domingo, 25 de outubro de 2009

Os 59.900 burros

Augusto Alberto


Há uns anitos, viajei com a família pelo Minho e parei em terra lindíssima, elevada a património histórico. Pela viagem, a barriga disse-nos que estava na hora de dar de comer ao gosto e resolvemos aportar e entrar por porta aberta, mesmo a calhar. O espaço soberbo e em linha com o espírito descontraído do passeio. Descontraído, estava também à espera do bacalhau, quando me deparo com a entrada de uma figura notável do “socialismo”, seu porta-voz para os assuntos económicos. Nada de especial, mas não tardou o espanto tomar conta de mim, porque logo de seguida, outra figura, entrou. A Sr. Deputada, Zita Seabra, que hoje, reafirma o seu contrário e à época, na crista, editou uma coisa meia apasquinada, rancorosa e despeitada. Vai lá entender-se. Evidentemente que os dois deputados passaram aos cumprimentos que se estenderam às respectivas famílias. E eu disse para mim; - podes estar sentada e descansada, mas desde já te digo, que não me vais estragar o almoço. E assim foi. Saboreei, paguei, sai e a vida continuou e confirmei que aquela gente sabe ao que e para onde vai e portanto, eu não me tinha enganado.
Regressei aos costumes e ao batente e nunca me esqueci deste encontro, e se aqui lhe dou nota, é porque é boa altura para voltar à história.
Partilhei-a naturalmente com amigos, e a um conhecido socialista, contei-lhe o encontro que logo me atirou em cheio. -a senhora mudou, dizes tu. Pois só não mudam os burros. Fiquei-me com o sopapo, com o ar de burro, mas sem nunca esquecer, como se diz na minha terra, que há mais marés do que marinheiros. Nem de propósito, porque a fazer fé no adágio, e ainda, porque o baú do socialismo é grande, está chegando o tempo de lhe deitar a mão e servir o troco a frio.
Há uns tempos atrás, foi-nos dito que o Partido Socialista teria cerca de 60 mil militantes. Admitamos. Para o caso desta história, tanto faz.
Entretanto, ficamos a saber, e eu não estou a inventar nada, que a comissão distrital do partido socialista do Porto prepara a expulsão de cerca de 100 militantes. E porquê? Porque nestas coisas não se pode estar com um pé dentro e outro fora e a verdade é que alguns importantes socialistas do norte fizeram um manguito ao partido e mais do que isso. À volta de Narciso Miranda em Matosinhos e Maria José Azevedo em Valongo, estiveram movimentos de gente danada que se mobilizou, tremendamente, com um destino, escavacar o partido que ontem serviram e os serviu. A seu tempo, e porque os partidos tem de ter algum músculo, entendo eu, o partido socialista quer colocar as coisas no devido lugar, como é justo e normal e coloca como indispensável, para quem ainda não largou o cartão, a respectiva expulsão.
Não desesperando, confiando que nunca se perde pela demora, e lembrando-me do remoque e da lógica das dissenções defendidas pelo meu distinto conhecido socialista, está na altura de eu lhe dizer o seguinte.
Quem de 60.000 tirar 100 inteligentes, ficará, se a matemática não falha, com 59.900 burros.
É certo que tardou, mas estas coisas não podem cair em saco roto, ainda que me custe. Ao meu conhecido, quero ainda dizer-lhe que está na hora de ter estofo, porque eu também o tenho tido.


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