segunda-feira, 20 de maio de 2013

Césares


Augusto Alberto


Por S. Jorge, gritaram os comandantes do Condestável  e o comando da ala dos namorados, dando início ao encontro fratricida, com os castelhanos. Por S.Jorge, respigou Cavaco, como se por si, chegasse a felicidade da vitória e a abundância. Só que desta feita, há uma especial diferença. O nosso inimigo não é Castela, mas um conjunto de Césares, contemporâneos reis do dinheiro, escondidos em sítios que nem imaginamos, nem nos nossos piores sonhos. Aliás, a Península está em oceano picado e sem bússola. Perdida e à rola. Mas não só a Ibérica. Também a Itálica.
Por isso, não é sério apontar o 25 Abril e o Gonçalvismo como culpados dos padecimentos, como para ai escrevem e gritam velhos e novos fascistas. Cavaco é uma criatura sem uma leve graça cultural. Estabeleceu um cisma com o Evangelho segundo Jesus Cristo e Saramago. Lê o que escribas do mesmo quilate lhe colocam à frente. Aliás, é um podão, porque deliberadamente se embebeda de fé, para escusar apontar os culpados dos males que um punhado de homens faz sobre muitos outros homens e mulheres, na Ibérica ou na Itálica ou em outros lugares. Cavaco deve expiar-se. Que vá ao santuário na companhia da sua Maria, de rojo, com os joelhos pelo chão, até ao círio, à semelhança de muito povo, para pagar promessas prometidas, a propósito de uma cura, esquecendo que a cura foi sabedoria da medicina e dos médicos e que a cura dos nossos muitos problemas deverá ser por conta de outras políticas.
Cavaco invoca a santa de Fátima, mas a inspiração que colhe dá-lhe para recusar afrontar os mercados. Antes pelo contrário. De canelas no chão, faz-lhes a genuflexão. Entre os mercados e o povo que o elegeu, por convicção ou por inacção, e o restante povo que não o escolheu, Cavaco escolhe os primeiros. Recusa usar os poderes e bugia ferreamente sobre a lei fundamental. Cavaco é da mesma linha de Bush.
A Bush, durante o sono, “deus” apontou-lhe o caminho da guerra. A Cavaco, para estar ao serviço dos Césares, que têm um olho no dinheiro e o outro sobre os cipaios, não vá algum recusar usar o chicote e o cepo. Verte fé a rodos, e há quem diga que agora está gagá, mas não está. Serôdio e cobarde sim, mas ainda com o arreganho necessário para nos dar de beber a cicuta que os farsantes e ímpios desejam, para além de nos ter vendido também, o carácter desideológico da vida, por contraponto ao primado fundamentalista do monetarismo, com os custos sociais associados. E agora, vejam como a factura é imensa.

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