segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Havana continua calma...


Augusto Alberto (texto e foto)

Por cá um inócuo e pequeno vigarista disse umas verdades que deixaram os correntes e verdadeiros vigaristas incomodados e em pânico. (Ex-amigos de Cavaco, diz o “El Mercúrio”, não pagam dívidas ao BPN. Arlindo de Carvalho não reconhece que deve 60 milhões de euros. Duarte Lima entrou em incumprimento total em Março).
E o Partido Socialista vai correntemente sendo conhecido “pelo único partido que não assinou os acordos com a troika” e do “assim não”. E ainda consegue a maravilha de ter uma deputada, filha de um fascista, tido por grande pensador e homem de elevada craveira cívica, mais à esquerda do que a velha esquerda antifascista do Partido, (ganda nóia).

Enquanto, no mesmo quadro de tempo, em Havana, a policia montou um esquema para recepcionar o enorme fluxo de armas que corre na cidade, dá treino de tiro a professores, e desenvolve uma credível indústria e o comércio de mochilas anti-bala, para estudantes, para evitar mais sangue nas escolas. Como a mais bela “flag” pode ser esburacada por um tipo aos tiros à toa, a decisão da troca de armas por senhas por alimentos foi tomada após o sangrento massacre na pequena cidade de Newton, a pouco mais de uma centena de quilómetros de Nova Iorque. O assassino, por ventura zangado com a “union” e obcecado pelos velhos filmes de cavalos e cowboys de Hollywood, colocou o massacre acima das piores probabilidades das perdas em combate no Afeganistão, num só ataque. Contudo, a National Rifle Association, lembra que a constituição americana permite o uso de arma e por isso o que vem escrito é para ser levado a sério.
Ainda assim, depois do massacre de Newton, passados mais dois dias, mais 4 cidadãos morreram na sequência de uma batalha entre um condutor extraviado e a polícia e ainda, após mais dois dias, 2 bombeiros, chamados a um fogo numa habitação, que se propagou às habitações contíguas, perderam a vida, após serem alvejados a tiro, por um sujeito também zangado. Esta é uma sociedade desavinda. Por isso, vai havendo a compreensão de ser muito difícil acreditar que o capitalismo seja o fim da história. Nesta nossa grande democracia representativa, é pois consensual que muitos dos que acreditam, são suas vítimas. Cuide-se!
Entretanto, em Havana, a vida continua calma. Os católicos foram, sem contratempos, na noite de 24 para 25 à missa do galo à belíssima catedral de Havana e os restantes, foram curtir a noite ao Malecon. Ver as estrelas, sentir o pequeno marulhar das ondas e ouvir uns sopros de trompete, fagote ou clarinete. Cidade pacífica, onde as armas têm por único objectivo defender a Revolução e, por essa via, o bem-estar das crianças.

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