Nas minhas deambulações pela rede, cheguei a duas notícias que me sobressaltam. Primeiro, fui ter ao sítio que dá conta de um congresso que se realizou no passado mês de Março, com o propósito de discutir e promover o conhecimento e a preservação dos edifícios da arte Deco, na cidade de Havana. O sitio, trouxe-me memórias da minha visita à cidade, onde muito provavelmente, nunca mais voltarei, porque os cabedais dão para a bucha e para alguma ajuda aos mais novos e para pouco mais. Contudo, mesmo se possibilidade de regresso, rejubilo, porque, afinal no país das catacumbas do pensamento, as pessoas reflectem de forma avançada, contrariando correntes vozes de burro. E como vozes de vozes de burro não chegam aos fins, acrescento o que de importante se diz, sem censura:
Parte do nosso objectivo é fazer ruído, disse o director do Museu Nacional de Artes Decorativas. Se nós em Cuba não reconhecemos o valor destes edifícios, como é que podemos esperar que os estrangeiros o façam? A falta de recursos, a alta humidade, o ar salgado pela água do mar…são algumas das razões para o mau estado de conservação da maior parte dos edifícios. Muitos precisam de obras de restauro… mas esse é um investimento que nem todos os proprietários podem fazer.
Havana, inteligentemente, recusa substituir a sua matriz urbana, pelo maniqueísmo do vidro ou do betão, como acontece em tantas das nossas vilas e cidades. Pelo contrário, procura, apesar de meios escassíssimos, como observei, manter a identidade urbana, usando a reabilitação. As boas revoluções tem como inteligente não destruir o que de bom está feito.
O segundo sobressalto, vem na esteira do que se refere, com cada vez mais frequência, à miséria americana. Em Kansas City, Las Vegas, Nova Iorque e Nova Jersey, conta-se, que as autoridades se têm deparado com milhares de pessoas, muitos, veteranos cansados das guerras, a viverem em tendas ou túneis escavados, rodeadas de lixo. Há, pois, claramente uma diferença nos sonhos. Cuba, procura o sonho de reunir energias e meios para conservar o registo urbano da sua art Deco e por essa via, melhorar a qualidade paisagística das suas cidades. Nos Estados Unidos, o embuste acabou com o sonho, porque muitos cidadãos vivem como ratos ou com os ratos. Assim a modos como viver numa montanha do Afeganistão. E então, é justo perguntar: Que diferença há entre saber da destruição dos budas de Bamiyan, (património cultural da humanidade), no Afeganistão, e a destruição das vidas, (património humano da humanidade), nessas cidades americanas? Ambas são vítimas de talibãs.
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