.

(J.Silva)

alex campos disse...

Caro J. Silva

Devo dizer que a independência é um conceito bastante vago. É mesmo impossível sermos independentes porque mais cedo ou mais tarde temos sempre que tomar partido, ou não tivesse a barricada só dois lados. Porque é inegável que há luta de classes, e a treta de se ser independente não tem sustentação alguma, não passando, sempre, de uma mera estratégia para melhor levar a água ao moinho.
Poderia citar alguns exemplos, na nossa História recente, de "independência", como o caso do PRD há já alguns anos, do candidato presidencial Fernando Nobre, que com a sua desalmada "independência" logo se desmascarou e atestou ao que vinha.
Ou o caso do "Figueira 100%", na Figueira da Foz, que como se sabe foi constituída por pessoas que já tinham, há muitos anos, feita a sua opção de classe, e bem definida.
Fala do movimento na Islândia, mas não serão tão independentes como isso, pois tomaram uma opção, não ficaram na indiferença. Agora podem é perder por falta de estarem organizados, que é o que interessa ao poder, ou seja, às classes que detêm o poder.
Não querendo substituir o meu camarada Augusto Alberto nesta resposta, sempre posso dizer que fiz livremente a minha opção, considerando-me livre por isso. Não fui obrigado a filiar-me em partido algum,fi-lo de livre vontade e sem objectivos pessoais ou de grupo,mesquinhos e pouco claros, que é o que rege quem se filia em partidos de poder, constituídos por corruptos, vigaristas, criminosos de guerra, néscios, traidores, ladrões. razão pela qual a sociedade e o país estão no estão em que estão.

Um abraço