Augusto Alberto
No mundo da democracia
parlamentar são raros os jornais, rádios ou televisões, que não estejam no
domínio dos poderes económicos. Para melhor percepção, atentemos no facto de
António Vitorino, pensador “brilhante” do socialismo de rosto humano, ter
estado presente no lançamento, com ampla publicitação na imprensa, de um relato
da passagem pelo poder, do ex-ministro das finanças, Vítor Gaspar, da autoria
de uma “princesa” do jornalismo luso, Maria João Avilez. E para que a cerimónia
ganhasse mais corpo, esteve presente, alguma da mais jeitosa trampa da nação. Os
ministros Nuno Crato, Poiares Maduro (de quê?), e Pires de Lima, (que já
decretou o fim da banca rota), alguns secretários de Estado, como Carlos Moedas…e
os ex-ministros, Marçal Grilo e Luís Amado, Alexandre Relvas, director da
campanha de Cavaco Silva, Vítor Bento, (um cripto sacana), e... como se vê,
nada é deixado ao acaso, quando se trata de fazer o panegírico dos melhores
cangalheiros da nação.
Mas, pelo contrário, quando se
trata de posições intelectuais diferenciadas, ou muito criticas da acção do
poder, a informação plural torna-se sacanamente unívoca. Apagam-na! Desse modo,
não podendo chamar comunista a Sampaio da Nóvoa, mas antes, um cidadão atento à
realidade do mundo e aos rumores que fazem opinião, e apesar do seu equilíbrio
e sensatez, o seu discurso de passagem de poder na Universidade de Lisboa,
quase passou despercebido. Eu diria mesmo, foi cortado com um lápis azul muito
claro, em linha com as agruras do fascismo de baixa intensidade, que hoje
governa o mundo, porque o azul do lápis que censurou no fascismo mais
carregado, esse, foi de chumbo. E o que disse Sampaio da Nóvoa, que tão pouco
agradou? Alertou…para o “instrumento de dominação” em que se transformou a
crise, usada para legitimar ideias que, de outra forma, nenhum de nós, estaria
disposto a aceitar...Serve para impor soluções ditas inevitáveis, que corrompem
a nossa capacidade de decisão e a nossa liberdade… Que tudo se decide num lugar
longe de nós, num lugar distante da nossa vontade.
O papel da imprensa, em períodos
de intensa luta social, está bem documentado. Nesse sentido, acredite que vale
a pena perceber qual foi o contributo “dominante”, do jornal “livre” El Mercúrio, na preparação da
“pinochetada” no Chile de Allende. Verá como a imprensa autóctone, escrita e
falada, poderá colocar-se em linha com as atribulações de “El Mercúrio”, o
jornal fascista de Valparaiso, em caso de necessidade. Como é hoje, o caso da
Venezuela, ou em referência, ao “putsch” na Ucrânia.
E se me é ainda permitido,
aproveito, para informar, sobretudo os crédulos socialistas (?), como pagou o
fascismo de baixa intensidade o “incomodo” a Vitorino. Nomeando-o administrador
não executivo dos novos CTT. Ou seja, a “democracia”, não deixa de ter uma atenção,
com os que tem traído os interesses nacionais e concomitantemente, traçaram, em
tempo oportuno, a politica de privatizações no PEC IV. (…no sector das comunicações proceder-se-à à abertura do capital dos
CTT – Correios de Portugal. S.A., à iniciativa privada…)
Como dizia a Hermínia, carrega
Pacheco, (Vitorino), porque o povo é meigo, e amante de pau e circo, e pouca
carne e pão.
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