quinta-feira, 6 de março de 2014

O lápis que risca em tons de azul claro

Augusto Alberto


No mundo da democracia parlamentar são raros os jornais, rádios ou televisões, que não estejam no domínio dos poderes económicos. Para melhor percepção, atentemos no facto de António Vitorino, pensador “brilhante” do socialismo de rosto humano, ter estado presente no lançamento, com ampla publicitação na imprensa, de um relato da passagem pelo poder, do ex-ministro das finanças, Vítor Gaspar, da autoria de uma “princesa” do jornalismo luso, Maria João Avilez. E para que a cerimónia ganhasse mais corpo, esteve presente, alguma da mais jeitosa trampa da nação. Os ministros Nuno Crato, Poiares Maduro (de quê?), e Pires de Lima, (que já decretou o fim da banca rota), alguns secretários de Estado, como Carlos Moedas…e os ex-ministros, Marçal Grilo e Luís Amado, Alexandre Relvas, director da campanha de Cavaco Silva, Vítor Bento, (um cripto sacana), e... como se vê, nada é deixado ao acaso, quando se trata de fazer o panegírico dos melhores cangalheiros da nação.
Mas, pelo contrário, quando se trata de posições intelectuais diferenciadas, ou muito criticas da acção do poder, a informação plural torna-se sacanamente unívoca. Apagam-na! Desse modo, não podendo chamar comunista a Sampaio da Nóvoa, mas antes, um cidadão atento à realidade do mundo e aos rumores que fazem opinião, e apesar do seu equilíbrio e sensatez, o seu discurso de passagem de poder na Universidade de Lisboa, quase passou despercebido. Eu diria mesmo, foi cortado com um lápis azul muito claro, em linha com as agruras do fascismo de baixa intensidade, que hoje governa o mundo, porque o azul do lápis que censurou no fascismo mais carregado, esse, foi de chumbo. E o que disse Sampaio da Nóvoa, que tão pouco agradou? Alertou…para o “instrumento de dominação” em que se transformou a crise, usada para legitimar ideias que, de outra forma, nenhum de nós, estaria disposto a aceitar...Serve para impor soluções ditas inevitáveis, que corrompem a nossa capacidade de decisão e a nossa liberdade… Que tudo se decide num lugar longe de nós, num lugar distante da nossa vontade.
O papel da imprensa, em períodos de intensa luta social, está bem documentado. Nesse sentido, acredite que vale a pena perceber qual foi o contributo “dominante”, do jornal “livre” El Mercúrio, na preparação da “pinochetada” no Chile de Allende. Verá como a imprensa autóctone, escrita e falada, poderá colocar-se em linha com as atribulações de “El Mercúrio”, o jornal fascista de Valparaiso, em caso de necessidade. Como é hoje, o caso da Venezuela, ou em referência, ao “putsch” na Ucrânia.
E se me é ainda permitido, aproveito, para informar, sobretudo os crédulos socialistas (?), como pagou o fascismo de baixa intensidade o “incomodo” a Vitorino. Nomeando-o administrador não executivo dos novos CTT. Ou seja, a  “democracia”, não deixa de ter uma atenção, com os que tem traído os interesses nacionais e concomitantemente, traçaram, em tempo oportuno, a politica de privatizações no PEC IV. (…no sector das comunicações proceder-se-à à abertura do capital dos CTT – Correios de Portugal. S.A., à iniciativa privada…)

Como dizia a Hermínia, carrega Pacheco, (Vitorino), porque o povo é meigo, e amante de pau e circo, e pouca carne e pão.

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