sábado, 14 de setembro de 2013

Catarina de Alexandria

Augusto Alberto


 Há tipos que só conseguem estar de bem com a vida, se estiverem com o microfone, em permanência, à frente dos queixos, sem contudo, tamanho é o inchaço, perceberem, que é por essa via que dão ar de pacóvios. É o caso desse inenarrável Santana Lopes, o homem que mais não sabe, do que aproveitar sobras e deixas, e Ângelo Correia, que há dias foi à Rádio Renascença, falar, também, como um clérigo absolutista.
Em tempos idos, A.C. ficou conhecido pelo “ministro dos pregos”, a propósito de uma putativa intentona comunista. Estava-se no governo da A.D, (PSD+CDS), dirigido por Pinto Balsemão e Freitas do Amaral e era o tempo da primeira greve geral após o 25 de Abril, 12 Fevereiro de 1982. A polícia apanhou uma furgoneta carregada de pregos e logo Ângelo Correia, ministro do “interior”, indicou que se tratava de material para sabotar a circulação rodoviária, nesse dia de greve geral. Mais tarde, na noite de 30 de Abril para 1 de Maio desse ano, no Porto, Ângelo Correia, toda a direita e mais o P.S., insistem na cabala. Com a chamada à cena da UGT, liderada à época por Torres Couto, avança o denominado plano “Alfa”, que acabou com a morte, a tiro, de dois trabalhadores.
Este Ângelo, homem de más explicações, como o da insurreição dos pregos, que materialmente acabaram numa obra, evidentemente, ou das razões, nunca explicadas, que o levaram a enviar a policia de choque para o Porto, nesse 1º Maio de 1982, com o resultado referido, tem por hábito, também, acertar nas análises, sempre com anos de atraso. Foi assim, a propósito do modo como desancou na citada entrevista, o afilhado político, Passos Coelho. Mas não se julgue que o pacóvio é imaterial e tem falta de esperteza. Pelo contrário! Lembro o que disse à imprensa escrita, em 14 de Junho de 2010: - “A terminologia política sindical proclama a existência de direitos adquiridos … Ora numa democracia, adquiridos são os direitos à vida, à liberdade de pensamento, acção, deslocação, escolha de profissão, organização política … Continuarmos a insistir em direitos adquiridos intocáveis é condenar muitos de nós a não os termos no futuro.”

Mas mais tarde, a 24 de Outubro de 2011, numa entrevista à RTP, torce e acomoda o raciocínio, perante a eventual supressão da acumulação da referida subvenção vitalícia com vencimentos privados e reage a gosto: - “Os direitos que nós, (os políticos subvencionados), temos, são direitos adquiridos”. Na vida, A.C. faz o pleno. É pacóvio, esperto e “clérigo” absolutista. Aliás, alguma coisa me diz, que tem sempre, no momento da liturgia, aconchegado ao peitinho, uma medalhinha da santinha dos necessitados,Catarina de Alexandria. 

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