Augusto Alberto
Na verdade, nascer, viver e morrer, é tão natural como
apanhar um pifo, quer seja na festa de anos de um amigo, ou na festa do
partidaço do coração. Vem isto a propósito da meteórica extinção (restará o
quê?) do movimento 100%, para onde confluíram muitos figueirenses, na recusa
dos partidos tradicionais, ainda que muitos tenham chegado dessas estruturas,
atraídos pelo novíssimo.
Afinal, vai acabar sem que os confrades tenham apanhado o
tal pifo. O gostoso sabor do poder e o contributo para fazer do concelho uma
terra 100%. No final da monarquia, houve a tentativa de a regenerar, contudo,
progressistas e regeneradores, sofriam da mesma morrinhice. Uma caçoada! Por
isso, logo achei que o Partido “Regenerador” Democrático, (PRD), com a bênção
do general Eanes, seria, na linha, uma pelintrice. Creio mesmo, que muitos figueirenses
que acorreram ao movimento 100%, já antes tinham acorrido ao Partido do
General.
Apesar de estarmos perante gente de fé, afinal, os vícios
que esses bons figueirenses viram nos partidos tradicionais, foram levados a
100% para o movimento, como já tinham sido levados, em tempo, para o PRD. Falta
de militância. Falta de líderes com classe. Perros nas ideias. Os mesmos erros
técnicos grosseiros. Talvez aborrecimento. Talvez falta de pachorra para ser um
génio da militância. Porque ela não se esgota na caça ao voto e em ser passante
e colocar o papelinho nas mãos de outro passante. Mas, quem sabe, tenham
concluído, a 100%, da necessidade de expiar a cidadania. Muita dessa boa gente,
apesar de estar na cara, recusa admitir que com o seu voto, contribuiu para a
corrente desgraça. Quis ser moicana, para se expiar, contudo, logo percebeu que
tem muito que se lhe diga. Num ápice, pode-se ser votado à exclusão, pelos
pares do poder absolutista.
Melhor será, então, não negar a origem biológica e voltar às
origens. Mas não se arrelie. Há coisas piores. Por exemplo, a maluqueira de ser
militante do PCP, quando se tem um garboso iate de 20 metros de comprimento
e se sobe o Douro, do Porto até a Barca de Alva, adornado a um bordo, pelo peso
da gostosa família e se faz um manguito à contribuição para o PPD/PSD, para o
CDS/PP ou para o PS. Ou pior ainda. Ser militante de base dos partidos do arco,
e ter-se a ilusão de ser branco. Na verdade, ser militante de base dos partidos
do arco, é estar mais perto de ser preto, (como eu), e bem longe de ser branco.
Estou a parodiar, evidentemente. Mas quem sabe, não tenha razão. Se o cidadão
militante de base, ou simples votante do arco, for um dos tais portugueses que
arranjou recentemente emprego, a ganhar mensalmente, 330 euros. Está a ver no
que dá o xuxialismo, a xuxial-democracia ou a democraxia cristã? Em 330 euros,
a 100%.
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