quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Prantear lágrimas


Augusto Alberto


Confesso que já me tinha esquecido de que havia mais ministros para lá do primeiro. Passos, Relvas, Gaspar e do Pilrito, não fosse o António José lembrar que há ministros do governo indígena que têm a mesma opinião que o Partido Socialista, no que toca ao redimensionamento do papel social do Estado. Ambos pressupõem que o pagode deve ter uma existência gota a gota, e em permanente risco de queda. Com blagues como esta, não admira, pois, que os restantes peles vermelhas do P. S., se sintam abespinhados e queiram corrigir o destrambelho, que há-de passar, afiançadamente, por sangue e lágrimas em torrente, a escorrer para um alguidar.
Mas voltando à questão central, do redimensionamento das funções sociais do estado, é preciso que se diga que o se pretende é unicamente eliminar funções vitais, em ordem a uma vida decente.
A este propósito deixo, como exemplo, a conversa que há dias tive com uma cidadã, que necessita, com toda a regularidade, de acompanhamento, medicação personalizada e atempada. Estava ciente da presença no hospital central, em determinado dia e hora, para o respectivo acompanhamento, reavaliação e continuada medicação, quando na véspera, inopinadamente, recebe informação de que a consulta tinha sido adiada e a medicação que lhe garante a vida, como até então, tinha sido abortada e no futuro, seria trocada, porque a unidade hospitalar foi obrigada, a um compasso, por força da lei dos compromissos. Abespinhou-se e cuidou-se, porque é estreito, o espaço entre a sua vida e a sua morte.
Esta história levou-me a querer saber da lei e fui ao site do Ministério da Saúde. Fiquei a saber que pode ser um horror! Bem sei que o cidadão achará excessivo o aviso. Mas faz muito mal. Também ignorou avisos sobre as alterações às leis do trabalho, e votou em quem as aviltou, mas vai dando por elas, sempre que lhe caiam abruptamente sobre o canastro, como foi o caso de um cidadão, que para a praia vai, no dia do voto, e que resumiu a questão, a uma expressão exemplar: “miserável!”. Os factos ensinam-nos que o pior modo de se perceber uma lei, é quando se pranteiam lágrimas. Pois é! Saiba ainda, que os tampões têm utilidade social. Eu uso-os para tapar os ouvidos sempre que me querem azucrinar a cabeça. As mulheres, para os devidos feitos. E a elite burguesa, usa a social-democracia, o socialismo de rosto humano e a 3ª via, para acalmar as vagas, sempre que a ira faz questão de galgar as margens que balizam os seus interesses.

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