Augusto Alberto
Anos após Hitler receber o poder
democraticamente, recorde-se, oferecido pelo voto do povo alemão, Goebels,
assistiu a um concerto dado pela Filarmónica de Berlim, dirigida por Wilhem
Furtwangler, em honra da Juventude Hitleriana. Primeiro, o mestre botou
palavra, perante grandes dignitários civis e militares do fascismo alemão, e
depois ouviu-se a 9ª sinfonia, como muito bem mostra, a propósito, um
documentário que passa, amiúde, no canal Mezzo. Furtwangler, à época, era
figura maior da cultura alemã, contudo, não é certo o seu affaire com o
fascismo. Todavia, por cá, os opinadores de colarinho branco, sem receios e
restrições, colaram-se aos poderes reinantes, ainda que nenhum, apesar da
cagança e jactância, se aproxime do nível de Goebels. Mas não se julgue que não
fazem mossa. Fazem, sim! Por isso, alguns Goebel(zinhos) domésticos, que bem
conhecemos de ginjeira, afadigam-se na tese da recuperação, omitindo, contudo,
o essencial da questão. E ela é... o programa cautelar, foi o manto diáfano,
que permitiu cavalgar a baixa do custo unitário do trabalho e a transferência da
maior parte da riqueza produzida, para um punhado de bandidos, em linha com a
filosofia “fascista”, de catapultar algumas famílias, a donas da nação.
Alexandre Soares dos Santos levou
vantagens fiscais, que depositou na Holanda. A Mota-Engil, mais o futebol doméstico,
usufruíram de gordas subvenções. No primeiro caso, 8.142 milhões de euros e no
segundo, 9 milhões. Contudo, após anos de tarraxa, o défice achado para o ano
de 2013, ficou em 5.6%. Seria suposto ficar em 2%, na hora da despedida. A
divida soberana da nação, trepou de 127%, para 129%. E aqui reside a mãe de
todas as pérfidas. As maturidades em referência à divida da Nação, foram as que
mais renderam aos credores internacionais, 6.6%. Mais dos que as maturidades grega,
espanhola ou irlandesa. Ora cá está, por que razão, as hienas consideram a
divida soberana portuguesa um figo maduro e por isso, não abdicam de a trazer
inscrita no excel, segura por uma
corda, a arroxear os nossos pescoços.
Salazar e o fascismo dirigiram esforços
e muitos meios, para a criação de grandes monopólios industriais, mas agora,
este “fascismozinho”, saído do 25 de
Novembro de 1974, remete riqueza e meios, para as áreas da saúde, ensino e
distribuição. Uma espécie de fascismo de
merceeiro, que inexplicavelmente colhe o apoio eleitoral da maioria dos portugueses,
como colheu, dos alemães, Hitler e o seu Partido Nacional-Socialista dos
Trabalhadores Alemães.
Desenganem-se os que acham que o
actual estado democrático, é neutro. Pelo contrário, é um estado de classe, que
protege gente cavernosa e mal cheirosa, tal como o estado fascista alemão
protegeu a elite industrial e financeira, arruinada e dilacerada por múltiplas
contradições. Por isso, toda a vida é dívida, toda a vida é fado.
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