sábado, 8 de novembro de 2008

Reflexões em mim maior (croniqueta de fim-de-semana)

Foi uma semana em cheio.
Depois dos trabalhadores terem sido ameaçados de trucidação, a cereja no topo do bolo. Com a aprovação do famigerado código de trabalho, onde se perdem mais direitos, mais regalias, mais poder de compra, enfim perde-se qualidade de vida, o que quer dizer que há um retrocesso no que às políticas sociais diz respeito. Quer dizer, estamos a andar para trás.
A Obamamania atinge o seu ponto fulcral com a eleição de um afro-americano para a presidência do planeta. Confesso que não entendi nem entendo todo este frenesim que se gerou à volta do evento, até dá a impressão que nunca tivemos um presidente. Ora essa, este já é o quadragésimo qualquer coisa. Só se for por ser “negro”, mas também não estou em crer, a maioria da população da África Negra é negra, e aquilo está no estado em que está, não vislumbro frenesim nenhum para mudar aquilo.
Continuemos. Houve também uma jornada de luta dos estudantes, o que, pelo menos nas escolas que tenho conhecimento passou quase completamente ao lado. Começa-se cedo a enfileirar no rebanho. A carneirada vai engrossando.
Para acabar a semanada, uma manifestação de professores, na capital do ex-império, na qual se espera uns cem mil. Dos chamados titulares é que aparecerão poucos, porque isto de solidariedade tem muito que se lhe diga. O PS conseguiu "homogeneizar" a classe, agora há duas, os titulares e os outros. Já há uns meses se juntou por lá também esse número, o que não faço ideia é o que é que ganharam com isso, a não ser dar nas vistas.
Seria muito mais consequente uma marcação de uma greve para o mesmo dia de luta dos estudantes, mas deve haver aí um qualquer erro de estratégia. Até porque era uma acção pedagógica, ensinavam-se os fedelhos a lutarem pelos seus direitos e a não serem carneirinhos. Nesse dia terão marcado falta aos estudantes que faltaram, agora manifestam o seu descontentamento. É obra sim senhor. Mas estou com a sua luta, não concordo é com estratégias inoperantes.
Lembro-me de um acontecimento, em Itália, na ascensão do Fascismo. Uma reunião da oposição para estudarem a melhor maneira de o derrubar. Um dos mais brilhantes pensadores marxistas, após Lenine, António Gramsci, líder do PCI, levou a proposta do seu partido. A única forma de derrubar o fascismo era uma greve geral. Que não, não podia ser. O PS, o PDC e outros “democratas” não aceitaram. Depois foi o que se viu.
Mas a semana, longa, longa, não acaba sem um Sporting-F. C. Porto.
Alguém disse, não sei quem, que a classe média é a mais estúpida delas todas. Temo que a minha (estou-me a referir a todos os trabalhadores, não sou professor) não se ficará atrás.

7 comentários:

Anónimo disse...

Está aqui uma cronicona, não uma croniqueta!
Haveria muito para dizer, concordando essencialmente com tudo, mas aqui sublinho, como bem referes, as limitações das estratégias seguidas como forma de demonstração do descontentamento e meio de alcançar objectivos precisos. Realmente parece-me que a coisa assim não funcionará, está emperrada.
Saudações do Marreta.

dona tela disse...

Convido para fazer uma experiência lá no meu sítio. Olhe que é muito giro!
Respeitosos cumprimentos.

Anónimo disse...

Só a enorme cegueira política e histórica pode desvalorizar o valor simbólico da eleição de um afro-americano para a presidência dos EUA. É desconhecer o avanço civilizacional que isso representa num país onde há 50 anos ainda persistiam leis segregacionistas, onde Luther King foi assassinado por ter sonhos de liberdade e dignidade, onde Rosa Parks ousou enfrentar absurdas diferenças, onde pereceram milhares de combatentes contra a escravatura numa guerra civil violentíssima, onde há periferias urbanas definidas pela negritude , onde a pobreza e o desamparo têm cor de pele... Lave esses olhos da poeira sectária e verá o mundo mais claramente.

Anónimo disse...

Mais um tijolo para a construção da muralha da ignorância seria acabar com a avaliação de professores. Mas, a esquerda bafienta perde o tino e prefere clamar pela balda instalada pela autogestão da mediocridade, por um ensinosito reles para pobres mas iguais. Logo veio a direita atordoada da D. Manuela apanhar boleia de carro que não pode ser o seu. O País não pode resignar-se a ficar "parado à espera que aconteça" como dizia o poeta! Os professores devem ser o garante de excelência, rigor e competência, ao contrário do que tem reinado, em regra, por aí.

alex campos disse...

Ao anónimo neo-lebral.
Conhece um pouco da história dos EUA, escusa é de fingir que sabe que muito do que elencou continua e vai continuar como está. Pode desconversar o que quiser, mas não brinque com a inteligência das pessoas. Quando muito brinque com a dos seus queridos governantes, olhe que tem muito com que se entreter, o Magalhães, Alcochete, 150.000 empregos, a engenheirice do seu deus, tem muita coisa, não precisa mesmo de vir para os blogues dizer asneiras.
Quanto à Esquerda bafienta gostava que me enumerasse uma diferença entre a esquerda moderna e a direita antiga.
Garante de excelência, eigor e cometência, professores como o senhor?

Anónimo disse...

Respondo, por deferência, ao sr. Alex. animador deste espaço:
1- Não tenho deus, nem amo, nem guia.E você?
2-Não acredito em paraísos terrestres ou etéreos, pelo que sei que algumas das inconveniências da vida dos EUA irão persistir, apesar de Obama. O sr. ainda acredita nos faróis do Mundo ?
3-Para melhor interpretar o presente, nada melhor do que conhecer e aprender com o passado.Por isso, tentei saber mais sobre a história americana para melhor aquilatar da importância da recente eleição presidencial.Fez o mesmo antes de opinar ?
4- Sobre os professores todos somos cidadãos relacionados com a escola, seja por nós, pelos filhos, parentes, amigos, etc. Todos sabemos o que lá se vai passando e todos desejamos que a educação possa melhorar. Mas, é batota branquear responsabilidades quer de governos, quer dos sindicatos, quer dos agentes educativos, em nome de interesses eleitorais de curto prazo.
Percebeu ?

alex campos disse...

Continuei sem saber qual a diferença entre a "esquerda moderna" e a "direita antiga". o resto, embora nÃO tenha muito sumo, percebi perfeitamente.