Augusto Alberto
Para quem não sente os encantos da corrida, a cidade de
Boston será recordada unicamente pela irracionalidade do atentado sobre a meta
da sua maratona. Chicago tem também a sua maratona, muito apreciada, porque o
seu traçado em ligeiro declive, coloca-a ao jeito das grandes marcas. Mas, por
ventura, a maratona de Nova Iorque é a mais universal e copiada, porque ao longo
do percurso, tocam grupos de jazz, folk e rock, para animar a cidade e os atletas
vindo de todo o mundo.
imagem do Bronx |
Nova Iorque é sensacional! Nela coabita a grande finança com
lojas de marca. Tem o Central Parque, a magistral Filarmónica e o Carnegie Hall.
Dali, um homem genial, mas reaccionário, Bernstain e os seus concertos para
jovens, trouxe-me à minha definitiva apetência melómana, ainda no tempo da TV a
preto e branco. A Nova Iorque chegou também do ballet Kirov de Leninegrado,
Mikhail Baryshnikov, para ensinar a dança clássica que os americanos
desconheciam. Algumas zonas têm pedigree, mas hoje outras estão devastadas pela
pobreza, à semelhança de outras cidades, como exactamente Boston.
De acordo com um relatório da sua Câmara Municipal, cerca de
46% da população, em 2011, era pobre ou quase-pobre. Muitos sobrevivem com
senha para a comida. Que despropósito! Julgava que as senhas foram coisas do
tempo soviético. Pelos vistos, aprenderam rápido!
Nova Iorque, paradoxalmente, está em termos de índices de
pobreza, acima de Havana. Que enxovalho! Acima de Lisboa. E a não ser contido o
desvario, em breve estará em linha com os índices de cidades como Caracas,
capital da Venezuela ou Nova Deli, capital da Índia. A Nova Iorque de que se
fala prova que o sonho americano e o capitalismo com pedigree e chiquérrimo são
uma utopia e uma trapaça.
Mas é evidente que a actual Nova Iorque, continua a ser
terra de gente snob, mas que não passa, seguramente, pelos citados bairros do
Bronx, Staten Island ou Queens, os mais batidos pela extrema desgraça.
Quem tem cu tem medo, por isso, quem tem dinheiro não
partilha avenidas com vadios. Como cantá-la, então, ao jeito do manhoso,
mafioso Sinatra?
E porque oportunamente novas notícias das urbes virão ao
jeito de eriçar até o mais santo, ainda que a conta gotas e demasiado difusas,
porque não pergunta, desde já, à imponente estátua da liberdade, como vamos de liberdades? E de bem-estar? Está
mal, dirá. E desabafará:Sabes, afinal o
capitalismo enganou-me. Não é o fim da história.
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