quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Cangaceiros e “branquinhos”

Augusto Alberto


Viva quem é demasiado cobarde para solucionar o que decorre da atitude complacente e colaboracionista e deseja, através de lei, resolver as tribulações entre o puritanismo e a promiscuidade. Cito a questão da limitação de mandatos autárquicos. Com efeito, como a lei é cega, para lá de pretender capar quem no poder local se porta mal, castiga também os cidadãos escrupulosos, e não é por acaso. Por isso tem razão quem entende que os que cumprem não podem ser elevados à categoria de ferrabrás, enquanto, pela sua parte, o eleitor, dá o voto aos que borram a coisa pública. Ou não é verdade que tem sido o povo a eleger cidadãos a contas com a ética e a justiça e que, inclusive, em Oeiras, prepara a eleição de um cavalheiro que está na cadeia?
E se quer outro exemplo da pérfida, cito uma lei datada de 27 de Outubro de 1984, era primeiro-ministro Mário Soares e vice primeiro-ministro um tal Rui Machete, (o de negócios particularmente especiais), que deu entrada na Assembleia da República sobre a proposta de lei n.º 88/III, que regulou até 2005, e ainda produz efeitos nos vivos, e são alguns, o estatuto remuneratório dos titulares de cargos públicos. O PCP, pela voz do seu deputado, José Magalhães, (mais tarde um admirado trânsfuga), disse: inaceitável é ter havido no actual quadro social e político, uma iniciativa governamental…que corrobora os altos vencimentos governamentais e que aumenta escandalosamente os vencimentos dos deputados, não considerando…o que isto tem em relação ao prestígio da Assembleia da República e ao cabal exercício das nossas competências. Com estes dois exemplos, ficamos, então, a perceber o modo como o povo estabelece namoro com alguns sujeitos em cargos públicos, que vagamente abjura, ficando, contudo, na esperança que uma lei, em regra subtilmente cega e que não pune, porque é redigida por quem transgride, traga a sanção politica, que em boa verdade, deveria ser de sua exclusiva responsabilidade.

Contudo, antes de terminar, remeto o leitor para a leitura de “Lolita”, de Vladimir Nabokov, que trata, também, de posse, da relação promíscua e puritanismo. Em todo o caso, se é uma alma agitada, tenha cuidado, porque a leitura do romance pode provocar algum formigueiro e euforia na zona da braguilha, aliás, nas antípodas, como se prova, com o que sente no cú, quando elege “branquinhos” para cargos públicos. Medo! Ou ainda não percebeu, que quando vota em cangaceiros e “branquinhos”, leva?     

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