No “Outra Margem” leio, a propósito do Portugal/Bósnia, em futebol, um comentário que subscrevo na íntegra. E porquê? Pelas razões que o Agostinho valoriza. Estamos a falar da Bósnia, um país, de um conjunto de países que se estão a fazer a partir de desenlaces muito violentos e tortuosos.
Estive nos Balcãs em Agosto, a tempo de assistir, pela TV, evidentemente, à fase final do Campeonato da Europa de Basquetebol, realizado na Lituânia, onde Portugal também esteve. Para meu espanto, saídos, após poucos anos, de divórcios violentíssimos, lá estavam, no topo da modalidade e de modo sistemático, os seguintes países da velha Jugoslávia: a Bósnia Herzegovina, Sérvia, Croácia, Eslovénia, Macedónia e Montenegro.
Independentemente de óbvias e apaixonadas análises sobre os mais diversos factos, a questão é que aqueles povos, muito doridos e arrasados, continuam a fazer o seu caminho. E nesse caminho, impressiona e até nos espanta a simplicidade de soluções no sentido de dar resposta a necessidades básicas das populações, como por exemplo, a actividade física, seja de lazer, competição ou rendimento. Aliás, exactamente no sentido inverso ao que por cá se passa.
Não esqueço as paródias acerca do parque desportivo de que a minha cidade necessita. Não me enganarei se disser que estamos sobre uma promessa com pelo menos 4 mandatos, que deveria ter como centro uma pista para atletismo. A mentira sempre tem perna curta e por isso, até apetece perguntar: que dificuldade terá tamanha obra que até parece que é coisa mais difícil de realizar da que foi a dobragem do Cabo das Tormentas, por um dos portugueses mais ilustres, Bartolomeu Dias? Temos de facto uma elite, que me atrevo a parodiar, aproximando-me e apropriando-me de uma boutade de um amigo meu: que não merece nem um sopro. Por isso, faço das palavras do Agostinho, as minhas. Joguem à bola príncipes de um povo abatido e empobrecido e deixem-se de procurar justificações, porque se alguém está privado das coisas, é exactamente o povo e não vós.
Post script: também sei que hoje corre pelos Balcãs o sentimento de perda da velha Jugoslávia, mas isso é outra coisa. Ou melhor. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga.
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