Augusto Alberto
Chegou ao fim o prazo dado ao Reino Unido para aplicar
restrições à entrada a naturais da Bulgária e da Roménia. Receando um enorme
fluxo emigratório, o Reino Unido prepara uma campanha visando impedir a entrada
a cidadãos desses dois países, seguindo os exemplos da Holanda e da Finlândia,
que, em 2011, vetaram a entrada da Roménia e Bulgária no espaço Schengen.
Viola-se assim o princípio, escrito, da livre circulação e
nega-se, depois de desconstruído o socialismo, a possibilidade prometida de
melhores vidas, com a adesão à União Europeia em 2007, e o acesso ao mercado de
trabalho livre, a partir de Janeiro de 2014.
Nesse sentido, propõe um ministro
britânico a necessidade de contrariar a ideia, de que as “ruas aqui são
ladrilhadas a ouro”. É preciso, pelo contrário, dizer que no Reino Unido,
“chove quase todo o ano, “o lixo transborda dos contentores”, “as fábricas têm
as portas fechadas”, “os jovens abusam do álcool”, (isto é certeiro), e “os
empregos não são tão bem pagos”. E inclusive, o Guardian, jornal de
“centro-esquerda”, superior cretinice, pediu aos leitores para enviarem
sugestões de mensagens, que sirvam o objectivo do Governo. "Venham e
limpem as sanitas”, a “Grã-Bretanha está cheia de maus empregos para os
estrangeiros."É melhor onde estão", "Grã-Bretanha: não se
incomodem, estamos fechados", foram algumas.
Alguns estudos afirmam que podem chegar a perto dos 500 mil
os cidadãos desses dois países, a fixarem-se no Reino Unido. Enquanto a
Migration Watch, entidade independente, especula que 30 milhões de pessoas
desses dois países, estão em condições de ganhar o acesso livre aos países da
Comunidade Europeia.
Sem querer especular sobre o putativo fluxo migratório e
suas desvantagens, há pelo menos uma dúvida que não calo. Então foi para isto
que na Bulgária se confiscaram e fecharam em cofres-fortes as obras teóricas de
Dimitrov? E foi para isto, também, que na Roménia se enforcou o ditador Ceausescu?
Afinal, depois de promessas de vidas diletantes, o que sobra? Ser pária na pátria
que os pariu? Sê-lo também, na Comunidade que lhes fez promessas de leite e
mel?
Assim se vai provando que o grande desígnio não foi trazer a
esses povos mais e melhor sociedade, mas tão só, após a vitória de um modelo
sobre o outro, a garantia de poder especular sobre os avanços sociais induzidos
pelo socialismo, na sociedade capitalista. Para confirmar, aconselho a
perguntar ao senhor Ulrich quantos de nós terão de baixar à condição de
famintos ou sem abrigo, para fazer um banqueiro rico.
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