segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Petição Albertina Dias

Porque "atletas como Albertina, que faz parte dum restrito mas muito valioso lote dos que alcançaram a difícil honraria de serem os melhores do mundo, são um exemplo para todos, em especial para os jovens que pretendemos formar para um futuro mais saudável e sustentável."

"Porque obrigou a que uma lágrima nos escorresse pela pele".

Assine aqui a petição.

Agora sim!!!!

Mas a minha coerência anda pelas ruas da amargura. Sempre acreditei na necessidade de uma outra política. Paradoxalmente, quando ela se anuncia só me apetece dizer-vos que podeis ir sem mim. É que ando tão incrédulo, tão incrédulo... que nem sequer lá vou ter.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um país dirigido por homens sem qualidade

por Augusto Alberto


A bela e maldita Albertina está exaurida. Um abjecto fado, nos antípodas dos títulos que ganhou, soubemos há dias. Eu explico. Albertina Dias, a bela, porque ela contrariou a massa de que são feitas as grandes fundistas. Osso, músculo e nervo. Ao correr dos seus belos feitos, fez-se também uma mulher de rara beleza, que espero os anos e as agruras não tenham destruído. A maldita, porque há muitos anos, a uma pergunta de um jornalista, que com desassombro lhe perguntou: “que homem admira?” - Porque a desassombro se responde com desassombro, respondeu: - o dr. Álvaro Cunhal. Estava assim traçado o destino porque o pecado original, nesses termos, é capital. Desse pecado se falou, muito vagamente, a memória não me atraiçoa, no dia em que chegou de medalha ao peito, campeã do Mundo de corta-mato, e no aeroporto estavam os pouquinhos mais chegados, mais a “puta” da TV pública que foi ao frete. Dos “brutos” que mandam, nem um. Nem aquela bandeira que cobre na hora da partida a nossa heróica selecção de futebol, que em regra, regressa pífia e sem glória. Um bluff! Cá está, ainda, o Fado, Futebol e Fátima, que assombra o país canhestro da mendicidade material, intelectual e moral.

A cidadania, deste modo, é uma espécie de gaivota arreada na praia, com a asa ferida, fruto de um tombo provocado por um vagalhão em tempo de borrasca, que a impede de levantar voo e continuar a fazer pela vida, como aquela que outro dia vi, derreada, à espera do segundo da morte. Mas não se julgue que este é caso único. Eu próprio vi campeões olímpicos a trocarem algumas das suas medalhas por escassos euros. O que quer isto dizer? Que a miséria moral e ética, aqui ou acolá, entrou em delírio. É sabido que uma pátria que não respeita os seus melhores, não é boa terra, e, por isso, José Gomes Ferreira, disse: - viver sempre também cansa. Aparentemente o José tem razão, mas desistir não é próprio e por isso é preciso, em primeiro lugar, explicar aos menos atentos, quem foi Albertina Dias. Foi uma mulher olímpica e três vezes medalhada em Campeonatos do Mundo de corta-mato. Bronze, Prata e Ouro obrigando a que uma lágrima nos escorresse pela pele. E ainda dizer que o seu pecado original e capital não pode ser razão para vender a casa onde vive e licitar na rede as suas medalhas por 70 mil euros, para barrar a infelicidade, antes pelo contrário. E ainda acrescentar que gente com os mesmos méritos, que abdicou e teve a habilidade de passar a palma da mão pelo pó do poder, leva uma vida de bem-aventurança e de boa pança. Então a gente às vezes interroga-se: - que estranho país é este, que exige que se abdique, para se ter paz? E eu respondo. É um país dirigido, sem dúvida, por homens sem qualidade.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Naval num blogue vitoriano

Uma foto da equipa da Associação Naval 1º de Maio, de 1919, retirada de um blogue vitoriano.
Onde, além da história da centenária colectividade figueirense se recorda a estreia dos navalistas na divisão cimeira do futebol, com uma vitória por 2-0, no Estádio D. Afonso Henriques. Fica-se também a saber que a quarta colectividdade do país e a terceira a ser reconhecida pelo Comité Olimpico nunca foi um adversário agradável para os vimaranenses. Lá calha.
Aqui: http://www.gloriasdopassado.pt.vu/
(na barra lateral direita clicar em "clubes de portugal").

Angola, 0 - Tunisia, 3


Apesar da derrota por 0-3, na final frente à Tunisia, os "palancas negras" fizeram uma boa prova. Primeiro, foram a equipa sensação ao conseguirem mesmo ultrapasar a primeira fase, coisa que não estaria nas cogitações de muitos. Segundo, há a considerar que o seleccionado tunisino era composto por 80% da sua selecção principal, o que não aconteceu com a equipa rubro-negra.
A maior valia técnica e maior experiência dos magrebinos, aliados ao facto do treinador Lito Vidigal ter pegado na equipa pouco tempo antes, ditaram o resultado final.

Angola: a primeira final ou às portas de um feito histórico


Angola disputa hoje, às 17h30 no Sudão, a final da 3ª edição do Campeonato das Nações Africanas (CHAN) com a Tunísia. Este campeonato é disputado por selecções africanas formadas só com jogadores que disputam os respectivos campeonatos nacionais e intercalado com a CAN.
Depois de uma vitória (2-1 frente ao Ruanda) e dois empates, (1-1 com a Tunísia e 0-0 com o Senegal) na primeira fase, os “palancas negras” eliminaram os Camarões (0-0, 8-7 nas grandes penalidades) e o Sudão (1-1, 4-2 também nas grandes penalidades) e estão à beira de conseguirem o seu primeiro troféu internacional.
A selecção de Angola é treinada por Lito Vidigal, antigo jogador do Belenenses que já treinou o Estrela da Amadora e a União de Leiria.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desafiem o vosso democrático voto

Augusto Alberto

Hoje estive sobre a campa do “Hera”. O cargueiro que em meados da década de 60 do século passado, numa noite de vento e lavadia, se sepultou, mesmo agarrado ao molhe norte, sob areia fina, húmida e morna. Corri pela praia, desde o Teimoso até lá e voltei. E é desta praia, figueirinhas, que vos quero falar e para dois desafios.
O primeiro, desafiá-los a utilizar o colossal espaço lúdico que a natureza construiu na sequência do prolongamento do molhe norte. Não devereis recusar, porque ali está, como nenhum outro. Exactamente, porque o outro que esperamos e que deveria ser construído pelos homens, não existe. Os homens nunca foram capazes de nos dar tamanha alegria, antes pelo contrário, quase tudo o que têm conseguido é encornar-nos. E agora a natureza, sorrateira, substitui o poder autárquico, ainda que os amantes do surf se queixem que lhes roubou a “maluca”. Perdoe-se, porque as duas plataformas, de areia fina e dura, a superior e inferior, quando a maré escarna, da Tamargueira até ao molhe, estão sublimes.

Passeiem da Tamargueira até ao molhe. Sobre o “Hera”, firmem bem os olhos de frente para a vila, porque verão, em suave socalco, o forte que resistiu a piratas e às hordas de Napoleão e o casario piscatório, num quadro cromático sublinhado pelo tom único, de cinza, da Figueira. Na vazante, passeiem candidamente pela plataforma inferior, ligeiramente arrampada, com uma frente para lá dos 100 metros, seguramente, desde a consolidada plataforma superior, até onde a vaga se espraia, olhem os finíssimos canais que a água subterrânea que corre dos caneiros de Buarcos e do Galante constrói até chegar ao mar. Vejam o sol saltar nas microscópicas pedras de mica e quartzo. Vejam os bandos de gaivotas e os seus voos rasantes. Ouçam o marulhar das ondas, aspirem a maresia mais o iodo. Sublime!
O segundo convite, na sequência do primeiro, vai no sentido de desafiarem o vosso democrático voto. Sugiro que entrem na sala, recolham o vosso voto, não se dirijam à câmara, não o danifiquem, não o tornem branco, saiam da sala, dirijam-se à praia, de preferência em grupo, e atirem-no ao oceano, elegendo a natureza vossa depositária e mãe, mandando às malvas os que ao vosso voto, respondem com tretas. Assim, como se atiram flores a “yemanjá”, sereia e rainha das águas, mãe dos orixás, protectora da vida. Afinal, o mar é o bálsamo que cura feridas que alguns homens se entretêm a abrir.
Já sei, virá cá alguém e perguntará, e o senhor atirará o seu voto ao mar? Eu, nunca! Votarei sempre como tenho votado. Não sinto remorsos, porque o meu voto nunca foi dado a quem nos tem andado a encornar, por isso, não tenho que mudar. Exactamente encornar, porque após as promessas, os figueirinhas são sempre os últimos a saber que afinal as promessas não são para cumprir.
Até à próxima.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma dupla de mérito

Carlos Certo e Fernando Maltez receberam a Medalha de Mérito Cultural em Prata. Segundo o vereador Vitor Coelho, que apresentou a proposta, aprovada por unanimidade, os dois conhecidos actores amadores têm "contribuído para o desenvolvimento e difusão da história do concelho, das suas tradições e da sua cultura popular".
Aqui ficam os parabéns para a famosa dupla.

Zeca



Que dizer?

Da vergonha...


"Em Miragaia, no Porto, eram oito os filhos no casebre pobre. E mal Albertina Dias nasceu, o pai morreu...
- Passei mal. Até para comer. tive de começar a trabalhar pequenina, deixar de estudar cedo, apesar de ser boa aluna. Num escritório de despachantes, nas limpezas. Depois num armazém, a carrejona: levava sacos de figos à cabeça onde fosse preciso. Um horror, sobretudo a galgar as ruelas íngremes da Sé.
O atletismo afastou-a da miséria. Em 1990, sagrou-se vice-campeã mundial de corta-mato, dois anos depois juntou bronze à prata, em 1993 fez o que nunca nenhuma portuguesa fizera, nunca mais nenhuma faria: campeã do mundo.
Casou-se com Bernardino Pereira, seu treinador. Teve uma filha. Em 2003, o destino deu-lhe, cruel, de novo, volta à vida: ele morreu de cancro. Ela tinha 37 anos, atrevera-se a treinadora, fizera de Ercília Machado campeã nacional...
- Pedinchei ajuda, nada. Até que Rosa Mota e Pompílio Ferreira conseguirem que me dessem lugar de animadora desportiva na Gaianima. A 400 euros por mês. Era pouco, trabalhava a dias ainda...
No fim do ano, a Gaianima prescindiu dela. Pôs à venda a casa onde vive
- Não quero que a minha filha passe o que eu passei...
e decidiu leiloar as três medalhas dos CM na Net, com licitação a 70 mil euros...
- Custa muito. É pedaço de mim que... que... como um rim... Mas não posso comer as medalhas... Ando a fazer limpezas em duas casas, a cinco euros à hora...
Uma vez que em 2010 a direcção-geral de Contribuições e Impostos gastou 30 mil euros só em medalhas comemorativas do seu 160º aniversário e o Banco de Portugal 190 mil em moedas e afins - será que não há por aí organismo do Estado que compre as da Albertina e as vá depositar no Museu do Desporto?
Era a forma de a compensarem pelo modo como a foram tratando neste país que cada vez mais regressa pior ao país do Cesariny: onde os homens são só até ao joelho e à noite nos rondam os dias em ruas cheias de cadillacs obscenos que na sua metáfora são a nossa vergonha.
(Pois, parece-me que estou a ouvir um murmúrio a dizer-me para ter juizinho...)


António Simões (in jornal "A Bola", em 2011-02-22)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O papel que fala de nós

por Augusto Alberto


Dia 15 de Fevereiro, deste ano da nossa desgraça, comemorou o jornal “Avante!” 80 anos. Na tarde desse estimado dia estava um pouco verrinoso e por isso decidi deixar tudo e plantar-me em frente da TV, na esperança de que um dos canais, que à mesmíssima hora transmitem uma coisa igualíssima, “opinião publica”, viesse falar do “Avante!”, num saboroso golpe de asa, e do seu colossal contributo para a mudança das nossas vidas. Em vão.  Resolveram falar do Sporting. Em rigor, calaram a razão para falar da emoção. Decepção minha, porque falar do “Avante!”, é dizer das nossas razões, como no primeiro número é deixado claro: "um órgão na imprensa que se torna indispensável para denunciar ao Povo Português todas as tropelias, todas as maldades e todos os crimes que contra ele se praticam diariamente". Palavras sábias, justas e actuais. Falar do Sporting, é dar uso às emoções. Contudo, o que ali estava, ainda assim, era uma entorse, porque do que se falava era de futebol, e não do Sporting. Essa discussão que corre a par da emoção é quase sempre irracional e, por isso, é-me irrelevante porque se revela um longo e torto caminho.
Do Sporting, confesso, gosto sobretudo do seu excelso ecletismo, razão que o colocou uns furos acima. Recordo bem que num dos períodos mais brilhantes, o clube mobilizava com regularidade por debaixo das arquibancadas do velho José de Alvalade, milhares de amantes da ginástica desportiva, nas suas várias facetas, num tempo de indigente cultura e actividade física, dirigida de modo dedicado e superior, por uma figura grada do regime e por ironia, um figueirense. E também, por exemplo, a grande figura de Armando Aldegalega, talvez o primeiro homem em Portugal a dar sistematização ao treino da maratona. Aliás, a quem tentei, debalde, ganhar em alguns encontros, nos asfaltos das vilas e cidades desta pátria maior. Mas falar do “Avante!”, será sempre a referência a memórias racionais de gente anónima que se tornou extraordinária, porque fazê-lo e distribui-lo é contar as mais aprumadas e heróicas histórias da resistência e da democracia e por isso, porque as TV’s do regime não me deram o direito à razão, eu num ápice resolvi a questão. Fiz o zaping aconselhável e parei num dos meus absolutos canais. No Mezzo, e, nem de propósito, ainda fui a tempo de “ouver”, mais uma vez, a Sinfonia do Novo Mundo de Dvorák, tocada pela Sinfónica de Nova Iorque. A sala, enorme, é branca e austera. Os líderes do regime norte coreano acorreram ao teatro em Pyongyang, num raro momento de distensão. A orquestra e o maestro Lorin Mazel, pujantes e absorvidos, ganharam a concentração e a emoção, deixando-os quase sem contracções corporais e eu tomado pela mesma emoção, quase também. Afinal, somos todos carne e nervos do mesmo Adão.
Como ao correr se vê, não dispenso as emoções do ecletismo no desporto, dos grandes sons e sobretudo não dispenso as razões dos melhores, que são os que lutam até ao acabar da vida. Foram os que fizeram e distribuíram e os que hoje fazem e distribuem o “Avante!”, o papel que fala de nós.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Kosovo: 3 anos de... de... de independência


Uma das últimas grandes acções do Terrorismo Internacional Organizado (sem aditivos melindrosos) (T.I.O. S.A.M.), foi, sem dúvida, a independência do Kosovo. Com a ânsia de desmembrar imediatamente a Servia serviram-se de um grupo de bandidos da pior espécie, o UÇK, ao ponto de lhes entregar o território.
Reconhecido apenas por 75 países, entre os quais Portugal, e sem ainda ter sido admitido na ONU, o Kosovo não tem muitas razões para festejar o 3º aniversário, que hoje passa. Diz-nos os jornais que não está mesmo prevista qualquer cerimónia de nível nacional.
Pudera.
O primeiro-ministro (será um eufemismo?), um tubarão do crime organizado, oriundo do tal UÇK apoiado por americanos e europeus, está envolvido numa rede de tráfico de órgãos de prisioneiros sérvios, nos anos 90. A juntar aos negócios de droga, armas, prostituição e afins, é caso para dizer que o mundo “civilizado” e “democrático” tem as mãos muito sujas. E nem só de sangue. 
Arrepiante, arrepiante, é sabermos agora que as Nações Unidas souberam do tráfico de órgãos de prisioneiros sérvios em 2003.
Mas tem mais: uma taxa de 40% de desemprego, onde 45% da população vive no limiar da pobreza.
A única coisa que falta saber é se a população do território escolheu a independência, e se a escolheu nos moldes impostos pelo capitalismo internacional. Não me parece.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Avante!


Faz hoje 80 anos que saiu a primeira edição do jornal Avante!.

Na clandestinidade desde a sua fundação até ao 25 de Abril de 1974, só nos primeiros anos de vida sofreu algumas interrupções. Sempre ao lado dos trabalhadores, durante a ditadura fascista, foi a voz dos seus anseios e aspirações.

Recordo aqueles que, durante anos e anos de clandestinidade, o construiram. À custa de prisões, torturas e, até, da própria vida.


Hoje por hoje, continua a ser o único jornal que não está nas mãos do capital.

Entrevista com o escritor José Casanova, director do Avante!

A emoção insuspeitada


A mordacidade, a ironia, o humor descomprometidos com que pratica a sua arte, sobretudo o cartoon, leva-nos aos domínios da razão muito mais que aos da emoção.
Mas vá-se lá saber porquê, a condição humana é fodida. O homem está emocionado, caralho.
É ele que confessa. Aqui.