quinta-feira, 30 de abril de 2009

Autárquicas: as últimas




As últimas, mas não são notícias propriamente ditas. Primeiro porque não sou jornalista e, segundo, são as últimas dos "mentideros", aquilo que se consta aqui pelos arredores da "aldeia". E, dando nota disso, tudo indica que o candidato da CDU, que será anunciado no próximo dia 6 de Maio em conferência de imprensa, se irá bater com dois para-quedistas que, muito possivelmente nem conhecem a Figueira da Foz, a auto-proclamada praia da claridade.

Vamos lá, então:

O candidato do PSD será Pedro Passos Coelho. O que nos colheu de surpresa, pois as indicações que tínhamos era que Duarte Silva se iria recandidatar. Mas, enfim, reafirmamos que isto não é notícia.

Da parte dos detentores do governo central, ou seja, do "partido socialista", coloquei entre aspas pois respeito muito as palavras, diz-se que por imposição da direcção nacional o candidato será Luís Marinho, que já há 4 anos se ofereceu para concorrer aqui e que, também, e esta informação é de um jornalista, têm-se insinuado a várias câmaras por aí fora.

Ora, escolham. Eu já escolhi. No próximo dia 6 saberão quem.

O alterne e a partilha

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Só garganta não chega

Augusto Alberto

Só garganta não chega, disse e muito bem, Jerónimo de Sousa, a propósito de palavras ditas pelo actual Presidente da República. Eu diria mais, o Presidente da República anda armado em maluco, porque como bem disse Jerónimo de Sousa, o Sr. Silva esquece, ou faz por esquecer, o seu mais que perverso percurso pela política e desse modo, o inestimável contributo para a causa exangue da pátria, ou então, está a pensar, nestes tempos de canonizações, que um dia será santo, dado o seu contributo, beato, para a salvação da mesma. No mínimo, quer dar a ideia de que no país dos santos, pias e água benta, nada é com ele.
Durante muitos anos percorri o Pais de alto a baixo, com atletas e barcos atrás de mim. Foi um período de grande aprendizagem, desgaste físico e contributo social. Passei por muitos lugares e lembro-me das viagens pelo norte do país, que me traziam sempre alguma novidade. Primeiro, o da construção da mansão, com espaçoso jardim, quase sempre bem murada. À porta da garagem, os topos de gama e só depois uma espécie de fábrica. Foi o tempo do enriquecimento fácil e sem controlo. O período da criação de uma nova espécie de patos bravos, vestidos de novos-ricos. Foi o tempo do governo do actual Presidente da República, que deixou dar descaminho aos muitos fundos comunitários. Um tempo opaco. Ao senhor Silva, como cidadão, só lhe posso pedir que se cale e acabe em paz o seu mandato, sem mais beatices e sem mais opiniões. Para seu bem, deixará, então, de dar ares de patético.

Um bom demagogo este senhor Silva, é o que me ocorre de momento.
Estamos em tempo de miséria, em linha, com nunicies e beatices, como convêm, mas virá em breve o tempo de novas mágicas e truques. Alguns, já vistos, como aquele de que nos falou a Manuela mais o Sr. Silva. Da possibilidade do bloco central, com ou sem o CDS. Mas vem aí um outro truque ainda não visto, por isso, novinho. Os ressaibiados da classe média, chateados com o Partido Socialista, prestes a votar no Bloco de Esquerda, disseram-nos numa sondagem, que um entendimento entre o Partido Socialista, o seu partido de sempre, e o Bloco de Esquerda, é a melhor solução para os seus problemas.
Como disse o insuspeito MEC, que de comunista nada tem, a propósito destas salgalhadas: - Vou-me já inscrever no Bloco.
Já não nos chegaram os truques da Pintassilgo, do PRD, do bloco central, com o CDS e do Alegre, ainda vamos ter de ver mais este.
Porque estes truques, mais uma vez, serão uma falácia, virão de seguida os dias do mal-estar e dos vómitos. Aumentará o consumo de chá e bolachinhas, com certeza, mas é a vida.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A história repete-se?


A repetição de um dado acontecimento histórico é, segundo alguns estudiosos, uma comédia. Esta que se poderá adivinhar, além de comédia será uma comédia dispendiosa.
Isto porque implica obras de ampliação. Por exemplo “muito mais espaço, mais gamelas, muitas camionetas de lama, ração, uma boa ETAR “derivado” ao cheiro...”

Assim se apoia o desporto…

A secção de kickboxing do Ginásio Club Figueirense vai disputar o Campeonato Nacional da modalidade em finais do próximo mês, no Algarve. Para o efeito, apurou 23 atletas, em todas as categorias etárias, desde iniciados aos seniores, nos regionais disputados em Março.
Acontece que este ano o campeonato nacional vai sair caro aos atletas figueirenses, pois terão de pagar o transporte, uma vez que o clube não comparticipa e, imagine-se, a Câmara Municipal resolveu fazer concorrência às empresas de camionagem e fez um preço quase igual ao de uma das empresas contactadas pela secção.
Sem mais comentários.
No filme em baixo, um dos atletas do Ginásio CF, Miguel Ângelo, consegue o 7º título regional consecutivo, o primeiro sénior, e vai tentar o sexto nacional, também consecutivo, se o conseguir.


Com papas e bolos…

Cartoon de Fernando Campos

Não fora alguns bloggers figueirenses terem parodiado, magistralmente diga-se, a próxima elevação a vila de algumas localidades cá da paróquia, e eu teria também, acompanhando a mudança de visual aqui desta humilde aldeia, mudado o nome para “vila olímpica”. É que, em boa verdade se diga, elevar a vila freguesias urbanas que se confundem com a cidade não lembrava a ninguém. Só por mera estratégia eleitoralista, mas, em boa verdade se diga também, tem tanto de provinciana como de populista.
Isto tudo para dizer que me chegou ao conhecimento de que numa assembleia de freguesia de uma das “aldeias” em questão, um dos eleitos perguntou ao presidente da junta que benefícios viriam para a localidade com a mediática elevação. Com a resposta obtida o dito eleito ficou a saber o mesmo, e o mesmo é dizer que não haverá benefícios nenhuns.
Vai daí, até que pode surtir o efeito desejado… nunca se sabe, pois o povo é sereno!
Na foto aí em baixo pode-se ver uma das nóveis vilas, Tavarede, em primeiro plano.


sábado, 25 de abril de 2009

Dentro de ti, ó cidade (VIII)

Aqui, Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas




Eis um homem que ninguém quereria ver na trincheira oposta.

Até sempre, Capitão.





Adenda às 08h16: "O Velho Abutre", parece-me o nome ideal para uma certa praça.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (VII)

E um dia... um dia Abril chegou





Para quando um elevador?

Augusto Alberto

Basicamente em cima dos sessenta, sinto-me cansado, às vezes muito, quando subo em cima da minha bicicleta a parede que é a ladeira de Santa Bárbara, onde vivo, com uma pendente muito perto dos 20% e com cerca de 700 metros para trepar e vencer. Hoje, especialmente cansado, apeteceu-me apear, por pé no chão e subir calmamente a penantes, mas a questão é que tenho vergonha e defendo-me o mais possível da ideia de que estou a ficar velho e cansado, sobretudo depois de mais de trinta anos as pessoas se terem habituado a verem-me como o atleta, que nunca cedeu, ao calor, ao vento, ou ao frio.
Outro dia, uma vizinha lançou-me palavras de incentivo, vinha eu em esforço desalmado e só tive tempo para lhe gritar; - dava jeito um elevador. Num ápice, lembrei – me do dia em que tentei convencer o “Pedrinho” a aceitar a ideia falhada, do João Soares, relativa ao elevador da baixa Pombalina para o Castelo, ali pelo Poço do Borratem, a transferi-lo para a Figueira e montá-lo exactamente logo à subida da minha ladeira. Dava um jeito do caraças, a mim e a todos aqueles que a têm de subir, porque a descer todos os santos ajudam, sobretudo em tempos em que a população envelhece a olhos vistos. Acontece que o “Pedrinho” foi embora e mandou-me dar uma volta, até porque no fim da peça jornalistíca em que sugeri a montagem do dito, acabei por estragar tudo, porque logo a seguir, o convidei a subir à torre do elevador, para lá do alto, aproveitar para mirar os papalvos dos figueirinhas que nele votaram. Com um final assim, qual elevador? Vou continuando a gramar a ladeira, e a consumir-me em esforço.

Estava eu a pensar nestas coisas, após um tempo longo fora da Figueira, e preparava-me agora para vender a ideia ao actual Presidente da Junta de Buarcos, dando-lhe uma boa dica e malha para a sua campanha, mas no regresso, fiquei surpreendido e pasmado com o que li. O actual Presidente Socialista da minha Freguesia de Buarcos, foi apeado e indicada a porta da saída e ainda por cima, a de trás. Confesso que não esperava outro tralarô no Partido Socialista da Figueira da Foz. O actual Presidente da Junta, na imprensa local, disse das boas, deixando as orelhas do Partido, bem rosadas, aliás, na linha do que deixou público também o ex- vereador e cabeça de lista do Partido Socialista nas últimas eleições autárquicas. De seguida, o Partido deu-lhe o troco, estava-se mesmo a ver. Retirou-lhe a confiança e logo dois colegas do executivo da Junta, apresentaram a demissão, juntamente com mais dois membros da assembleia de Freguesia. Oportunamente o PPD/PSD, cá da terra, aproveitou para cavalgar sobre o Partido Socialista, esquecendo que tem um chapéu carregado de buracos, tantos os tiros que lhe tem dado. Em definitivo, as coisas não vão bem nos partidos do poder.
Aproveito para dizer que em matéria do treino, sabe-se que o mesmo erro técnico cometido sistematicamente por vários membros de uma equipa, é sinal de que existe ao nível da preparação desportiva, uma falha. Levando à letra esta teoria, quer dizer que muito provavelmente os partidos do poder, por cá, andam a treinar mal. Talvez não fosse mal voltarem a rever os manuais.
Só tenho de concluir que nesta terra, as bolas vão sempre direitinhas para o pinhal e por isso, não consigo resolver o assunto. Cada vez que me proponho, as personalidades estão de saída. Que lástima!
Já agora, deixo uma pergunta ao ainda actual presidente. O que te deu homem, para largares os bonecos e avançares para a politica? Essas decisões merecem demorada reflexão, porque as variáveis são muitas e qualquer passo mal dado, vai necessariamente dar dores de barriga. Uma pena acabares assim…

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A imagem não é tudo


O meu amigo António Agostinho, do blogue "Outra Margem", está preocupado com a possibilidade de se tornar um "vilão".

Pelas fotos dá a ideia que ele, precavido, porque isto de homem prevenido vale por dois, já andaria há uns tempos a cultivar um visual algo "soprano". Tony Soprano também habita uma "vila" de subúrbio.

D'ont worry, man, também não é caso para consultar psiquiatra.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quando os xuxas conspiram na sombra

Não sei se as novas gerações fazem ideia do que acontecia, antes do 25 de Abril, se alguém fosse apanhado a ouvir o Zeca e outros.
Mas há dias um amigo meu estava a ouvir o último trabalho dos “Xutos”, no seu automóvel devidamente estacionado, em plena Praça General Freire de Andrade, mais conhecida por Praça Nova, e um agente da autoridade mandou-o desligar o leitor de cd’s. Ele negou-se como é evidente, e o agente, tentou a dissuasão dizendo que a música, a tal da qual se fala, tinha palavras obscenas e chegou a ameaçá-lo de o autuar. O meu amigo e colega de trabalho disse-lhe que não havia nada palavras obcenas e que a canção é sobre a realidade.
Claro que isto é impensável, ou deveria sê-lo, mas aconteceu. Que o fascismo anda por aí, não será bom menosprezá-lo.
O grande poeta e professor de história, autor de “Os Vampiros” tinha razão e continua actualizadíssimo. Pegando no título, o que faz falta é avisar a malta. Tanto mais que eles, os xuxas, têm uns amigos recomendáveis com quem fazem umas trocas que não são só de galhardetes ou cromos.
Ouçamos a música em causa, também actual:

Arrebenta adversários

por Augusto Alberto


Por falar em política, falemos da política da merda, o meu computador corrige-me sistematicamente e envia-me para medra, mas eu não quero. Recuso e volto à origem, porque como cidadão deste mundo me envergonho e indigno, porque medra por aí, desta vez não há engano, a política da merda, digo bem, sem ressalva.
Gentinha que se diz da”terceira via socialista”, descobriu como conspurcar e arrebentar opositores, tripudiando sobre a democracia, essa coisa muita elástica e que servida com esmero e na conta própria, dá para tudo. Eu diria que estamos perante um bando de gente, sem eira nem beira moral e que para chegar ao poder, faz da política, o vale tudo. Uma vergonha! Foi esta gente que nos colocou em apuros e agora não sabe como nos tirar desta salada podre e pobre. Infelizmente não é possível colocá-los onde devem estar. Na prisão. Porque afinal, é essa gente que tem as chaves das celas e desse modo as rodam, quando querem, como querem e para quem querem. Dirão que as eleições serão o momento das contas públicas e políticas. Não me contem histórias porque já não tenho idade para ser embalado. Estamos, queiramos ou não, perante gente que são faces do mesmo sistema. O sistema, que se auto alimenta e que enxameado de gente sem escrúpulos, faz do combate politico, uma coisa reles.
Então o que fez essa gente?
Compinchas do primeiro ministro inglês, Brown, por sua vez compincha de Blair, aquele que é amigo do “Borroso”, ambos do bando que estiveram no quintal das Lajes para promover a guerra do Iraque, trataram de enxovalhar e arrebentar o principal opositor. Ou seja, o estratega-mor de Brown, juntamente com o “spin Doctor” dos trabalhistas, desenharam uma cabala, a passar num blogue, para fazer implodir política e socialmente o dirigente da oposição, Cameron, que passava por histórias, como: - Cameron tem uma doença sexualmente transmissível, resultado de uma relação com uma prostituta, num período de consumo de drogas, que tem uma relação homossexual com um deputado gay não identificado, anónimo, claro está, que protege, e para alindar o naipe, sem escrúpulos, rumores sobre a saúde mental de sua mulher. E por fim, Cameron teria de se explicar publicamente. Uma mentira dita um milhão de vezes, soará mais tarde ou mais cedo como verdade, para além de que é ao suspeito que cabe demonstrar o contrário, mas com o cenário assim montado, muito dificilmente sairia limpo e então, só lhe restaria uma saída… a saída. A cabala teria resultado em cheio. Mas Cameron em vez de pedir prisão para esta gente, fica-se só por um pedido de desculpas. Tão pouco…
É com gente deste calibre, que se vai fazendo esta pobre e doente democracia, que só tem uma via, a de servir destrambelhadamente a política do “arrebentamento”, dos povos, culturas, e adversários políticos. O poder para esta gente, coloca-os doentes e desse modo, ética, moral e sensatez, não atracam. Uma desgraça!
Esta história faz-me lembrar uma outra passada há muitos anos. Meninos de um jardim infantil da RDA, fotografados nos seus escorreitos fatos listados, passaram por detidos em prisões soviéticas. Em definitivo, não perdem o gosto pela mentira e desonra.
Para que não restem dúvidas, soube disto num jornal diário de referência. Até aqui, parece que tudo está bem. Pois parece. Mas a questão é que os “spins “comentadores, desta feita, não produziram análise política, antes pelo contrário. O mesmo jornal, colocou Brown, na coluna do sobe e desce, a subir, porque apesar de demorar 4 dias, sempre pediu desculpa. Que canalha a quem toda a canga serve.


Mais porco no espeto



Noticia o jornal "Sol" que a Câmara Municipal de Santa Comba Dão incluiu a inauguração do Largo António Oliveira Salazar nas comemorações do 25 de Abril.
Que a festa vai contar com a presença de uma tuna e, segundo o programa oficial, vai haver porco no espeto.
Este último não é novidade nenhuma, pois, como se sabe, é também um prato muito apreciado pelos "socialistas" cá da nossa paróquia.
O que não se sabe é se o primeiro ministro vai presidir á Comissão de Honra.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (VI)

como bola colorida
entre as mãos duma criança

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ah! e os piratas são eles?


Qem imaginaria que em 2009, os governos do mundo declarariam uma nova Guerra aos Piratas? No instante em que você lê esse artigo, a Marinha Real Inglesa – e navios de mais 12 nações, dos EUA à China – navega rumo aos mares da Somália, para capturar homens que ainda vemos como vilãos de pantomima, com papagaio no ombro. Mais algumas horas e estarão bombardeando navios e, em seguida, perseguirão os piratas em terra, na terra de um dos países mais miseráveis do planeta. Por trás dessa estranha histhttp://www.independent.co.uk/opinion/commentators/johann-hari/johann-hari-you-are-being-lied-to-about-pirates-1225817.htmlória de fantasia, há um escândalo muito real e jamais contado. Os miseráveis que os governos 'ocidentais' estão rotulando como "uma das maiores ameaças de nosso tempo" têm uma história extraordinária a contar – e, se não têm toda a razão, têm pelo menos muita razão.
Os piratas jamais foram exatamente o que pensamos que fossem. Na "era de ouro dos piratas" – de 1650 a 1730 – o governo britânico criou, como recurso de propaganda, a imagem do pirata selvagem, sem propósito, o Barba Azul que ainda sobrevive. Muita gente sempre soube disso e muitos sempre suspeitaram da farsa: afinal, os piratas foram muitas vezes salvos das galés, nos braços de multidões que os defendiam e apoiavam. Por quê? O que os pobres sabiam, que nunca soubemos? O que viam, que nós não vemos? Em seu livro Villains Of All Nations, o historiador Marcus Rediker começa a revelar segredos muito interessantes.
Se você fosse mercador ou marinheiro empregado nos navios mercantes naqueles dias – se vivesse nas docas do East End de Londres, se fosse jovem e vivesse faminto –, você fatalmente acabaria embarcado num inferno flutuante, de grandes velas. Teria de trabalhar sem descanso, sempre faminto e sem dormir. E, se se rebelasse, lá estavam o todo-poderoso comandante e seu chicote [ing. the Cat O' Nine Tails, lit. "o Gato de nove rabos"]. Se você insistisse, era a prancha e os tubarões. E ao final de meses ou anos dessa vida, seu salário quase sempre lhe era roubado.
Os piratas foram os primeiros que se rebelaram contra esse mundo. Amotinavam-se nos navios e acabaram por criar um modo diferente de trabalhar nos mares do mundo. Com os motins, conseguiam apropriar-se dos navios; depois, os piratas elegiam seus capitães e comandantes, e todas as decisões eram tomadas coletivamente; e aboliram a tortura. Os butins eram partilhados entre todos, solução que, nas palavras de Rediker, foi "um dos planos mais igualitários para distribuição de recursos que havia em todo o mundo, no século 18 ".
Acolhiam a bordo, como iguais, muitos escravos africanos foragidos. Os piratas mostraram "muito claramente – e muito subversivamente – que os navios não precisavam ser comandados com opressão e brutalidade, como fazia a Marinha Real Inglesa." Por isso eram vistos como heróis românticos, embora sempre fossem ladrões improdutivos.
As palavras de um pirata cuja voz perde-se no tempo, um jovem inglês chamado William Scott, volta a ecoar hoje, nessa pirataria new age que está em todas as televisões e jornais do planeta. Pouco antes de ser enforcado em Charleston, Carolina do Sul, Scott disse: "O que fiz, fiz para não morrer. Não encontrei outra saída, além da pirataria, para sobreviver".
O governo da Somália entrou em colapso em 1991. Nove milhões de somalianos passam fome desde então. E todos e tudo o que há de pior no mundo ocidental rapidamente viu, nessa desgraça, a oportunidade para assaltar o país e roubar de lá o que houvesse. Ao mesmo tempo, viram nos mares da Somália o local ideal onde jogar todo o lixo nuclear do planeta.
Exatamente isso: lixo atômico. Nem bem o governo desfez-se (e os ricos partiram), começaram a aparecer misteriosos navios europeus no litoral da Somália, que jogavam ao mar contêineres e barris enormes. A população litorânea começou a adoecer. No começo, erupções de pele, náuseas e bebês malformados. Então, com o tsunami de 2005, centenas de barris enferrujados e com vazamentos apareceram em diferentes pontos do litoral. Muita gente apresentou sintomas de contaminação por radiação e houve 300 mortes.
Quem conta é Ahmedou Ould-Abdallah, enviado da ONU à Somália: "Alguém está jogando lixo atômica no litoral da Somália. E chumbo e metais pesados, cádmio, mercúrio, encontram-se praticamente todos." Parte do que se pode rastrear leva diretamente a hospitais e indústrias européias que, ao que tudo indica, entrega os resíduos tóxicos à Máfia, que se encarrega de "descarregá-los" e cobra barato. Quando perguntei a Ould-Abdallah o que os governos europeus estariam fazendo para combater esse 'negócio', ele suspirou: "Nada. Não há nem descontaminação, nem compensação, nem prevenção."
Ao mesmo tempo, outros navios europeus vivem de pilhar os mares da Somália, atacando uma de suas principais riquezas: pescado. A Europa já destruiu seus estoques naturais de pescado pela superexploração – e, agora, está superexplorando os mares da Somália. A cada ano, saem de lá mais de 300 milhões de atum, camarão e lagosta; são roubados anualmente, por pesqueiros ilegais. Os pescadores locais tradicionais passam fome.
Mohammed Hussein, pescador que vive em Marka, cidade a 100 quilômetros ao sul de Mogadishu, declarou à Agência Reuters: "Se nada for feito, acabarão com todo o pescado de todo o litoral da Somália."
Esse é o contexto do qual nasceram os "piratas" somalianos. São pescadores somalianos, que capturam barcos, como tentativa de assustar e dissuadir os grandes pesqueiros; ou, pelo menos, como meio de extrair deles alguma espécie de compensação.
Os somalianos chamam-se "Guarda Costeira Voluntária da Somália". A maioria dos somalianos os conhecem sob essa designação. [Matéria importante sobre isso, em http://wardheernews.com/Articles_09/April/13_armada_not_solution_muuse.html : "The Armada is not a solution".] Pesquisa divulgada pelo site somaliano independente WardheerNews informa que 70% dos somalianos "aprovam firmemente a pirataria como forma de defesa nacional".
Claro que nada justifica a prática de fazer reféns. Claro, também, que há gângsteres misturados nessa luta – por exemplo, os que assaltaram os carregamentos de comida do World Food Programme. Mas em entrevista por telefone, um dos líderes dos piratas, Sugule Ali disse: "Não somos bandidos do mar. Bandidos do mar são os pesqueiros clandestinos que saqueiam nosso peixe." William Scott entenderia perfeitamente.
Por que os europeus supõem que os somalianos deveriam deixar-se matar de fome passivamente pelas praias, afogados no lixo tóxico europeu, e assistir passivamente os pesqueiros europeus (dentre outros) que pescam o peixe que, depois, os europeus comem elegantemente nos restaurantes de Londres, Paris ou Roma? A Europa nada fez, por muito tempo. Mas quando alguns pescadores reagiram e intrometeram-se no caminho pelo qual passa 20% do petróleo do mundo... imediatamente a Europa despachou para lá os seus navios de guerra.
A história da guerra contra a pirataria em 2009 está muito mais claramente narrada por outro pirata, que viveu e morreu no século 4º AC. Foi preso e levado à presença de Alexandre, o Grande, que lhe perguntou "o que pretendia, fazendo-se de senhor dos mares." O pirata riu e respondeu: "O mesmo que você, fazendo-se de senhor das terras; mas, porque meu navio é pequeno, sou chamado de ladrão; e você, que comanda uma grande frota, é chamado de imperador." Hoje, outra vez, a grande frota europeia lança-se ao mar, rumo à Somália – mas... quem é o ladrão?

copiado daqhttp://jorge-anortedoequador.blogspot.com/ui
Adenda às 15h20: Acaba um amigo de me dizer: "Piratarias há muitas, seu palerma".

Eu não acredito na crise. Mas que ela existe, existe!


sábado, 18 de abril de 2009

Das botas cardadas aos pezinhos de lã


Lá que tenha condecorado pides, não meterei a, como se costuma dizer, foice em seara alheia. Talvez tenham prestado valorosos serviços ao país. Quais, não faço a menor ideia. O que é certo é que me senti horrorizado. Será necessário, contrariando a lavagem que se tem feito do Estado Novo, dizer às novas gerações quem foram esses esbirros. Sentir-se-iam como eu, com certeza.
Que tenha negado uma pensão à viúva do Capitão Salgueiro Maia… aí não vou dizer como me senti. Porque me sentiria antes um traste comentando uma reles atitude de vingança mesquinha.
Isto foi Cavaco Silva na altura em que era primeiro-ministro. Agora, como Presidente da República, o homem da Opus Dei consegue elevar a perfomance. Promover um reformado a Major-General. Será mesmo disto que o país precisa?
O problema da minha indignação estará mesmo, muito possivelmente, em mim próprio. Não consigo adaptar-me a uma “democracia” destas. Doutra forma conseguiria respeitar gente desta.

Ninho, uno e indivisível

por Augusto Alberto


Em Abril, como é habitual, ainda não vi andorinhas nos meus beirais. Provavelmente verei mais tarde do que o normal, porque o tempo de Abril por agora vai frio e talvez por isso a Primavera ande desconfiada. Mas no Pocinho, no beiral, mesmo por cima da minha janela, do edifício do Centro Nacional de alto rendimento de remo, os ninhos são já muitos.
Estou neste momento em convívio com cerca de 70 alunos de colégios e universidades de Inglaterra, que escolheram o Pocinho para o seu “campus” de treino da Primavera. Eton, o colégio dos colégios de Inglaterra, em cujas instalações e estruturas se irão disputar as provas de remo e canoagem nos próximos Jogos Olímpicos e Paraolimpicos de 2012, onde desejo estar, e a Universidade de Bristol, são exemplos. Muitos alunos oriundos dos Estados Unidos, Canadá e até um jovem da Colômbia. Gente com gostos muito diversos. Muito dados ao chá, já o sabíamos, molhos, pimenta nas sopas, saladas, batata frita, bacon e ovos. Conseguir contentá-los do ponto de vista da dieta, segundo os seus gostos, é tarefa complicada.
Em Março, também convivi com a equipa olímpica francesa. Uma equipa com muitos e bons resultados, duas medalhas de bronze em Pequim, fruto de um bom nível de organização e disciplina, já consolidados há muitos anos. Sem atletas profissionais, tal como os nossos, com os mesmos problemas de universidade e emprego, mas bem resolvidos, em linha com um modelo estrutural que deu resposta capaz de solucionar essas questões para que os seus melhores atletas possuam o tempo necessário para a preparação ao mais alto nível. Para os universitários, a “net” mantêm-nos em linha com a universidade, na busca das ferramentas para continuarem os seus estudos, mesmo longe do país e em pleno treino de alto rendimento. Por França, há mais vida para cá e para lá do futebol.

Entretanto, às andorinhas que sobre a minha janela do quarto construíram os seus ninhos, observo-as em total azáfama, buscando em cada voo o barro com que laboriosamente os reconstruíram. Desconheço se o bando tem alguma hierarquia, mas sinto que o ninho é uno e indivisível e por isso, sortidas para o tomar de assalto, são duramente reprimidas. Convivem penduradas nos fios eléctricos e são pássaros trabalhadores, que procuram com garra o seu alimento. Se existe outra regra, creio, é a de não roubar o produto do trabalho de quem procurou e amealhou e por isso, qualquer tentativa é também repelida com aspereza e estrondo, porque por ali, do mesmo passo, não devem faltar os espertos.
Confronto esta apreciação, com notícias publicadas nos jornais diários. E essas notícias dizem-nos que a sopa dos pobres vai em crescendo e que as misericórdias vão no sentido do reforço da malga. Ora aqui está aparentemente uma boa solução. Mas eu que já sou burro velho, e já vi este filme, tenho bem presente os níveis de caridadezinha dos tempos do fascismo. Receio bem que estejamos quase no mesmo nível.
A coisa deve estar tão preta, porque de momento nem o esteta do Governador do Banco de Portugal consegue esconder a coisa, sempre contada como se ainda o pior não tivesse chegado. Mas logo novos dados nos dão em pior estado do que o anterior. Merdas!
Sinceramente, acho que está na altura de fazer tal como as andorinhas, repelir com aspereza e estrondo esta gente, que sem dó nem piedade, nos meteu neste estado de angústia. Porque deveremos nós ter piedade desta gente que nos atira de novo para as sopas do Barroso?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dentro de ti, ó cidade (V)

é que nem com mão de ferro
faz do pinto seu vassalo


terça-feira, 14 de abril de 2009

Nos 100 anos de Soeiro



Militante comunista, precursor do Neo-realismo e um dos seus nomes mais destacados. O seu livro mais conhecido, publicado em 1941 com ilustrações de Álvaro Cunhal, foi “Esteiros”, dedicado “aos filhos dos homens que nunca foram meninos”.
Soeiro Pereira Gomes foi também um dos poucos escritores que levou para as páginas da literatura, com os “Contos Vermelhos”, uma época conturbada da História de Portugal do século XX: a luta clandestina contra a ditadura fascista. Os outros escritores foram Manuel Tiago e José Casanova, o director do “Avante!”.
Soeiro faria hoje cem anos.

14 de Abril – Dia da Juventude Angolana

Homenagem a Hoji-ia-Henda

Peito ao vento
na anhara em chamas
Hoji valente
de coração Henda
braço e arma
um só

Nem o leão ousado
ruge mais:
no troar dos passos
Hoji Comandante
de coração Henda
o ritmo de combate

Peito ao vento
na anhara em chamas
Hoji Camarada
em teus olhos Henda
um fulgor canta


Jofre Rocha (poeta angolano)


No dia 14 de Abril de 1968, José Mendes de Carvalho, de 27 anos, era morto em combate contra o exército colonial português. Em Karipande, no Leste. Era o lendário Comandante Hoji-Ia-Henda.
Considerado um herói do povo angolano, a I Assembleia da III Região Militar do MPLA passou a considerar, a 23 de Março de 1969, este dia como o Dia da Juventude Angolana.
Há uns anos, algumas associações juvenis filiadas no Conselho Nacional da Juventude determinaram que o dia 14 de Abril continuaria a ser o Dia Nacional da Juventude Angolana.

domingo, 12 de abril de 2009

Pela Paz na Palestina

MPPM - Movimento pelos direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente

Sete maravilhas, Dois artistas, e um comissário

Entre os portugueses depressivos e neurasténicos, o artista Fernando Campos encontrou, aqui, um fora-de-série.
É exactamente o mesmo que preside à comissão das “7 Maravilhas Que Certos e Determinados Portugueses Mandaram Outros Fazer”, cujas,
aqui, o artista Pedro Penilo colocou à votação.
Eu já votei mas não revelo em qual. Longe de mim querer influenciar alguém. E, além disso o voto é secreto.

sábado, 11 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (IV)

não eram cinco da tarde
nem da noite ou da manhã



No passado dia 3, num texto do meu camarada Augusto Alberto sobre os anónimos, um anónimo acusou as pessoas que comentaram de não utilizarem o nome próprio. Acontece que essas pessoas, que não anónimas, assinaram com o nome próprio. Uma delas é uma figura pública, um nome importante da música portuguesa, discípulo de Zeca Afonso e por ele descoberto. Um cantor de Abril, portanto. Ainda há dias foi entrevistado na RTP Memória. Menos anonimato que isso penso ser impossível. Tanto mais que Samuel assina um dos mais interessantes e inteligentes blogues da blogosfera portuguesa.
Triste figura fazem, então, os anónimos. Está bem, concordo com Brel quando ele diz que prefere enganar-se a ficar calado. Mas há limites, caramba. À excepção de quem se esconde, porque sabe que utiliza a má fé.
Em mais uma evocação de Abril deixo aqui uma parceria de Samuel com o grande poeta e incontornável figura da cultura portuguesa que foi José Carlos Ary dos Santos.


sexta-feira, 10 de abril de 2009

PS/PPD/PSD

por Augusto Alberto


O incrível Pedroso, tão bem caracterizado no "Dr.Xecq e Sr.Quil", homem de muitos méritos, avençado, de muitas, várias e fecundas consultadorias, nesta matéria uma espécie de vampiro, putativo Presidente de uma das melhores Câmaras Municipais do país, senão a melhor, segundo um dos muitos estudos que por aí abundam, vítima, em notável encenação. Provocador de seguida. O primeiro foi um sindicalista democrático, que há anos por aí andou, Torres Couto, ilibado justamente.... Ai esta justiça que só responsabiliza o pé rapado. E por último, um espanta comunistas. Um role de méritos ao alcance de tão poucos, teve um mérito, o de deixar de confundir as coisas, prestando um belo serviço, porque clarificou o tempo futuro, resta saber se de modo voluntário ou involuntário, mas para o efeito, tanto faz, porque ficamos a saber sobre o que ai vem.
O que clarificou então o incrível Pedroso? Disse, que se o Partido Socialista não obtiver maioria absoluta, deverá formar governo com o PPD/PSD. Ora cá está o que afinal só alguns, devagarinho sussurravam. Quer dizer, que afinal o Engenheiro Sócrates é o homem de que as direitas dos poderes, aqui no plural, necessitam. Nem mais nem menos. Esta direita, aqui só no singular, porque bem vistas as coisas, é só uma e a mesma, já tem líder, José Sócrates, sempre sôfrega, trata de resolver três questões básicas. Primeira, que nenhuma das malfeitorias deverá ter retrocesso, não vá o diabo tecê-las, porque assim está bem. Segunda, que ainda há tempo e espaço para mais e novas malfeitorias. Terceira, que afinal o bolo dividido só por um lado, é coisa ruim. Trate-se da divisão do dito. A cada um, o seu quinhão. Então, vamos estar perante a segunda fase da estratégia. A primeira, foi a de louvar e empurrar o engenheiro para as reformas, malfeitorias, ditas e necessárias; a segunda, porque é tempo de pausa táctica, não vá a coisa dar para o torto, é agora tempo, num frenesim, que às vezes parece desbragado, não no sentido do derrube do Engenheiro, porque ele é o único sólido e capaz, mas é preciso fazê-lo passar por uma espécie de sempre em pé, sem que nunca vá ao chão, na esperança de colocar o Partido Socialista na necessidade de um entendimento para governar. Atrelado, ficará o Partido Socialista amarrado a compromissos, reeditando com o PPD/PSD, o bloco central, o centrão, para contentamento das elites que riscam, traçam, mandam e executam a seu contento.
Quer isto dizer, que lá para Outubro, mais uma vez, poderemos exclamar: - Povo que estais lavado em lágrimas, preparai-vos para mais. Para pior, não tenhais dúvidas. Embora vos diga, desde já, que desta feita e mais uma vez, foste avisado. Nada de queixas a seguir.
Está então achado o modo como por de pé o ovo. Estava difícil. Mas a verdade é que a vida às vezes obriga a língua ao destrambelho. Uma preciosidade. E nem sequer vale dizer que isto é coisa e maldade de comunistas, porque para isto nem sequer foram ouvidos e achados. Os mais distraídos, dirão que estamos perante um verdadeiro ovo de Colombo. Para mim, está tudo muito claro e portanto, acho que não, mas perguntem ao Pedroso, aquele…

"No caminho da mudança"

É já amanhã

http://revolucionaria.wordpress.com/

O cartoon e a censura no capitalismo “democrático”


O cartoon acima foi um dos muitos que foram censurados no “New York Times”. A razão foi por ser uma “desnudez inaceitável”. Tratava-se de uma ilustração para um artigo sobre estética. O autor, Jugoslav Vlahovic, de Belgrado, ficou escandalizado. “Faço desenhos como esse o tempo todo neste país comunista”.
Acaba de ser publicado um livro com algumas centenas de trabalhos de credenciados cartoonistas que foram censurados no jornal, por razões bizarras e por vezes risíveis.
Pode deliciar-se aqui, quer com os desenhos quer com as razões pelas quais…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (III)

lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores


O Adriano faz hoje anos

Como esta democracia lhes assenta bem

Augusto Alberto


Todos os povos têm momentos de paragem, mas no país dos futebóis, parece-me que as há em demasia.
Às vezes dá para gargalhar, outras quase para chorar, mas sobretudo, muitas vezes, dá para nos ralarmos porque nos sentimos impotentes. Vem isto a propósito do rally de Portugal, que teve etapas, para toda a família, contaram-nos, no estádio de futebol do Algarve, que foi construído para o Euro 2004, embora o futebol dali ande arredado desde o princípio. A questão é saber se já não se sabia. Coisa assim como uma algarviada, só pode ser, sendo a coisa no lugar e do modo que foi.
As autarquias de Aveiro e Leiria, com uso da “net”, que hoje é modo universal de nos comunicarmos, estão a tentar livrar-se dos seus estádios municipais, verdadeiros monstros e empecilhos, que só têm um registo, engolir as débeis finanças municipais. E tudo isto, porque a Nação e estas autarquias alinharam na histeria colectiva que foi o Euro/2004 e de momento estão com um fardo difícil de descarregar. Será legitimo perguntar, para que quer alguém tais estádios? Com toda a prosápia, dirão, para competições automóveis. Um mimo.
Chegados aqui, parece que estamos assim a modos como no país dos patos bravos, que gostam de ser embalados por qualquer ilusionista ou fazedor de sonhos e o sonho de nos vermos campeões da bola na Europa, está a custar-nos os olhos da cara. Nem todos seremos patos, ainda existe gente brava, mas os espertos, sempre atentos, não se desviam nem por um segundo das oportunidades. Poderemos dizer, então, que cada tiro, cada pato, para pingarem para as baixelas de prata dos do colarinho branco.


Nesta matéria, é bom dizer-se que os “empreendedores”, atentos, têm feito forte mossa. Basta ver como recrutam para o seu seio os “melhores”. De momento a Mota Engil está na mó de cima e para isso foi buscar um “guru”, Jorge Coelho. A Mota Engil parece que tem um íman, porque dá a ideia que tudo lhe cai no regaço. Será novo milagre? Bem me parece que a rosa continua viçosa, porque as pétalas vão caindo no regaço de alguns, claro está, mas os espinhos, ficam por aí e vão picando em nós, os outros.
Mas não será que estas coisas têm responsáveis? Com certeza… embora pareça que a culpa é vaga e vesga. Nesta matéria, a quem deveremos pedir responsabilidades? A quem decidiu atrelar-nos a essa coisa megalómana. António Guterres, 1º Ministro da decisão e ao pífio Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que parece continuar sem tino e está convencido de que a pátria é uma sua coutada. A minha dúvida é saber se o homem não terá razão. E que responsabilidade atribuir a Presidentes da Câmara que embarcaram neste fado?
Mas a verdade é que as coisas às vezes descontrolam-se e depois os responsáveis fogem, porque nos dizem, que chegamos ao pântano. António Guterres e Durão Barroso, geriram mal a coisa pública, fugiram, mas tiveram como sabemos, a devida recompensa.
Poderemos perguntar então: para que quer esta gente outra democracia se esta lhes assenta tão bem?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Moldávia: a história repete-se


Não são virgens os acontecimentos recentes na Moldávia. A História tem outros exemplos de como a democracia é muito linda desde que ganhem sempre os mesmos. É que cada vez que a Esquerda ganha eleições o que se segue é uma guerra civil ou um golpe de estado. Foi assim em Espanha em 1936, foi assim no Chile em 1970.
Logo, a conclusão a tirar é que o povo moldavo não percebe nada de História. Se percebesse saberia que a sua vontade nunca seria respeitada por parte da minoria cheia de privilégios que vai até às últimas consequências para os defender.
Em jeito de recordação, em Portugal, uma importante figura do regime terá chegado a solicitar aos EUA a invasão do país, quando os comunistas estiveram próximos do poder. Suponhamos que estes teriam ganho as eleições…

Autárquicas já mexem

foto daqui



O clima de guerra civil no seio do PS e do PSD, na Figueira da Foz, a que António Agostinho chama cisões, não augurará nada de bom para o município já que uma das duas formações políticas neo-liberais irá certamente vencer as eleições autárquicas. Isto, segundo a tradição, porque desde 1926, perdão, desde 1974 foram os únicos dois partidos que lideraram os destinos aqui da paróquia. E só com uma alternância, ou seja, o PS de 1974 a 1997 e o PSD desde 1998 até hoje.
As informações que aqui divulgamos continuam, segundo as nossas fontes, actuais: Duarte Silva vai ser o candidato do PSD. A ser assim, tudo indica que Daniel Santos irá liderar uma lista independente. Figura consensual e respeitada em todo o terreno social-democrata aquele arquitecto será um candidato de peso capaz de mexer tanto com o eleitorado do PS como com o do PSD e de, ainda, esvaziar o que resta do CDS.Não será propriamente o fim do reinado do centrão, mas já seria alguma coisinha…

terça-feira, 7 de abril de 2009

Param os comboios

Augusto Alberto

Pararam os comboios e a vida parece andar ainda mais devagar. A C.P., a grande empresa dos comboios, coberta pelo poder político, mais uma vez, tratou de isolar gentes em total desrespeito pela vida e oportunidades. Fez de Pilatos. Lavou as mãos. Os comboios nas linhas do Corgo e Tâmega também foram para a garagem, tal como na linha do Tua. Das linhas de Trás – os – Montes e do Douro, só resta esta, que há muitos anos acabava ou começava em Barca de Alva, na fronteira. Hoje fica-se pelo Pocinho, pequena povoação que dá nome à barragem ali construída há cerca de 30 anos. O que resta da linha, está completamente votada ao abandono e com os espanhóis a mostrar, repetidamente, interesse pela reabertura com vista ao turismo, mas com demorada resposta.
Pocinho é um pequeno lugar, à volta de um pequeno bairro que suportou os trabalhos e os trabalhadores que construíram a barragem, e por ali, o tempo anda muito devagar. Meninos até aos 10 anos, os dedos de uma mão são suficientes para os contar, enquanto os velhos vão partindo deste mundo, que nunca lhes foi meigo.
A linha do Douro assume uma beleza impar, sobretudo a partir do Pinhão e logo após a foz do Tua, rio que dá nome à linha fechada, tem escarpas tremendas, bocados de beleza selvagem, onde aves de largo porte correm aproveitando os cones de ventos e em plena liberdade. Pocinho é assim, não só o lugar do fim da linha, mas também do fim da vida e dos sonhos.

O caminho-de-ferro para ali levado por força do capitalismo rural do século 18, por figuras como D. Antónia, para dar resposta às necessidades das grandes quintas emergentes, como por exemplo, a do Vale Meão, parece hoje também condenado. Não sei se já não estará escrito, num caderno, que num dia qualquer, de um qualquer ano, tudo acaba.
Nos anos 60/70 do século anterior, multidões foram até Lisboa e era comum, solidariamente, numa noite serem levantadas paredes e telhados, para acolher famílias inteiras, num acto consumado. A habitação era assim resolvida e o fascismo muitas vezes fechava os olhos porque ele próprio não tinha como arranjar saida. Foi o tempo das grandes obras da ponte sobre o Tejo e do metro e para ali caminharam, para fugir do esquecimento, Transmontanos, Beirões, Alentejanos e outros vários. Foi o princípio dos bairros desgarrados. Seria legitimo que com o 25 Abril as coisas tomassem novo rumo e as pessoas retomassem os seus lugares de origem, mas acontece que não houve retorno, antes pelo contrário, o caminho parece inclinado com fim no mesmo local de sempre.
O caminho-de-ferro tem cedido lugar ao betuminoso e as auto-estradas, tão legítimas, será, não chegam para alterar a sina. Afinal, produzem o efeito não de chegada, mas sempre de partida. O tempo da exaustão ainda não chegou ao fim. Falta pouco! Continuam a partir, os que ainda tem coragem e força, ficam os que já perderam a esperança. Uma vida carregada de vago, e em que o tempo é escorrido num café, com a barriga encostada ao balcão, bebendo cerveja, garrafa sobre garrafa.
Mas estas coisas têm rostos e nomes. São todos aqueles que durante estes 35 anos nos têm desgovernado. Apetece perguntar, para que querem aquelas gentes esta democracia? Engano sobre engano, e confesso que já não sei como essa gente, despida de sonhos, tem forma de punir os responsáveis.









segunda-feira, 6 de abril de 2009

O “polvo” falha de novo

Quando o Provedor de Justiça os comparou aos “Vampiros” do Zeca, já eles faziam lembrar um polvo há muito tempo. Tem a ver com a maneira como exercem o poder. Não fora o caso de eles ainda não dominarem os tribunais e isto parecia-se verdadeiramente com o estado a que isto tinha chegado antes do “25 de Abril”, que este mês se comemora.
Depois da tentativa de acabarem com a “Festa do Avante!”, cuja intenção foi abortada pelo Tribunal de Contas, como aqui demos conta, foi a tentativa já executada de discriminação dos trabalhadores dos CTT que não fossem mansinhos e não lhes pusessem a sua própria situação nas suas mãos. Quer dizer, quem optasse por não defender os seus direitos teria umas regalias a mais, o que me parece ser um bombom envenenado, como é fácil de perceber.
Mas contemos a história: uma história de discriminação salarial, pois numa empresa todos os trabalhadores devem ser aumentados, no caso de haver aumentos. Não foi o que aconteceu nos CTT, onde só foram aumentados aqueles que assinaram o contrato individual de trabalho, subscrito por sindicatos minoritários. Mas há mais, que imaginação não lhes deve faltar. Ofereceram 400 euros a quem o assinasse ou a quem se inscrevesse no sindetelco, o que significa que aceitariam automaticamente o contrato individual de trabalho. O sindetelco, para quem não sabe, é um sindicato amarelo, pertencente à UGT e cuja finalidade não é, certamente, defender os trabalhadores. Resta acrescentar que houve alguns que aceitaram.
Agora diremos que o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa admitiu a providência cautelar interposta pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), por considerar ilegal a publicação oficial da caducidade do Acordo de Empresa de 2006. O Tribunal fixou que, nos termos da lei, quer os serviços competentes (o Ministério) quer os interessados (a administração dos CTT) estão impedidos de pôr em prática, ou continuar a pôr em prática a arbitrariedade em causa.
Outra das diferenças com o antes da data libertadora é que não será preciso outro “25”, pois ainda temos eleições, que estão já aí à porta. Mas que é preciso dar uma varridela, lá isso é, sob pena do polvo arranjar mais tentáculos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aos anónimos, com gosto

por Augusto Alberto



Mais uma vez o anónimo neo-liberal veio aqui fazer aquilo que muito bem faz, destilar o seu ácido anti-comunismo.
Quero dizer-lhe desde já que me não impressiona a lista de gente, em referência, que se afastou do meu Partido. Escusa de me os dizer. E bem sei que gente que continua íntegra, nestes tempos difíceis, resolveu pelo seu afastamento, mas não serão muitos, felizmente. É um direito, ninguém é obrigado à militância política e por isso só ficam os que querem ficar, porque assim é que deve ser. Mas não é desses que se trata, mas daqueles que tremeram e caíram para o lado de lá. Também normal, porque a espinha sempre direita às vezes provoca lombalgias, para usar uma linguagem do foro desportivo, e quando as dores são muitas, às vezes um tipo desiste. Quero dizer-lhe que na minha longa carreira desportiva e de cidadania, já muitas vezes tive dores, sobretudo lombalgias, talvez a minha lesão de culto, porque um corpo esguio como o meu e muito castigado pelo exercício, de volta e meia, lá torce, mas nunca desisti, nem do ponto de vista desportivo nem do ponto de vista da cidadania.
Mas aos anónimos, um liberal, o outro, sem apêndice, sempre lhes digo que o principal do meu texto é a questão da democracia. Essa democracia de que tanto gostam de falar e cultivar. É sobre a questão do papel que cabe a um cidadão organizado politicamente. Que espaço para a sua opinião, para a sua participação, de que modo pode intervir e provocar mudanças e de como pode viver em convívio político com outros? Estas são as questões fundamentais a que quis chegar. Mas pelos vistos, os anónimos, não se sentem incomodados, porque afinal esta coisa da democracia e do convivo politico, é para dar de barato, ou coisa para ser exigida unicamente a comunistas, porque aos outros, estamos falados, ou então, estamos perante alguém que levado pela cegueira anti-comunista fica obliterado do ponto de vista intelectual. É o mais certo.

Dando de barato as bravatas anti-comunistas e o insulto já por demais batido, sem novidades… sempre lhes digo meus caros senhores, que estamos perante alguém que já foi comunista e agora escala o mais raivoso anti-comunismo, ou então, já nasceu biologicamente anti-comunista, e então, só o pode ser de modo visceral. Ambas são, no mundo de hoje, formas democráticas de estar na vida e por isso, não julguem que me incomodam. Não tremi num dia de Janeiro de 1971, era eu um jovem de 22 anos, quando um fascista de um capitão do exército me acusou de dedo em riste, de ser comunista e de estar a contribuir para o derrube do governo e de seguida, fazer o que um fascista sempre fez, e não será agora que tremo com as boutades de gente assim. Tudo bem.
Mas antes que me vá, sempre quero dizer ao anónimo neo-liberal que a sua posição quanto à homenagem a Agostinho Saboga, não merecerá, de modo sensato, grande comentário. Mas vá destilando, porque um dia os poros se lhe hão-de fechar. Vai ver.

Um encontro blogosférico


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (I)

Abril está ainda por cumprir. Estas afirmações de Zeca, há 25 anos, estão arrepiantemente actuais. Bem poderiam ter sido proferidas no telejornal de ontem.
Mas o grande poeta e professor de História disse-nos o que é que fazia falta.


Hugo Almeida na Naval


O avançado do Werder Bremen e da selecção portuguesa, Hugo Almeida, vai representar a Naval 1º de Maio na próxima época. Os navalistas chegaram a acordo com o categorizado atacante com a promessa de lutarem para o apuramento para a taça UEFA e aí assegurarem uma boa participação.
Almeida, que faz 25 anos no próximo dia 23 de Maio, é natural da Figueira da Foz e começou a jogar no clube figueirense antes de rumar para o FC Porto, ainda nos escalões de formação. Trata-se de um regresso, mas não conseguimos apurar por quantas épocas será válido o contrato.
Foi com Felipe Scolari que o atleta figueirense chegou à selecção A depois de ter participado nas selecções mais jovens e de, com os seus golos, ter apurado a selecção sub-21 para a fase final do Europeu que se realizou no nosso país em 2006.
A nossa fonte, que preferiu manter o anonimato, disse-nos ainda que a Naval está em conversações com outros dois nomes credenciados do futebol lusitano, mas não nos quis revelar os nomes.