domingo, 14 de março de 2010

Adieu Camarade

Acabo de saber, via Cantigueiro, que Jean Ferrat, o militante da fraternidade, aquele que melhor cantou Aragon, partiu.
Autor de inesquecíveis canções, algumas já aqui na “aldeia”, como Nuit et Brouillard, La Montagne e muitas outras.
Deixo-vos uma que me recorda, sempre que a ouço, o meu avô João de Campos. Que esteve lá, do lado dos vencidos.




C'est un joli nom Camarade
C'est un joli nom tu sais
Qui marie cerise et grenade
Aux cent fleurs du mois de Mai
Pendant des années tu sais
Avec ton seul nom comme aubade
Les lèvres s'épanouissaient
Camarade, camarade









sábado, 13 de março de 2010

Que sorte!

Augusto Alberto

O Mar Egeu banha a Turquia, Creta e a Grécia, e está carregado de pequenas ilhas, muitas, inabitadas. Pelas suas águas passam barcos com gente em relaxe. É sabido que muitos homens descartam a hipótese de ter um iate, em favor de semanas de aluguer, passadas nos recônditos das Ilhas gregas, sulcando as calmas água do Egeu. São homens recatados, que desse modo fogem das vistas e dos incómodos das fotos e do povo, que é ignaro, olhudo e invejoso e que já quase não tem para a galheta do azeite.

Famílias inteiras estendem-se na coberta do iate, lendo a paisagem ou dando o corpo ao sol. Lânguidos à chegada do lusco-fusco do fim do dia, regressam à cabine e em paz saboreiam os acepipes que o cozinheiro qualificado, recomendou e cozinhou. Uma vida santa, feita de modorra e pachorra. Nesse mar azul-turquesa, Maria Callas aproveitava para recuperar e aveludar a voz e Jacqueline, sentada em sítio próprio, mandou dar uma volta o luto por Keneddy. Onassis, nada tolo, comeu e saboreou das duas e do Egeu.

Lembro-me agora destas histórias, que não acabam aqui, porque chegou o PEC (programa de estabilidade e crescimento) e porque a Grécia, apesar do seu admirável Egeu e das suas belíssimas ilhas, está em bancarrota.

E porque a história não está completa, como disse, e tem sujeitos, lembro-me que há uns anitos a abertura de um dos telejornais deu nota de um acidente com um desses iates de luxo, em cruzeiro pelo belíssimo Egeu, que transportava uma discreta família portuguesa. Por ventura, uma daquelas que não está para ser olhada e por isso, não tem iate próprio por cá, mas pode tê-lo por lá, ou simplesmente o aluga.

Recordo-me que a família deu ar de poucas falas, porque deu conta da captura do seu segredo e o capitão, debruçado sobre a amurada, apresentou ao repórter um ar façanhudo, porque a descrição nestas coisas é a alma do próprio negócio e da viagem.

Perguntarão os caros leitores deste simples blog, ao que venho, se a vida é de cada um e é assunto reservado? Bem sei, mas as questões para mim não são tão simples.

Porque gente como Sócrates e Platão, discípulo do primeiro, que privilegiou a rectidão e a humildade, se tivessem adivinhado que gente ai vinha, teriam tomado as devidas cautelas, impedindo a pátria grega, de parir gente assim, completamente inapta, vassala e de um lado só. E por fim, está-me a parecer que a tal família que quase naufragou ao embater nos costados de um rochedo, deve estar a pensar que o tal PEC, lhe está a fazer, só, uma breve e ligeira comichão. Por absurdo e ao arrepio do que disse o grego Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, o Sócrates de cá, nome próprio, só consegue conhecer e conceber como malhar nos fracos, porque o PEC, sobretudo, é grande para os ricos.

Neste momento em que escrevo, fui ver a meteorologia para o Egeu e ela disse-me que o tempo está e vai estar lindo e de temperatura de amêndoa e por isso, estou em crer que não há PEC que lhes afunde o iate. Que sorte que nós não temos.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O convite


Recebi, via e-mail, um convite do Partido Socialista para estar presente na apresentação da sua candidatura às eleições intercalares de Quiaios.

Claro que não ficando ofendido também não me senti lá muito honrado com tal convite. Acho que tal iniciativa por parte dos auto-denominados socialistas revela uma enorme falta de tacto e uma também enorme falta de sensibilidade política. Mas enfim. Penso que os leitores deste blogue não estão a imaginar lá a minha presença. A não ser como jornalista, o que não é o caso. É que sou mesmo alérgico a fascistóides, a boys e outras quejandices que tais. Ainda há dias um dos tais dessa confraria disse que o artigo 57º da constituição era … bem, está no post anterior.

Continuo solidário com os milhares de trabalhadores desempregados, com os milhares de trabalhadores que ganham uma miséria, com os milhares de trabalhadores que têm perdido direitos. Continuo inconformado com o encerramento da maternidade do HDFF, estou contra o possível e/ou provável encerramento do Serviço de Oncologia. Estou contra muita coisa.

Acho que há pessoas que deveriam ter vergonha na cara. Mas não têm.


Vergonha? Para quê?



cartoon daqui

O patronato mais reaccionário, muito bem acolitado pelos sucessivos governos “ps,” aproveitando-se de uma falta de capacidade de indignação da maioria da carneirada, assume, desavergonhadamente, a perda de direitos dos trabalhadores que se pensavam inalienáveis como uma coisa absolutamente normal.
Embora lento este processo já se vinha impondo, mas agora é às claras. Desta vez foi o “mamão” da TAP que insultou pura e simplesmente a Constituição da República dizendo que o seu artigo 57º é coisa do século passado.
Está bem que o século passado foi só há dez anos, mas não tenho pachorra para ouvir um filho da puta qualquer dizer estas baboseiras para encher os bolsos enquanto o país se afunda.
A culminar, a incapacidade de indignação pode acarretar danos terríveis. Acabo de ouvir , via telé, que se as eleições fossem hoje, o bando de malfeitores, corruptos, sucateiros, boys e afins que nos tem governado, ganhariam. Na mesma sondagem mais de 40% dos inquiridos diz que é mau o desempenho do governo.
Assim, quem está no poder para que é que precisa de ter vergonha?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Os apetites da choldra são inconfessáveis

Augusto Alberto


Dentro do possível tenho seguido os acontecimentos na Grécia. Estou, contudo, crente que nem toda a verdade nos chega, nem se calhar aos próprios gregos. Neste particular, sigo com atenção as informações que o enviado da RTP, Paulo Dentinho, nos tem enviado, apesar de dar de barato algumas imprecisões por análise enviesada, ainda que piamente admita que não seja por mal. De qualquer modo, registo uma informação capital. Disse que a sociedade grega está dividida ao meio. Que o sector privado apoia as medidas e o sector público, nestes tempos duros e conturbados, é o sector que metodicamente tem descido à rua. A ser verdade, tenho eu, um ex e pobre funcionário público, de concluir o seguinte: este modelo social, com as suas milongas, conseguiu criar aquilo a que chamam, a classe média. Haverá por lá gente boa, certamente, mas que não chega para alterar a regra de ser uma classe perigosa do ponto de vista social e político, porque se habitou a viver das sobras e migalhas e por isso, parafaseando um belo ditado popular, dá a ideia de que nem truca truca, nem sai de cima.
Parece, então, ser a classe dos empatas, mas desenganemo-nos, porque sabem bem como desempatar e a favor de quem. Em segundo, porque a cartilha é a mesma, o sector público acaba sendo o cepo das marradas. Acusado de todos os males e de modo insubstituível, atirado contra o resto da população, numa divisão a merecer das estratégias do poder, cordeiro com os fortes e sempre corajoso a bater nos fracos. Mas há ainda uma outra conclusão, ainda que menos admirável de certeza, mas que deixa grande azia em muita cara linda. Como seria interessante ter os comunistas na mão e espremê-los, mas desta feita, não são de lhes atribuir especiais responsabilidades por estas coisas, porque sem poder na informação, no executivo, no financeiro, no judicial, e no legislativo com intervenção tão esparsa, são afinal tão vitimas destes desmandos como qualquer normal cidadão à rasca com a conta da casa, ou sem dinheiro para o pão e os livros dos filhos, e com o depósito do carro quase seco e a arrastar-se pelas más estradas gregas.
Mas também vi que pela Grécia chegou a hora dos sindicalistas amarelos sentirem na pele a ira dos desesperados e deserdados. Porque a paciência se esgotou ficaram a saber que algumas habilidades correm riscos e tem espinhos.
Mas acontece que sobre a Grécia, as noticias não param e correm céleres de angústia. E por isso, pareceu-me ver o seu primeiro-ministro com a corda e o laço ao pescoço logo que desceu do avião e pisou terra alemã, numa viagem de submissão e vassalagem, ainda que antes o seu vice tivesse dado roda de gatunos aos alemães, quando disse que está na hora dos alemães devolverem o ouro roubado dos bancos gregos no período da segunda guerra, e ainda não devolvido. Com amigos destes e apesar de serem filhos desta comunidade europeia, que se cuidem os gregos, porque até uma qualquer ilha, ainda que deserta, poderá mudar de mãos, porque os apetites da choldra são inconfessáveis.

terça-feira, 9 de março de 2010

Jornalismos



A minha experiência como jornalista não é por aí além. Resume-se a uma meia dúzia de anos na imprensa local, a umas leituras de alguns manuais e a uns ensinamentos e alguns puxões de orelhas do saudoso José Martins. Há um bom par de anos.
Mas sempre se aprende alguma coisa. Por exemplo, nunca colocaria em manchete o que não é notícia e o que não é notícia é aquilo que toda a gente sabe.
A imprensa diária de hoje dá a ideia que descobriu a pólvora.Toda a gente sabe que o governo, se for coerente e continuar esta política, vai atacar agora a classe média.
E é fácil chegar a esta conclusão, por exclusão de partes. Ora vamos lá a ver: a classe produtiva ou já ganha tão pouco ou está no desemprego, o que, traduzindo, está solene e democraticamente esforricada. A classe alta é a que manda, seja no governo seja nesta porra toda. Essa não se queixa.
E a solução disto tudo passa pela sua supressão.

Contributo para a criação de um novo Prémio Nobel

Não sabendo nada de finanças, acabei por me fixar num pormenor que não dará ao Ministro Teixeira dos Santos o Nobel da Economia, mas, quem sabe... o da Física, ou mesmo o da Pouca Vergonha na Cara. É que, mesmo sabendo nós que o facto de a água aumentar de volume quando é congelada é uma excepção, o nosso ministro consegue ainda assim duas proezas de monta que nunca tinham sido vistas, pelo menos feitas com dinheiro:

1. Congela os salários dos trabalhadores da Função Pública... e estes ficam mais pequenos.

2. Embora afirmando que até 2013 as possíveis actualizações dos salários serão feitas abaixo dos valores da inflação, mesmo assim chama a isso “aumentos salariais”.

segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de Março - duas poetisas

Testamento

À prostituta mais nova,
do bairro mais velho e escuro,
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro…

E àquela virgem esquecida,
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda…

Este meu rosário antigo,
ofereço-o àquele amigo,
que não acredita em Deus…

E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,
esses que são de dor
sincera e desordenada…
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu amor…

Para que, na paz da hora,
em que a minha alma venha
beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora…
com passos feitos de lua,
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua…

Alda Lara (Angola)








8 de Março

para mim um dia é pouco
quero ter equiparados
todos os dias do ano
e pelo mesmo trabalho
salário igual



não faço por (a)menos
um átimo não é ótimo
voo às últimas
consequências

pela ética
pela ótica
pela prole

por nós

Líria Porto (Brasil)

domingo, 7 de março de 2010

Vómitos tutti-fruti


Já há tempos que não apareciam por cá. Refiro-me aos anónimos, esses detestáveis vómitos muito renitentes em darem a cara. Sejam do “ps”, do PSD ou do CDS, o que posso dizer é que me metem nojo. Claro que antes do 25 de Abril eles eram muito mais felizes, estavam todos juntos e na paz do senhor.
Estando seriamente a pensar colocar a caixa de comentários interdita a vómitos sempre posso ir adiantando e mandá-los para a puta que os pariu.
Devo avisar que só eliminei os comentários que entraram pelo insulto pessoal; os outros, os que defendem ideias diferentes das minhas não me incomodam nem nunca me incomodarão, a situação do país e do mundo fala por si mesma.
Posso ser acusado de também insultar. Isso assumo. Alguém já considerou o insulto uma forma legítima de expressão, mas devidamente assinado e assumido. Agora estarem no poder e terem vergonha das próprias opiniões é a mesma coisa que se auto-considerarem escroques. Esses, não consigo mesmo respeitar, nem merecem nem querem ser respeitados. E assino por baixo.

O Teatrinho

Augusto Alberto

Para adormecer tenho que ler, mas neste dia deu-me para fazer zapping e fui calhar em boa hora, ao canal Odisseia. Chamou-me a atenção o facto da peça começar por falar sobre Patrice Lumumba. Fiquei e fui seguindo o correr dos textos e imagens. Foram testemunhos, na primeira pessoa, de agentes da CIA e alguns dos seus mais notáveis directores, numa lista de casos bem alinhados e sistematizados. Passou pelas dezenas de tentativas para liquidar Fidel, pela aventura na Baia dos Porcos, pelo Vietname, e por fim acabou com a pinochetada fascista, contra a unidade de Allende. Deixo de remissa a liquidação de John Kenedy, porque isso, apesar de cronologicamente também caber nas descrições, é outra conversa. Deste conjunto de acções retenho, para já, os factos passados na Baia dos Porcos e a guerra do Vietname.
Na primeira pessoa, disse um ex-agente que o desembarque na Baia dos porcos teve, primeiro, como convém nestas coisas, uma provocação. E qual foi? A CIA atentou contra cidadãos americanos, pasme-se, e a seguir responsabilizou forças da Revolução Cubana, pelos factos. Estava montado o cenário para a invasão da ilha de Cuba no ano de 1961, com o desembarque mal sucedido na Baia dos Porcos por cerca de 1.500 cubanos de Miami, que foram ao frete, mal amanhados e sem apoio.
A guerra do Vietname, também, como convêm, passou primeiro por uma provocação. O ataque a um navio americano no ano de 1964, no Golfo de Tonkim, pela marinha do Vietname do Norte. Ainda hoje, não é líquido, mais uma vez na primeira pessoa, que tal facto tenha ocorrido. O que se sabe é que a sanha criminosa contra as populações indefesas do Vietname atingiu as raias da loucura e acabou com a derrota americana e com 50 mil baixas nas suas forças armadas. Sempre na primeira pessoa, Lyndon Johnson e Nixon tiveram da CIA sempre as informações que desejaram, sobretudo do seu Director, Richard Helms, para lançarem os seus actos tenebrosos e terroristas. Mas será preciso esclarecer que recentemente, também a CIA forneceu a Bush, Blair, ao maoista português e ao fascistazito espanhol, informações forjadas, mas necessárias para avalizar o avanço para o Iraque.
E por fim, em Novembro de 1963, John Kennedy, de candeias às avessas com a CIA, na razão do descalabro na Baia dos Porcos, é executado numa visita a Dallas, no âmbito da sua campanha eleitoral com vista à sua reeleição. Na primeira pessoa, o ex-agente contou que Robert, seu irmão, também mais tarde assassinado, se encontrou com Richard Helms, o Director em funções e lhe perguntou: - o que é que a CIA tem a ver com o a morte do meu irmão? Esta, novamente na primeira pessoa, é, ainda hoje, o grande segredo da CIA e da política americana.
Alguns agentes acusaram a CIA de crimes contra a humanidade. Mas acontece que o tribunal penal de Haia não julga criminosos americanos, só os derrotados que num dado momento resolveram olhar olhos nos olhos, o Império.
Ocorreu-me escrever sobre estes factos numa altura em que uns rapazes lá por Cuba se dedicam à luta pelos direitos humanos utilizando uma arma, quase que diria, de fim de linha, a greve da fome, que acabou para já, com uma morte. Mas também notei que as reacções internacionais começam, como dizer, a ficar frouxas. Talvez porque esta gente perdeu o crédito, ainda que de quando em vez, para manter a chama e a face, se dediquem ao teatrinho.

sábado, 6 de março de 2010

Nos 89 anos do PCP, uma foto inédita de Álvaro Cunhal


Na Festa do Avante de 1999 António Gomes esqueceu-se da máquina fotográfica. Arranjou, como último e único recurso, uma daquelas descartáveis que saíam na coca-cola. Pela tarde solarenga vê dirigir-se-lhe Álvaro Cunhal, acompanhado de vários camaradas.
Enquanto trocam um “olá camarada” e um aperto de mão, Gomes, um condutor de pesados, tem a máquina na mão esquerda e dispara.
O velho revolucionário sorri. Será sempre um sorriso enigmático. Nunca saberemos o porquê desse sorriso. Se pela situação em si de ser fotogradado naquelas circunstâncias, se uma reacção irónica perante a simbólica máquina. Num caso ou noutro terá sido um sorriso condescendente.
O autor pensa que foi a última Festa em que Cunhal esteve presente. Não estou em condições de o confirmar.

Agora a história da foto. A máquina esteve perdida durante anos. Encontrada durante umas arrumações o autor mandou revelar o rolo. Estavam todas estragadas, à excepção desta, mesmo assim parcialmente, atendendo que foi tirada numa tarde de sol.
Fica-nos, para além dos traços inexoráveis da idade, as marcas de uma vida dedicada a uma luta sem tréguas contra o fascismo, de uma vida clandestina, de anos de prisão.


6 de Março de 1921 – PCP 89 anos


A história do PCP é a história da luta por uma sociedade mais justa. E a história da luta contra a ditadura que assolou o país quase se resume à actividade dos comunistas.
Ao longo de quase 50 anos de ditadura, os comunistas foram o alvo preferencial do fascismo. A imensa maioria dos presos que, durante quase meio século, encheram as cadeias fascistas era composta por militantes do PCP – o único partido que ousou fazer frente à ditadura, o grande partido da resistência antifascista.
Bem cedo se iniciou a perseguição e prisão de militantes comunistas, ainda na 1ª República. E, na repressão aos movimentos grevistas de protesto operário e às iniciativas de carácter progressista, antes mesmo do golpe de 28 de Maio de 1926, já os militantes comunistas eram o principal alvo das forças repressivas dos vários governos republicanos.
O registo das primeiras prisões de membros do PCP remonta ao dia 1 de Setembro de 1921. Nesse dia, as Juventudes Comunistas promovem uma campanha de agitação, com afixação de cartazes nas ruas e nas fábricas de Lisboa, comemorando o dia Mundial da Juventude Comunista. São presos 12 jovens. Primeiro enviados para a cadeia do Limoeiro, são depois transferidos para o Forte de S. Julião da Barra, donde serão libertados na sequência de insurreição militar de 19 de Outubro desse ano.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Do Estado. Reflexão



O Estado em Portugal é, políticamente, um Estado social para as grandes empresas e grupos económicos, neo-liberal para as médias e pequenas empresas e um estado fascista para com as classes trabalhadoras.


quarta-feira, 3 de março de 2010

Os zigue-zagues de uma barata tonta

Não foi a primeira vez que o deputado à Assembleia Municipal Nelson Fernandes deixou a bancada socialista a falar sozinha com as suas contradições. Movidas, claro, por interesses privados e muitas vezes perigosos. Digamos que neste capítulo a tarefa de Nelson não é muito difícil, e é por vezes até divertida.
Mas desta vez, pelo que leio em alguns blogues, ficou a descoberto, se já não estava, a falta de ideologia e de norte de um partido que se diz de esquerda, traduzidas na sua política de difícil sustentação.
Porque é difícil mesmo defender a aniquilação do Serviço Nacional de Saúde, a perda de valências em hospitais distritais, com o objectivo de favorecimento à medicina privada.
E perante uma moção apresentada contra o encerramento do Serviço de Oncologia do HDFF os “socialistas” reagiram como baratas tontas, não sabendo se haviam de defender a sua própria política ou se haveriam de dar espaço ao bom senso. Foram imbuídos pelo independente que os lidera na Câmara a terem um pouco de tininho. Tiveram-no sim senhora. Hipocritamente ou não, agora não interessa.
O deputado da CDU não fez mais do que ser coerente com a política da coligação que representa, tendo defendido as ideias e os interesses quer dos que nele votaram quer da maioria da população. Quando do encerramento da maternidade, em 2006, foi a CDU a força mais visível, senão a única a lutar. Já em 2001 o “ps” tentou encerrar as urgências. Foi a CDU que se mexeu. É importante não termos a memória curta.
A culpa não será toda destes cafres que nos governam. Quem votou neles deverá proceder a uma reflexão muito séria, sob pena de poderem ser responsabilizados, eticamente claro, do estado do país.
Porque com freportes, faces ocultas e outras quejandices os que neles votam não ganham nenhum.