Augusto Alberto
Está prestes a bater o pau para
dar início ao teatro da vergonha, segundo as pancadas, não as de Molière, mas
as do senador da Figueira da Foz, Miguel Almeida. Espectáculo, que não correrá
nos sítios fechados habituais, 10 de Agosto ou a Figueirense, mas, com a
inocência que esperam, pelas praças e ruas do concelho. Nesta cidade, que faz
da sua avenida oceânica e da sua respectiva praia a única oportunidade de estar
no convívio ou na mais prosaica actividade física de baixa intensidade. Marcha
ou corrida lenta, pesca lúdica, recolecção de mexilhão, ripagem de perceves,
arrancados na zona da primeira rebentação, ainda habilidosos na arte do
bicheiro, com que enganam os polvos, ciclistas de baixa rotação, em regra bem
equipados e meninas mais ou menos notadas, consoante vai o tempo. Não fosse
assim, esta seria a terra em que viver seria uma estucha.
de F. Campos |
Ora acontece que ainda antes de
Abril, um figueirense de gema e cotado, num impulso fascizante, criou um imundo
cais comercial, mesmo em frente à esplendorosa e mundana Avenida Saraiva de
Carvalho. Mudou-se a urbe ribeirinha, mas o vício de escavacar manteve-se.
De tal modo, na terra onde
cresceu o pato-bravismo e outros actos coevos, ainda respiram responsáveis por
esses actos sofridos. Assim, o tartufista Almeida, santanista de boa gema, quer
montar um teatro eleitoral, com vista a fazer esquecer actos de gestão
apócrifos, nacionais e locais, como a queima de euros nos arraiais do S. João,
a derrota manhosa de um dos actos de cultura de fim de verão, o festival de
cinema. A coisa é de tal monta que o vereador, ex-deputado da República e
dirigente do Partido da rotatividade local e nacional, PPD/PSD, que quando
calha, mete trancas e pregos à porta e chuta na democracia e nas liberdades,
aparece agora, como cabeça de um movimento, que se destina a enrolar o passado,
de nome genérico,”Somos Figueira”.
Almeida, espécie de diácono
dissoluto, com vergonha do passado, lança esperanças nos resquícios à
obediência, matriz cerzida por 300 anos de tribunal do santo ofício e 48 anos
de fascismo. É capaz de ter razão. Atavismos adiante, já vamos com mais 30 anos
de missas cantadas, segundos rituais dos novos santos ofícios ”democráticos”. E
pelos vistos, ainda temos para mais 300.
Quer-me parecer, medrosos e
obedientes cidadãos, que os teus quinta netos ainda vão ter de lacrimejar. Ai
vão, vão…
Sem comentários:
Enviar um comentário