Augusto Alberto
Marcelo Rebelo de Sousa, eminente membro da elite, filho de
um outro Rebelo de Sousa, que foi Governador Geral de Moçambique e Ministro do
Ultramar, o que explica a sua paixão pela antiga colónia - aliás, como eu, que passei breve pela cidade
de Nampula - com formação católica e bons conhecimentos do fascismo e o
colonialismo, em referencia à “passeata” de autocarro sobre a ponte, “ex
Salazar”, (o nome continua a excitar), e à outra “arruaça”, a norte, reagiu na
sua última homilia dominical, da seguinte maneira: “A CGTP deu aos portugueses heroína e agora quando quer dar a cocaína
já não consegue criar excitação”.
Sendo assim, também é possível que eu diga aquilo que Rebelo
de Sousa não é capaz de dizer. Que o colonialismo, que bem conhece, deu aos
povos colonizados o cacete e heroína e agora, no neo-colonialismo, dá chumbo,
cocaína e demasiada excitação, aos “taumaturgos” locais. Aliás, o homem frugal
no sono e na análise, que é o modo hábil de falar sobre tudo sem arriscar,
expôs-se ao analisar os dramas de Lampeduza.
Sobre semelhante matéria, avançou que os países ocidentais
se mobilizaram para arrear ditadores, vá lá…, com quem sempre concubinaram e
agora, chegou a bagunça e ponto final. Fosse substancial a sua honestidade,
diria da tragédia o seguinte: chegam a Lampeduza hordas de esfomeados, oriundos
de países ricos em petróleo, gás, e outros recursos naturais. Enquanto, do
mesmo passo, são as elites dos países do primeiro, segundo e terceiro mundos,
quem enriquece, exactamente, à custa da pilhagem desses recursos.
Percebe-se, obviamente, porque Marcelo abusa da frugalidade
da análise. Porque falar sobre o fascismo e o colonialismo, que bem conheceu, e
conhece, é coisa que o empanzina. Melhor será usar serenamente as litanias
nocturnas, para, sorrateiro, levitar sobre os indígenas locais, evitando desse
modo, amargos de boca e amolgadelas no carácter. Aliás, porque será que em
Moçambique, a corda partiu, quando se sabe que o país detém recursos
fantásticos de gás natural? Até parece que as riquezas naturais só trazem aos povos os drones e o cheiro a pólvora. Aliás, em Timor, ainda foram a tempo de evitar
o pau. “Democraticamente”, por enquanto, para afastar a Fretilin, usaram a
chapelada à moda de Salazar e de “Bush” pai. Diga que é mentira…professor.