domingo, 21 de fevereiro de 2010

De chuteiras na mão

Augusto Alberto


É meu costume passar com regularidade pelo Marcha do Vapor, do meu amigo Rogério Neves, que aproveito para cumprimentar. Fiquei a saber de um seu lamento, após a sua visita a Arazede ao campo do Faíscas, para realizar uma reportagem sobre o jogo de futebol para o campeonato Nacional de Juniores entre a Naval º de Maio e o Atlético Clube de Portugal. Diz o seguinte: - entrei e fiquei de boca aberta pelo que pude apreciar…um excelente sintético com 100x64 com sistema de rega próprio de canhões… A obra custou 400 mil euros, 80 mil contos em moeda antiga". E eu também fico mais ou menos espantado. Primeiro porque Arazede é terra do Concelho de Cantanhede, lugar onde em 1975, em dia de feira, passei maus bocados. E porque também se dizia ser terra conservadora e de origem de muitos pides. Não sei. Conheci alguns, mas nenhum de lá. Mas a grande questão é a da constatação de que Arazede, terra rural, tem o seu belo parque desportivo e a Praia da Claridade, também o tem, mas inqualificável. Por fim, o Rogério gostaria de saber de quem é a culpa. No fim lhe direi.
É sabido que um belo parque desportivo pode ser um belo cartão de visita para uma terra. Sendo assim, aproveito para lembrar aqui um texto que escrevi no ido semanário Linha do Oeste, publicação nº 88, de 30/11/98, com o titulo, “desta vez sai um convite”, exactamente a propósito da relevância de um belo parque lúdico, depois de uma viagem a Bordéus. Convidei nesse texto os responsáveis desta praia a uma visita a Bordéus Le Lac, para aprenderem como se faz e de como aquela cidade só se pode sentir bem, por ter aquele notável espaço.
Quer isto dizer que sendo eu um tipo dos barcos, contudo, aflige-me o estado em que se encontra aquele espaço, que aparenta não ter solução. E se alguém o conhece bem, sou exactamente eu, porque por ali, em condições miseráveis, palmilhei muitas séries de 400 e 1.000 metros. Acredito que os interesses à volta dos terrenos, seja um obstáculo à solução. Mas quem visita esta Praia da Claridade, só poderá exclamar, que na bela praia habitam uns tipos irrelevantes e por isso só podem ser franciscanos.
Mas entretanto também registei bem a entrevista à TV., do nosso novo Presidente, em directo, por alturas da transmissão do Carnaval. À pergunta, como vai a Figueira, responde lesto: - vai muito bem. Vamos iniciar a construção de um golfe e continuou.
Ora cá está. Dir-me-ão que o turismo exige um golfe. Não me lixem. E os que cá estão, tem direito a quê? A questão caros amigos, e agora cá está a resposta ao meu amigo Rogério, que me desculpe. Aquilo que se tem feito nesta cidade, desde há muitos anos, são dois modos de fazer politica. Uma populista e outra tão reles como anterior, de classe. Eu bem sei que vai haver gente que rirá. Mas se acham que não, resolvam então o que há muitos anos parece não ter solução e que tem a ver com as necessidades das pessoas, porque em boa verdade, os dirigentes desta formosa Praia da Claridade deveriam ter vergonha de os seus filhos serem abrigados andar com as chuteiras na mão à procura de um sitio para fazerem em segurança aquilo que mais gostam. Dar uns chutos na bola.
Mas isto tem responsáveis Rogério. Pois tem. Tem sido todos os figueirinhas que com as suas artes têm permitido que esta gente continue a decidir, incluindo muitos paizinhos destas belas crianças. Pois é!
Com um abraço, Rogério, e grato pelo teu texto. Não há que desistir.

1 comentário:

Rogério Neves disse...

Caro Alberto grato pelas tuas palavras. Estou inteiramente de acordo contigo. Aliás esta discussão de Parque ou estruturas desportivas mais dia menos dia tem de ser feita e a rasgar.
Para que melhor se compreenda a situação há dias li um artigo em que mostrava que Camara Coimbra ou por intervenção directa ou por apoio conseguiu treze sintéticos para Coimbra. Cantanhede para além do Complexo Desportivo da Tocha tem agora o do Águias de Arazede.
Figueira da Foz (formação) Cova Gala e Praia da Leirosa é o que se sabe.
Abraço