quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Os muros árabes


Augusto Alberto

O Presidente dos Estados Unidos gravou uma mensagem televisiva aos sírios (livres), com a respectiva legenda em árabe, para que percebam bem o que promete. Prometeu dinheiro para quase tudo, até para adquirirem frigoríficos, fogões e ferros de engomar, para aligeirar as dificuldades da guerra. Por uns momentos, lembrei-me da frase que diz, que é pela boca que morre o peixe e que serviu de mote ao Major Valentim Loureiro, quando em campanha eleitoral, tentou ganhar o voto dos eleitores de Gondomar, precisamente a troco de frigoríficos, fogões e ferros de engomar. Cinismo! Cinismo ao bom estilo ianque.
Porque Obama sabe, e bem, que muitas das dificuldades porque passam os sírios e porque passam outros povos das redondezas, passam-nas, porque os americanos, mais os amigos, não se sabem confinar às suas terras. E sendo um presidente regozijado com o prémio Nobel da paz, melhor será que gaste os estipêndios a favor dos americanos, tão carenciados e sedentos andam, de pão e cama. A alguns, faltará também o frigorificou ou o fogão, sendo certo, certíssimo, que milhares não têm casa para viver.
De todo o modo, a vida ensina-nos que as ditaduras podem ser boas ou más. Por más ditaduras, na concepção materialista americana e demais democracias ocidentais, são as que criam alguma dificuldade à prossecução dos interesses do império, ou que criam alguma tensão, ou redobrada atenção, ao esforçado e estático porta-aviões Israelita. E as boas ditaduras, são as que contribuem com o petróleo, gás natural, fosfatos ou ferro, para o engrandecimento do produto interno bruto dos países coloniais, que faz as delícias da celebrada classe média e alta de cá e aos reizinhos e emires de lá.
E é despiciendo saber se a possibilidade do voto, ou coisa tão simples, como a igualdade de género, se verifica ou não. E precisamente na boa ditadura do reino saudita, algumas mulheres, titubeando, já conseguem ter acesso a algum emprego. Contudo, em ocupando o mesmo espaço físico dos homens, ficam obrigadas as instituições ou outros empregadores, a erguer taludes, paredes ou muros, com altura, no mínimo de 1,60 metros, no sentido de separar das tentações do vicio e da carne, a homens e mulheres. Então, daqui se lança o natural desafio ao prémio Nobel da Paz e simultaneamente poderoso Presidente dos Estados Unidos, que tudo sabe e em tudo manda. Não quererá vossa excelência, mandar subir a democracia, mandando deitar abaixo o muro?

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