Augusto Alberto
O colonialismo não se engana. Em África, é prática, assim
haja tempo, a substituição de um “preto”, logo que comece a não dar conta do
recado, por outro “preto”. Ainda que no antanho tenham acontecido alguns
contratempos, por falta de boa alternativa, como no caso da guerra do Biafra. A
transnacional francesa Elf Aquitane viu-se na necessidade de vestir e calçar um
“preto”, fazer dele general com pingali e mandá-lo à guerra, com o objectivo de
obter a secessão da província do Biafra, para chegar ao controle completo do
petróleo da província. Foi uma aposta desgraçada. Pela primeira vez chegaram
imagens, através da televisão, de populações inteiras, um milhão, literalmente
a morrer de fome pelas picadas.
Estes modos de substituição politica, estão, por hora,
também em gestação na lusitana pátria. Com o receio que a grande burguesia
financeira, que vive com os dentes agrafados na teta do estado, tem de um
destrambelhado golpe de traição e por isso, antes que o poder caia com
estrondo, começa a cuidar dos amanhãs que tilintam. Mas preparar uma
alternativa ao governo de Passos, implica um arrojado duplo salto. É imperioso
que se mude, primeiro, o actual secretário-geral do Partido Socialista, António
José, tido por pixote e frouxo. E é aqui que entra o Costa. O de Lisboa. Mas
antes, convêm adiantar, que a 14 de Dezembro de 1918, numa noite fria de
sábado, já um Costa, José Júlio Costa, alentejano de Garvão, envolto
num capote alentejano, atirou sobe o dândi, Sidónio Pais, convencido de que a
Pátria ficaria melhor sem o Sidonismo. Mas o actual Costa de Lisboa, não quer,
evidentemente, também atirar, com prejuízo físico, sobre o seu camarada,
António José, ao contrário do … José Júlio Costa,
só o quer politicamente arrumar, para empurrado, ainda que não seja bem isto
que deseja, fazer a gestão das expectativas politicas do grande capital
financeiro, que é quem ordena na lusitana pátria.
Entretanto, enquanto o pau vai e vem e até novo golpe de
faca e alguidar, carregam os banqueiros nas costas do Costa e nas nossas,
enquanto folgam as costas e as contas dos banqueiros insolentes.
Nota: Não há aqui nenhum labéu. Este texto está escrito
sobre informações que correm na imprensa. Banqueiros têm uma visão. Apostam em
Costa, o de Lisboa, para secretário-geral do P.S., confirmando, ad eternum, que
o Partido Socialista meteu o socialismo na gaveta.
Contudo, as coisas agravaram-se. Sumiram a gaveta.
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