sexta-feira, 15 de março de 2013

O muro "democrático" tem pai


Augusto Alberto


A “queda do muro” sempre me pareceu a vitória de um modelo, que esticou o freio e partiu a galope. Contudo, gente dada ao oportunismo disse-me que, pelo contrário, se tratou da vitória das liberdades, sobre a ditadura. Nunca me convenci e nem traio, por mais dor que a história traga. Mas hoje, pessoas com quem partilho a desgraça, aceitam sem dificuldade o meu convencimento e sentem que o murro “democrático”, tem pai, é a Goldamn Sachs, e faz doer.
Com efeito, os vencedores presentearam-nos com dirigentes insanos e ignaros, como Bush filho, que recoletou, para aventuras sangrentas, percevejos como Blair, Aznar e Barroso. Depois destes, que entretanto, pelos males feitos, mereciam castigo, anunciaram-se, Berlusconi, Merkel, Sarkozy, Sócrates, Hollande, Monti, Passos, Portas, e Rajoy, que de turno, têm burilado dramas sucessivos, como aquele  no concelho de Viana do Castelo, em que um pai de 42 anos, com um filho de 2 anos chegado ao peito, encurralado socialmente, se atirou a um poço e colocou um fim abrupto à vida.
Mas como a desgraça é universal, tomemos como exemplo, ainda, a desgraça búlgara, que tomou as ruas em protesto contra o poder que em 2004, adquiriu as licenças e os direitos exclusivos de distribuição de electricidade…Isto tem de acabar…fogo nos monopólios e na máfia… gritaram os manifestantes, que pediram a renacionalização das empresas de energia.
Resfriados e entregues à miséria, os búlgaros começam a perceber o que perderam com a abrupta mudança. Para além de não contarem, carregam ainda o drama inorgânico, que é o lado canalha do sistema, porque apesar de muita “passeata”, cansam-se por pouco, enquanto a pequena elite resfolga com o poder e os meios de produção. Compreendemos assim porque as grandes manifestações de 2 de Março em Portugal, colocaram em sobressalto o percevejo capitalista, que o derrube do socialismo ajudou a inchar. Logo foram colocados no ar mensageiros, na tentativa de colar as manifestações às forças orgânicas do mal. De todo o modo, a elite sabe que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
Os povos latino-americanos precisaram de mais de 200 anos para perceber o que fazer. Do mesmo passo, serão os nossos quintanetos a fazer o que hoje não queremos. Por isso, quando partir, não esqueça, leve o telemóvel para mais tarde se certificar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bulgaros? É a liberdade estúpido, é a liberdade!

Rui Romão disse...

Eu acho fantastico a ligeireza com que a maioria das pessoas parte logo para o insulto, independentemente de concordarem ou não com determinada ideia, ou artigo de opinião neste caso. Há que discutir ideias e perder esse péssimo hábito de discutir pessoas. Mas se pelo menos tivessem a verticalidade de assumirem isso, até podia aceitar, agora de forma ANONIMA???????