terça-feira, 31 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
A desgraça em modo gourmet
Augusto Alberto
Em 1580 perdemos a favor de Castela, a independência. Anuiu uma grossa fatia da aristocracia, que ensaiou os primeiros passos, na recolha de migalhas, que Castela deixava cair da mesa ao chão. Nas casas senhoriais e nos meandros da corte, mal amanhada e canalha, chamaram a essas migalhas, comida gourmet, sem haver, então, “chefes”, reconfortados com estrelas Michelin. Comida gourmet, vistas assim as coisas, é, pois, comida ancestral. Foi de tal modo, que uns anitos após a perda da honra, ainda o cabresto do “Portas”, nem sequer era projecto, Castela, meteu a nossa pobre frota em apuros e concedeu ao pirata Draque, mais à rainha herética, Isabel I, uma vitória militar, nas costas da Cornualha, a que os lordes de sua majestade, logo chamaram, uma vitória gourmet, porque afinal, a armada invencível, entregue a um duque, que de água, só conhecia a da celha onde lavava os pés e a piça depois de sair de cima da duquesa, foi uma armada tenrinha. Ou seja, Groumet é exactamente isso. Tontice e tenrice!
Acontece que foi depois dessa desgraçada derrota, que nos levou as fracas barcas e os que amanhavam a terra e dela recolhiam o sustento dos nobres, que a “elite”, se tomou de frémitos. Deu-se, então, a reboada de 1640. Sem embargo de outras interpretações, vivemos, hoje, um tempo semelhante, ou o tempo em que o “Portas” passou de projecto a realidade macabra. Ou seja, mais uma vez a elite desgraçada cedeu a honra da Pátria, e recolhe migalhas, mas agora, com uma suave nuance. Ao tempo do Vasconcelos, soubemos que foi Castela quem nos esbulhou, mas agora, a gente não conhece, quem. Sabemos, sim, que são “bacantes”, como Lagarde, quem desenha o saque, sem antes, um tal “Subir Lalle”, indiano, de ¼ de costado, fazer o esquiço.
Contudo, falta ainda dizer, para a acabar este textozinho, quem veste, hoje, os casacos de púrpura, que sobraram da duquesa de Mântua. Magníficos biltres! Que moram num palácio à Lapa, ou no Largo do Caldas, ou ainda, num Largo, com nome apropriado, de Rato. Todos, debaixo do comando de um “algarvio”, de baixíssima têmpera, ou da terra, de onde partiram muitos dos Portugueses, que nas águas do canal da Mancha, naufragaram para sempre. Conhecesse Cavaco o mau fim dos seus conterrâneos, e colocaria a Nação em sereníssima defesa da honra. E conhecêssemos nós também a malfadada história, logo perceberíamos, a razão porque o 1º de Dezembro, passou de feriado a nudez.
A barca de hoje, vai rota também, e o gajeiro sentado no alto da gávea, vai enganando a companha, por isso, pouco falta para a barca afundar e levar muitos de nós.
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Crónicas em desalinho
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Os ratões vestem prada, enquanto muitos ratinhos…
Augusto Alberto
O Graça foi um bom amigo de
infância. Lembro um rapaz, redondo e loquaz, que, em regra, só parava na
asneira. E por isso, e para os devidos efeitos, conto aqui a história do rato
de chocolate.
Um dia paramos numa confeitaria,
vítima, já, de furtivas visitas. Entramos, e de imediato, percebi a armadilha.
Enquanto chamava o dono, o Graça, sem perca de tempo e rápido como um rato,
outra vez, rapou de uma taça, que tinha um cone feito por multiplos ratinhos de
chocolate, um, e pô-lo ao bolso. Chegou o Sr, e eu, descansado, pedi um ratinho
e paguei. O Sr, depois de receber o meu dinheiro, voltou à taça, contou os
ratinhos, e deu pelo roubo. Foi ao Graça, puxou-o a si e apalpou-lhe o bolso, e
o ratinho quase se esparramou nos calções. Ameaçou chamar a polícia, enquanto o
Graça, com caçoada, olhava para a porta, na esperança de uma fuga. Mas o Sr.
teve-o sempre por um braço. Eu, como bom amigo, paguei-lhe o rato e após um
ralhete, saímos e continuamos na esbórnia. Na rua, despeitado, o Graça, ainda
chamou ao homem, o que Maomé não chamou ao toucinho.
Ora acontece que o Partido
Socialista, a propósito dos estaleiros Navais de Viana do Castelo, é uma
espécie de Graça. É verdade que o Partido Socialista, no governo, não tinha uma
indicação para despedir os 600 trabalhadores. Mas tinha, como indicação,
privatizar e despedir 420. Um pouco menos, a bem da cidade. O PS quer meter a
mão, mas não quer que se saiba. O PS quer meter a mão, mas não quer a coisa
seja esclarecida. Ora porra! Aliás, nem sou eu quem o diz, mas o próprio
Presidente Socialista da Câmara Municipal de Viana do Castelo, que lamenta
a pouca "veemência" do PS, na defesa de uma comissão parlamentar de
inquérito. O vice-presidente da bancada socialista, Marcos
Perestrelo, manifesta… reservas face à constituição de uma comissão de
inquérito parlamentar sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC),
considerando que a prioridade é apurar responsabilidades políticas.
É por estas e outras razões, que quando
em vez, convêm perguntar, neste mundo, o que fazem os ratos? Há os que passeiam
nos sobrados e com as patas fazem um vago rumor que nos irrita. Ainda os que se
passeiam pela relva maltratada. E ainda, os que na foz de um rio, como o meu,
passeiam pelas pedras que forram as margens e se dedicam, com a cauda, a tirar
camarões da água, para a refeição, sem terem de ir ao “gambrinos”. E há ainda,
uns ratões, que se passeiam num edifício, num largo, com nome a condizer. Rato!
E vestem prada, com efeito. E por último, ainda, há, os ratinhos, que se
deslocam para os estaleiros, ensonados, em comboios, barcos e autocarros, com a
vida já feita em “merda”, que de tão deprimidos, quase já nem ao toucinho
chegam.
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Crónicas em desalinho
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
O que faz o crocodilo quando ataca a presa? Derrama lágrimas, bem sabemos
Augusto Alberto
Reagan e Thatcher, nas nuvens que
conformam o inferno, devem estar a rir e a deitar lágrimas de crocodilo, porque
Cavaco, traste como eles, deu-se ao papelinho, porque se pôs hoje ao arrepio
do que defendeu ontem.
Acontece que todos os Povos têm
o direito soberano de se levantar, se mister for, para se defenderem dos
tiranos. Foi assim com o ANC, ao contrário do que dizem os que querem
revisionar a História. Foi assim com os maltrapilhos, que enfrentaram as ordens
de Napoleão, depois da elite fugir para o Brasil. Mas antes, já tinha sido,
assim, em 1640. E no Brasil, em batalhas pela dignidade, como a dos Guararapes.
Ou ainda, nas Américas, com Bolívar ou com Zapata, ou com Fidel e Chavez. E em
África, com Lumumba, assassinado pelos cangaceiros ao serviço do Ocidente. E na
Europa, contra a parte mais cruel do capitalismo, muito amachucado por dentro,
o fascismo alemão.
A elite de hoje, que é a digna
sucessora das elites de antanho, quer-nos fazer crer que a batalha pela
emancipação, cultural, económica, social e política, se deve fazer unicamente
num salão, a quem chama a casa da “democracia”. Se assim fosse, estava o Povo
“bem frito”, porque quem manda nessa casa são fariseus, a quem os grandes
grupos da advocacia e de banqueiros, que devoram a mesma carne e chupam o mesmo
sangue, deram a tarefa de manter o controle político da Nação.
Não, as coisas não são assim, por
mais que borreguem os “treteiros da democracia”. A democracia tem a sua casa,
com efeito, mas a maior de todas ainda é a rua. Para a buscar, manter, ou, se
caso disso, para a endireitar. A contragosto, na contemporaneidade, nas ruas,
ainda não foram colocadas tabuletas a
autorizar unicamente, o trânsito a cães e automóveis, e a proibir, o trânsito
aos homens organizados, como fizeram os Ingleses, com o apartheid na China,
antes de Mao e os “negros”, com o apartheid aos pretos, na África, de Mandela.
Em 1987, Reagan e Teachter,
temeram por África. E Cavaco e o Presidente Soares, como sempre, dobraram a
espinha. É preciso continuar a lembrar, que os Estados Unidos só retiraram
Mandela da lista negra do terrorismo em 2008. Por isso, Obama que mande baixar
a nuvem, desenhada pelo diabo, onde descansa e ri, Reagan, e se ponha, por lá,
com ele, a trautear a rábula das “liberdades”. Ou então, que se entretenham a
cortejar a “velha”, que colocou famílias inteiras de mineiros a pão e água e
fez uma guerra feroz, para manter os “lordes” na casa do “poder”.
Um povo que deixa, pelo voto ou
pela abstenção, eleger um tipo como Cavaco, que é uma nódoa, que já nem a
benzina consegue remover, é outra nódoa. Por isso, para se purificar, só lhe
resta, agora, sair à rua, ou então, nódoa continuará a ser.
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Crónicas em desalinho
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Como na Liliputelândia
Augusto Alberto
É velho o desejo da
direita politica em partir a espinha à Intersindical, para quebrar, em
definitivo, as costas ao PCP. Em tempos, apontaram-me algum exagero, na
apreciação. Mas eu insisti, que alterar, por força de leis aprovadas pelo PPD,
PS E CDS, o modo da recolha das quotizações sindicais, a redução drástica da
contratação colectiva, o aumento do trabalho precário, o despedimento fácil, ou
criando um enorme exército de desempregados, sempre colocados perante a oferta
de um salário inferior ao anterior, só pode levar a maiores dificuldades
sindicais.
O tempo é sábio, e, por isso o emaranhado de notícias sobre
a concessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, está, em meu entender,
em linha com essa apreciação. De todo o modo, a decisão deverá ser remetida,
antes de tudo, para uma opção a montante, reveladora das cócoras, em que mais
uma vez a elite nos colocou. Alguma coisa me diz que a decisão está alinhada
com orientações a norte, para que se
ponha fim, liminar, à indústria de construção naval, em países “pigs”, como
Portugal. Como sucedeu com os estaleiros de Gdansk, berço de um laureado
fascista, alcandorado a sindicalista, que agora, aos factos, nada diz. Destas
decisões, beneficiam os grandes estaleiros do norte da Europa, pela diminuição
da concorrência, aliás, em conúbio com o conjunto de orientações tomadas, desde
os tempos do “pai” Soares, relativo à indústria metalomecânica, que contribuiu,
em definitivo, para o actual estado pífio da Nação.
E por fim, a jusante, assume um outro inestimável interesse.
A liquidação, sem mais lentidões, de uma elite operária, numa zona do país,
muito tomada por “padre nossos e aves marias”. Ou pachorras e lengalengas. E,
neste período deprimente, antes que essa consciência se espalhe, esta é boa altura
para liquidar os feios, os porcos e os maus, amachucando desse modo, as costas
ao PCP. Pois é!
A elite afascistada de Portugal, como na Liliputelândia,
enterra os seus mortos na posição vertical, de cabeça para baixo e “picha” para
cima, com a esperança, aliás, sempre renovada, de que passadas algumas luas, a
terra de volta à posição anterior, os reencarne, nas pessoas dos filhos e dos
netos. Enterros como esses, aconteceram em Abril de 1974, mas idas quase 40
luas, cá estão os rebentos, com nervo liliputeano e em estado de prontidão.
Como gostam de ser
enganados os líricos da Nação…
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Crónicas em desalinho
So long, Madiba
Nelson Mandela deixou-nos.
A Humanidade fica, passe o lugar comum, muito mais pobre. O seu exemplo deveria inspirar-nos. Mas o que se vê, o que eu vejo, é que a maior parte dos filhos da puta chegam~se agora a terreiro a manifestar solidariedade, a apresentar os pêsames, condolências, e coisa e tal. Os mesmos que o consideraram terrorista, que votaram contra a sua libertação em sede de ONU. É triste, dói.
Tenho por Mandela o mais profundo respeito. O que dói, dói mesmo, é pensar que ele não merecia que filhos da puta que o consideraram terrorista se "verguem", agora, perante a sua morte. Morte física, porque como outros, Madiba permanecerá na memória de todos os homens e mulheres que se assumam seres livres.
Também Madiba não merecerá que, pelo menos na imprensa portuguesa, que foi aquela que li, continuasse a existir, mesmo em sua referência, omissões inadmissíveis. Se Mandela foi o maior dos líderes africanos? pergunta-se. Claro que foi. Mas as referências foram Nkrumah e Amilcar Cabral. Só. Claro que foram grandes lideres. Mas muito provavelmente "esqueceram-se" de Patrice Lumumba. A sua morte adiou o continente africano, como se sabe.
Enquanto Cabral foi assassinado pelo regime fascista português, de pouca monta, claro, ou Nkrumah foi apeado do poder pelo que se sabe, o congolês foi assassinado pela CIA e pelos serviços secretos belgas, e mudou o panorama todo.
E há outros. E, puxando a brasa à minha sardinha, bem posso citar Viriato da Cruz ou Agostinho Neto.
Mas Mandela está acima. Vergou-os a todos. Não há filho da puta nenhum que não se vergue, inclusivamente o "presidente" de uma puta de uma comissão europeia, ou lá que aquilo é.
Vergonha é que não têm.
Obrigado, Madiba, mais uma vez.
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