sábado, 11 de janeiro de 2014

O esteta e o bobo!

Augusto Alberto


Eusébio da Silva Ferreira, faria hoje as delícias de qualquer investigador da área da biomecânica. Um esteta! E um portento do ponto de vista do rendimento. No futebol, hoje, só Ronaldo se compara, sendo, comparativamente, Eusébio superior. Contudo, Ronaldo, bate-o no jogo aéreo, que em Eusébio foi muito fraco.
Eusébio colheu universalmente simpatias, apesar de ser do Benfica, porque no campeonato do mundo de 1966 foi o dínamo que produziu luz e exacerbou o amor pátrio, numa campanha fabulosa, que só não atingiu prata ou ouro, porque, como em muitas vezes antes e também, muitas vezes depois, Portugal foi avassalado pelo colonialismo e imperialismo anglófono. Tivesse Portugal jogado em Liverpool, como deveria ser e não em Londres como foi, obrigando desse modo a Inglaterra a sair do seu conforto, e Portugal teria ganho a meia-final e disputaria a final com a Alemanha, onde, naturalmente, tudo poderia acontecer. Foi claro que Simões, extenuado, não conseguiu, no dealbar e em cima da linha, fazer o golo que levaria a partida para prolongamento. Esta é a verdade, que ainda hoje, em plena democracia, atormenta as “responsáveis” e entarameladas cabeças da República. O ideal é que se esqueça o episódio.
de Fernando Campos

Eusébio, foi um entertainer de superior qualidade, o que para a época não foi pouco. Num país enclausurado e nas mãos de uma elite, mãe da presente, trôpega, e cinzenta, que nunca é capaz de bater o pé, antes, cede, Eusébio valeu pelas alegrias, a que a nação não estava habituada. Sobretudo não estava habituada a feitos desportivos de primeira grandeza. Apesar de até então, a Pátria ter conquistado medalhas olímpicas na esgrima e vela. Contudo, em 1912, Francisco Lázaro, carpinteiro de profissão, caiu extenuado e morreu, untado de banha, como um lázaro, na maratona olímpica de Estocolmo, dando, logo aí, uma imagem da nação exangue.
E, dois anos antes de 1966, em 1964, em Tóquio, e 2 anos após Eusébio ganhar a sua única taça dos campeões europeus, Manuel de Oliveira, carregou durante 2.800 metros, a medalha de bronze olímpica, que perdeu, porque não lhe suportou o peso, nos últimos 200 metros da prova dos 3.000 metros obstáculos. Baixou, na meta, para o 4º lugar, o lugar maldito de qualquer final olímpica. Esta teria sido a primeira grande medalha olímpica do rendimento desportivo em Portugal. O país não chorou a perda dessa medalha, nem rejubilou com tamanho resultado, porque não conhecia esse seu filho, porque o país era, e é, analfabeto. Tão analfabeto, que Oliveira mais pareceu, ser, apesar da excelência, como muitos, antes e agora, um seu enteado.
Eusébio foi bondoso, delicado e um mouro de trabalho. É verdade! Mas esses não são predicados só de Eusébio. Quantos nativos mourejam duramente, e não passam da cepa torta e nem sequer têm direito a uma pequena flor? E foi, ainda, soberbamente usado. Salazar, para evitar cair mais cedo, impediu-o que garimpasse a vida no estrangeiro. E quando deixou de ser o Eusébio superior, foi ao limbo e assobiado, e só muito depois, foi acolhido e reabilitado. Quantos choram agora, lágrimas de crocodilo? Contudo, está de parabéns, quem soube, a tempo, fazer essa destrinça.
Nessa procissão de oportunidades, está também o misantropo, analfabeto e rancoroso Cavaco Silva, quando em pose de estado, fez saltar da púcara Eusébio já morto, para simultaneamente, sacudir o mofo e se colocar na condição de charneira.
O mesmo Cavaco, 1º ministro de Portugal, que censurou Saramago, Prémio Nobel da Literatura, na pessoa do seu secretário de estado da cultura, Santana Lopes e este, na pessoa de um seu sub-secretário de estado, nome de código civil, Lara. Cavaco, parece que se dá muito bem com quem pensa superiormente com as cabeças dos dedos dos pés e pelos vistos, dá-se muito mal, com quem pensa com a cabeça, que conforma o cérebro.
Faço sinceros votos, para que Moniz Pereira, (que muito pensou com a cabeça), Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, (que muito e bem, pensaram com as pernas), (que são maneiras de pensar, acima dos pés), durem ainda bons anos, para que o cabotino, não tenha nova oportunidade, para fazer outro funéreo e idiota papelinho.

Ah, e Matateu! Tivesse nascido anos adiante, Matateu, e Eusébio, não sei, não… 

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