domingo, 24 de fevereiro de 2013

O mito e o xerifado


Augusto Alberto

Vi Pistorius ser batido inapelavelmente nos 100 metros, por dois velocistas brasileiros. Exultaram os brasileiros, porque não é todos os dias que se consegue fazer baixar para à poeira, um homem elevado à condição de “mito”. E nos 200 metros, Pistorius também ficou de fora das medalhas. Mas um “mito”, tem a paciência de esperar pelo seu tempo e nos 400 metros, colocou-se de novo na condição de “Deus”. Ganhou, e os 90 mil que estavam no Estádio Olímpico, exibiram-lhe o carinho só dado aos que fazem a diferença.
Mas passados 6 meses, Pistorius voltou à condição terrena. Perdeu a cabeça e fez o pior dos resultados. Matou e “matou-se”. Duplamente amputado, vai ser recordado pelo homem que se colocou a par dos homens que não têm deficiência. Recordo que fez parte da estafeta de 4x400 metros, da África do Sul, que ganhou a medalha de prata, em 2011 no Campeonato do Mundo, ainda que só tenha alinhado na eliminatória. Pistorium, ajudou a colocar o desporto para pessoas com deficiência no Olímpio,  por isso tem o crédito de gratidão, como testemunhei. Mas num momento de loucura, arruinou anos de trabalho árduo e proveitoso, porque a cabeça do homem, de quando em vez, é insondável.

E Passos, que cabeça insondável e endógena moléstia tem, que o levou a fazer promessas que depois não cumpriu? Ao contrário de Pistorius, Passos, nunca franqueou as portas que levam ao galarim, apesar de vizinhos entrevistados pelas tv’s, após levitado à condição de primeiro, garantirem que estava ali um homem bom, sem perceberem que a tempo já tinha tomado as suas opções de classe. Tutelado e de pucarinho com pessoas abstrusas e soturnas, foi o escolhido para carregar com os interesses da elite liberal, após a derrocada de classe de Sócrates, que se convenceu ser anjo, mas que afinal, desceu à condição de crápula, para onde penderá, também Passos. Ambos por terem apressado muitíssimo a pobreza e desse modo, levado homens com fome, ao suicídio ou a viverem na rua.
 Pistorius será riscado do panteão, por causa de um momento. Mas a opção de classe, com ênfase na classe alta, é um escarro. Esta é a odiosa diferença dialéctica. Então, pergunte-se: como se pune quem mal trata as pessoas? Sobretudo, quando economistas alinhados e comentadores mancomunados, a mando do ”xerifado”, ao serviço da elite, se juntam em conclave numa sala de luxo de um hotel, à socapa, para discutir como reformar as funções sociais do estado, que é o mesmo que dizer, como tirar o pão aos pobres, para o dar aos ricos.
Se Deus existe, que os leve...

Sem comentários: