sábado, 2 de novembro de 2013

Este já não é o tempo da miséria moral…

Augusto Alberto


É novo e não sabe, mas eu conto. Há mais de 40 anos, no tempo em que quem mandava, para lá de Salazar, por exemplo, eram figuras como Rebelo de Sousa, pai, Governador Geral de Moçambique e Ministro do Ultramar, Adriano Moreira, também Ministro do Ultramar, Pinto Balsemão, que já na altura tratava reis por tu e era membro da União Nacional, o partido único fascista, a respeitadíssima família Espírito Santo, de que é oriundo o banqueiro Salgado.
Nesse tempo, muitos portugueses colocavam em cima da mesa, com pernas de pau e tampo de madeira tosca e nodosa, uma côdea de broa e uma sardinha magra, para dividir por dois. Admito que não acredite no que lhe digo. Em todo o caso, o cidadão que foi da classe média, assim definida por ideólogos, como Rebelo de Sousa, filho, ou o dr. Freitas do Amaral, que já foi fascista e agora está convertido às virtudes da democracia parlamentar, que num momento dinâmico, que não previu, caiu socialmente, e nem sequer nota que já não tem possibilidade de dividir uma sardinha por dois, como nos tempos dos avôs, porque passou, para não morrer numa valeta, a estar presente com toda a regularidade na fila para as sopas e para um pãozinho com manteiga, fornecido por uma ONG da cidade, apesar de ter sido obrigado a mudar de fila, porque a anterior ONG, fechou portas, por já não ter condições, sequer, para fornecer o prato da sopa.
Isto vai mal. Pois vai! Mas se o cidadão continuar a dar ouvidos as melopeias dos “bichos” do regime, vai ver como a “democracia” o come. Saiba que a elite não desiste. Como assim, pergunta? Veja quem são os putativos candidatos da sebentíssima direita, a ocupar o lugar do Cavaco. Logo, Rui Rio, um feijão de duas caras, com selo de gestor celestial. Também Marcelo, a luminária católica, afeito às delícias do liberalismo, ou ainda Durão Barroso, que nos deixou em estado de catalepsia, para ir tratar da vidinha. Este é o horrendo cenário, que em nada difere do cenário deixado pela elite que fugiu para o Brasil e deixou, para enfrentar Junot e Massena, com as forquilhas e com a roupa que tinham no corpo, os pobres filhos da nação.

E porque a direita não é tola, até o padre Policarpo se tornou, também, em ave canora da elite cavalar, ao propor a moleza e a resignação. Nada de novo! Sabemos que ao longo dos anos, igreja e elites, concubinaram. E por isso, até apetece dizer: Arrede para lá a boca o padre Policarpo, mais a elite trambiqueira, porque este já não é o tempo da miséria moral de Torquemada e dos cruéis frades beneditinos, nem a actual República, é o reino miserável do rei imbecil e fanático, D. João III. Ainda por cá anda gente que pensa.