sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Beijinhos!

Augusto Alberto


Estive a sonhar, bem sei. De todo o modo, em regra, todo o sonho foi realidade. Era uma manhã de um domingo, e 8 vizinhos voltaram à esplanada, para tomar o café da manhã. Falam do desempenho heróico do “foot” nacional, e o mais velho, porventura o que dispõe de melhores histórias, reafirma que a selecção nacional não foi tocada pelo sindroma Papanicolau, o tremendo varista grego dos anos 70, do século passado, sempre com a frustração da derrota nos grandes momentos, (ou a antecâmara da sina grega), que poucos anos após chegou até nós com o nome de Mamede.
Todavia, um outro vizinho lembrou que o dia a decorrer também era grande, por ser de votos. E logo perguntou. Em quem vota, vizinho? No PPD/PSD. E o senhor? No PPD/PSD, evidentemente. E disse o terceiro. Eu também! Mas eu não! Eu voto P.S. E você? Também no P.S! Faltavam os outros dois. E o querido vizinho, que tão calado está? Eu? Eu daqui vou para a praia. E o senhor, que é o último, não nos diz nada? Digo sim. Já votei na CDU, contudo, desiludi-me com a política e por isso, sigo o conselho do vizinho. Também vou para a praia. 8 votos, oito, com efeito, na democracia, que as  primeiras projecções reveladas nos telejornais das 8 confirmaram.

O povo votou, o sistema funcionou e nada mudou. Contudo, também há quem ache que quando as coisas se arrenegam, a democracia deve ser torcida: - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, considerou que o exército egípcio destituiu o Presidente islamita Mohamed Morsi, para restabelecer a democracia. Acontece, que Morsi, após receber os votos de milhões de Egípcios, foi eleito Presidente da República e no seu caso, não se cumpriu o desidrato pantomineiro e democrático, que diz: - que quem ganha as eleições, deverá levar o mandato até ao fim. Daqui se conclui, que para haver democracia, é preciso que cidadãos, ou lorpas aos milhares, votem no sentido de que nada mude. Ou que um tipo, politicamente pederasta, dê ordens para que avance um golpe militar, com vista a depor o Presidente eleito. Fica deste modo provado, que a democracia, só o é, enquanto os interesses das elites não sejam postos em causa. Caso contrário, avançam as baionetas. E às vezes, também dá jeito avançar o futebol, apesar de aparentemente inócuo, como o voto em branco, que permite que os votos na corja sejam sempre mais. E por isso, para a “corja”, um golo do Ronaldo, é a cereja em cima da bola, que torna o futebol politicamente tão doce. E até, Seguro, para além de Cavaco e Passos, mandou beijinhos aos heróis da Suécia.

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