quinta-feira, 2 de maio de 2013

Make peace, not war


Augusto Alberto

Para quem não sente os encantos da corrida, a cidade de Boston será recordada unicamente pela irracionalidade do atentado sobre a meta da sua maratona. Chicago tem também a sua maratona, muito apreciada, porque o seu traçado em ligeiro declive, coloca-a ao jeito das grandes marcas. Mas, por ventura, a maratona de Nova Iorque é a mais universal e copiada, porque ao longo do percurso, tocam grupos de jazz, folk e rock, para animar a cidade e os atletas vindo de todo o mundo.
imagem do Bronx
 Nova Iorque é sensacional! Nela coabita a grande finança com lojas de marca. Tem o Central Parque, a magistral Filarmónica e o Carnegie Hall. Dali, um homem genial, mas reaccionário, Bernstain e os seus concertos para jovens, trouxe-me à minha definitiva apetência melómana, ainda no tempo da TV a preto e branco. A Nova Iorque chegou também do ballet Kirov de Leninegrado, Mikhail Baryshnikov, para ensinar a dança clássica que os americanos desconheciam. Algumas zonas têm pedigree, mas hoje outras estão devastadas pela pobreza, à semelhança de outras cidades, como exactamente Boston.
De acordo com um relatório da sua Câmara Municipal, cerca de 46% da população, em 2011, era pobre ou quase-pobre. Muitos sobrevivem com senha para a comida. Que despropósito! Julgava que as senhas foram coisas do tempo soviético. Pelos vistos, aprenderam rápido!
Nova Iorque, paradoxalmente, está em termos de índices de pobreza, acima de Havana. Que enxovalho! Acima de Lisboa. E a não ser contido o desvario, em breve estará em linha com os índices de cidades como Caracas, capital da Venezuela ou Nova Deli, capital da Índia. A Nova Iorque de que se fala prova que o sonho americano e o capitalismo com pedigree e chiquérrimo são uma utopia e uma trapaça.
Mas é evidente que a actual Nova Iorque, continua a ser terra de gente snob, mas que não passa, seguramente, pelos citados bairros do Bronx, Staten Island ou Queens, os mais batidos pela extrema desgraça.
Quem tem cu tem medo, por isso, quem tem dinheiro não partilha avenidas com vadios. Como cantá-la, então, ao jeito do manhoso, mafioso Sinatra?
E porque oportunamente novas notícias das urbes virão ao jeito de eriçar até o mais santo, ainda que a conta gotas e demasiado difusas, porque não pergunta, desde já, à imponente estátua da liberdade,  como vamos de liberdades? E de bem-estar? Está mal, dirá. E desabafará:Sabes, afinal o capitalismo enganou-me. Não é o fim da história.

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