segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mamões e cabrões

Augusto Alberto

Hoje o texto é curto, porque o tempo é de inundação e as palavras correm o risco de afogamento. O Partido Socialista é uma espécie de dique com uma velha e longa fenda e por isso, em risco de abrir, permitindo que a água golfada violentamente venha a inundar campos e casas. É o tempo presente.
No final do tempo fascista, Marcelo Caetano ousou sondar Mário Soares para que ocupasse o cargo de Ministro dos Estrangeiros. Marcelo sabia que por ali poderia passar a saída airosa do regime, no sentido de que nada mudasse. Soares guardou, então, o único pingo de honra que lhe restava, que veio a deixar escapar, poucos anos adiante. É por isso que lida a noticia no “Diário de Noticias” de que o Partido Socialista deu sopa na greve geral do próximo dia 24, não admira.
Deveremos dizer, sobretudo aos milhares de portugueses que nele acreditaram, que pelo cercado do largo do Rato, ao longo destes anos, passou leite que nunca amamentou “cabritinhos”, mas sempre alimentou mamões e cabrões, que parecem a salvo da enxurrada que passa.
Mas saibam que mesmo em tempo de traição, há sempre alguém que resiste e diz não.

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