quinta-feira, 9 de abril de 2009

Como esta democracia lhes assenta bem

Augusto Alberto


Todos os povos têm momentos de paragem, mas no país dos futebóis, parece-me que as há em demasia.
Às vezes dá para gargalhar, outras quase para chorar, mas sobretudo, muitas vezes, dá para nos ralarmos porque nos sentimos impotentes. Vem isto a propósito do rally de Portugal, que teve etapas, para toda a família, contaram-nos, no estádio de futebol do Algarve, que foi construído para o Euro 2004, embora o futebol dali ande arredado desde o princípio. A questão é saber se já não se sabia. Coisa assim como uma algarviada, só pode ser, sendo a coisa no lugar e do modo que foi.
As autarquias de Aveiro e Leiria, com uso da “net”, que hoje é modo universal de nos comunicarmos, estão a tentar livrar-se dos seus estádios municipais, verdadeiros monstros e empecilhos, que só têm um registo, engolir as débeis finanças municipais. E tudo isto, porque a Nação e estas autarquias alinharam na histeria colectiva que foi o Euro/2004 e de momento estão com um fardo difícil de descarregar. Será legitimo perguntar, para que quer alguém tais estádios? Com toda a prosápia, dirão, para competições automóveis. Um mimo.
Chegados aqui, parece que estamos assim a modos como no país dos patos bravos, que gostam de ser embalados por qualquer ilusionista ou fazedor de sonhos e o sonho de nos vermos campeões da bola na Europa, está a custar-nos os olhos da cara. Nem todos seremos patos, ainda existe gente brava, mas os espertos, sempre atentos, não se desviam nem por um segundo das oportunidades. Poderemos dizer, então, que cada tiro, cada pato, para pingarem para as baixelas de prata dos do colarinho branco.


Nesta matéria, é bom dizer-se que os “empreendedores”, atentos, têm feito forte mossa. Basta ver como recrutam para o seu seio os “melhores”. De momento a Mota Engil está na mó de cima e para isso foi buscar um “guru”, Jorge Coelho. A Mota Engil parece que tem um íman, porque dá a ideia que tudo lhe cai no regaço. Será novo milagre? Bem me parece que a rosa continua viçosa, porque as pétalas vão caindo no regaço de alguns, claro está, mas os espinhos, ficam por aí e vão picando em nós, os outros.
Mas não será que estas coisas têm responsáveis? Com certeza… embora pareça que a culpa é vaga e vesga. Nesta matéria, a quem deveremos pedir responsabilidades? A quem decidiu atrelar-nos a essa coisa megalómana. António Guterres, 1º Ministro da decisão e ao pífio Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que parece continuar sem tino e está convencido de que a pátria é uma sua coutada. A minha dúvida é saber se o homem não terá razão. E que responsabilidade atribuir a Presidentes da Câmara que embarcaram neste fado?
Mas a verdade é que as coisas às vezes descontrolam-se e depois os responsáveis fogem, porque nos dizem, que chegamos ao pântano. António Guterres e Durão Barroso, geriram mal a coisa pública, fugiram, mas tiveram como sabemos, a devida recompensa.
Poderemos perguntar então: para que quer esta gente outra democracia se esta lhes assenta tão bem?

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