segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Asnos!

Augusto Alberto


Em 1955 na loja e mercearia do legionário António, por entre cubas de armazenamento de batatas, feijão, massas e arroz, a máquina para cortar o bacalhau, a máquina para servir o azeite, bolos, bolachas, piaçabas e vassouras e outras coisas mais, chegaram, pela manhã, as anunciadas meninas que vinham com a missão de promover os caldos knorr. Fato-saia até ao tornozelo, em tons de azul claro, em linha com a decente e esmerada mulher portuguesa, e um bivaque na cabeça, num bege muito suave, à semelhança de uma hospedeira da Suisse Air, como tinha de ser.
O povo da terra chegou em massa para provar o caldinho knorr e num instante, meio agitado, entrou também o PIDE Procópio, que disse: - António, já sabes? Caiu esta madrugada, a 10 metros da praia, junto ao molhe, um avião de treino militar. O piloto safou-se, mas o avião ainda lá está. Queres lá dar um salto? – Vou sim! Chegados e após passar a vista muito apurada, pelo teatro, Procópio comentou: - o corpo do avião e a carlinga estão lá, mas as rodas já desapareceram. – Vê lá tu, António! Decerto foram roubadas para fazer uma carroça para ser atrelada a um burro. - É o mais certo Procópio, por isso, a partir de agora, olho no burro e nas rodas e anda daí, vamos avisar o Sachetti.
No dia seguinte, pela manhã, no noticiário da Emissora Nacional, o radialista informou a Nação, de que um avião de treino militar da base…se tinha despenhado junto à praia de…, mas, intolerável, alguém tinha roubado as rodas do avião, pelo que seria necessário procurar reaver o património do estado, a bem da Nação, como ensina Salazar!
Passados muitos anos, já lá ia a revolução, em plena “merdocracia”, um radialista contou a seguinte história: Um burro passava numa praça da urbe e o polícia de giro, ciente de um acidente, gritou, . Eh burro…e um sujeito que passava encoberto pelo asno, perguntou: - eu, senhor agente? Eu sou o João Proença, não sei se já reparou. De asno e patego, nada tenho e porque nunca puxei carroça, como manda a “merdocracia”, até vou para a AICEP.
É certo que a primeira parte da história, é quase verdadeira, mas a segunda, quem sabe.... Todavia, nesta Pátria, pategos e “burros”, confundem-se. Os de 4 patas e os que esbugalham o sono da madrugada, por 310 euros, ou, um dia aqui, e outro ali. Aliás, tudo coisas que o Proença negociou. E por isso, não esqueça. Continue a votar Partido Socialista. Se o fizer, outro “Corleone” o P.S. arranjará, para tratar de si.



 * Silva Pais, foi director da PIDE e José Barreto Sachetti, meu vizinho, foi um seu quadrão.

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