segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Buiça

Augusto Alberto

É desta que me vou tornar anjinho e vou para o céu. Como na terra sou um dos que vai ficar sem o 13º e o 14º, e ainda vou ver os 700 e tal a baixar, evidentemente que entrando na pobreza, o meu reino será o reino do céu. Sem conversão, vou tão só reaprender coisas como, padre-nosso que estais no céu…ou ave-maria cheia de graça…que desgraça, enjoativo e nauseabundo é ter de aturar gente que já não sabe o que fazer e que dizer. A cartilha entrou em roda livre.

Mata e esfola, disse o delirante senhor primeiro-ministro. Oh caralho, onde tirou vossa excelência o brevê? Aqueles rapazes que se atiraram contra as torres gémeas ainda aprenderam a guiar o avião em plena marcha, e zumbam, lá vamos, mas o senhor não sabe sequer atinar com a porta do cockpit. O senhor é uma lástima. Cale-se e leve os seus técnicos para o caralho das universidades onde se estuda pela cartilha que só ensina como empobrecer os povos. Mas olhe que empobrecer pode querer dizer, perder a tramóia e pode alguém um dia fazer como o Buiça, sabe, aquele que pôs o olho naquele reizinho dado às artes e ao fornicanço com as putas e sobre o povo.

No tempo do fascismo, uma boutade como a que o senhor deixou:” Portugal só conseguirá sair da actual crise "empobrecendo", dir-se-ia: - é de cabo de esquadra. Sim, cabo de esquadra, porque os cabos de esquadra por esse tempo, eram grossos e analfabetos e o senhor pouco passa. E porque não passa acima de abelhudo, ainda nem sequer percebeu que os sacerdotes da bolsa são sôfregos. Logo percebam que o senhor é o “castanho” que cumpriu o guião e depois se torna incapaz, ponto final. Bem sei que é preferível ser primeiro-ministro por uns meses do que ser o apoderado por muitos anos do Ângelo Correia, o “tartufo”, que acha que os direitos adquiridos não se aplicam aos outros, mas só a ele.

Eu, cidadão dos 700 e tal, tenho o direito de não querer ir para o céu, de não querer ser anjinho e muito menos ter um sacerdote como o senhor a fazer-me o funeral. Deixe-nos! Parta com a corja que o senhor arranjou e passem pela santa da ladeira do pinheiro, porque vossas excelências nem santa a sério merecem, e aproveitem para expiar as vossas tentações. E o Portas que não esqueça o crucifixo.

domingo, 30 de outubro de 2011

Executivo camarário faz 2 anos


O executivo camarário comemora hoje, dois anos.
Ironia, ou talvez não, precisamente no mês em que obtém a sua melhor perfomance e a sua maior derrota.
Comecemos pela derrota: o chumbo do concurso das obras do mercado pelo Tribunal de Contas. O que não será nenhuma admiração por aí além, uma vez que aquilo esteve sempre embrulhado numa salgalhada que ninguém conseguiu ainda entender até agora. A pressa de tirar os concessionários do mercado, com aquisição de uma estrutura onde iria funcionar provisoriamente e, pelos vistos, sem condições e sem garantia de aí poder ficar durante as putativas obras. Acresce que há especialistas que defendem ser possíveis as referidas obras de melhoramento ou requalificação, ou o que quiserem chamar, com o mercado a funcionar.
A grande vitória foi no dia 5 a inauguração de um busto do grande ícone do “betão”. O início e apogeu da época de ouro do “pato-bravismo” na Figueira da Foz coincidiram com os consolados de Aguiar de Carvalho. Claro que teve seguidores, não quero ser injusto com os que se lhe seguiram. O caso da Ponte do Galante, entre outros, impede-me a injustiça.
O que não deixa de ser estranho é que na Assembleia Municipal a instauração do busto foi aprovada por unanimidade e aclamação, o que deve ser aquilo a que eu já ouvi chamar de "democracia permissiva". O que também pode significar que a Figueira não tem mesmo concerto.
Até que gostava de dar os parabéns ao distinto executivo, mas não vejo lá grandes razões para isso.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Com todo o respeito!!

Jorge Palma lança segunda-feira o seu mais recente disco.Isto, apesar de ser uma boa notícia, não é propriamente uma noticia. Noticia mesmo é o título do trabalho, que pode ouvir aqui.

A arca de Noé

Augusto Alberto


Na babel do Teatro dos Sonhos, o Manchester United recuou na história porque levou 6 do rival City. Uma folia como há muitos anos não se via. O Sheik Mansur, um árabe endinheirado, ficou muito feliz porque viu justificado o seu investimento na sua babel. Domingos Paciência rejubilou porque um holandês, um chileno, um peruano, um português… comemoraram efusivamente um soberbo golo. Ou como um golo pode ser uma babel de emoções. E Cristiano Ronaldo teve a oferta, aliás como toda a babel do Real Madrid, de um carro de alta cilindrada. Ao Real e a Ronaldo tudo se paga e tudo se dá.
 Estava eu a matutar que enquanto a uns tudo se dá, a outros, antes pelo contrário. Neste momento de grande aperto financeiro para todas as modalidades que estão para cá do futebol, estou-me a lembrar que eu, pobre aposentado da função pública, é quem vai ajudando a suportar as despesas de preparação da atleta com quem trabalho há quase 4 anos. Bem sei que um dia as contas serão ajustadas, mas não deixa de ser irónico que são os que menos têm, os únicos, quem carrega a pátria nos ombros.
Cristiano Ronaldo faz parte de uma lista de atletas de onde sairá o atleta do ano e eu, de uma lista de onde sairá o treinador do ano. Aparentemente, aqui chegados, parece que todos somos iguais, e todos temos os meios necessários, mas a verdade não é assim. Ao Ronaldo tudo se dá, tudo se paga, tudo se faculta e eu, pobre amante das coisas da actividade física e do desporto de rendimento, ando sempre à procura de ser estóico e inventivo. A estoicidade, assim, é uma puta.

Ronaldo parte em clamorosa vantagem e assim o meu desconforto é enorme. É por isso que estou farto da rábula da arca de Noé, onde aparentemente todos os bichos cabem. Mas a vida mostra que há uns bichos mais bichos do que outros e, por isso, uns caiem para foram e outros tombam para dentro. Bem sei que acima das minhas mágoas estão os interesses da modalidade e da sua federação e é por isso que por vezes tenho de viver com a boca e a garganta secas. Também por aqui se vê que a luta de classes é longa e tortuosa. Este é um combate muito difícil, que no actual quadro, é um combate perdido, reconheço.
De todo o modo, chegará o dia em que à arca de Noé não chegarão só as estórias cor-de-rosa.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mudam-se os tempos...

´É muito feio mentir", foi uma das lições que recebi da minha avó, senhora que viveu quase toda a sua vida durante o Estado Novo, senhora simples como o povo a que pertencia, mas de princípios bem definidos.
Como reagiria ela, hoje, se eu lhe dissesse que mentir é "in", está na moda, dá pedigree, dá votos, dá poder?
Decerto reagiria muito mal. Mas mudando-se os tempos mudam-se também os valores.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Anão!

por Augusto Alberto


Apagaram Kadafi e, com ele, apagaram um gigolô meio seboso e com manias de duro. Foi pena que não vivesse o tempo suficiente para nos contar histórias de putas. Não das de beira da estrada, mas de estados com putas, para sabermos, afinal, porque razão Roma não paga a traidores. Por seu lado, Sarkozy vive momentos de grande felicidade. Vê-se como uma das jóias contemporâneas. É uma das cabeças que matutam diariamente sobre a salvação do capitalismo anémico e, já entradote, conseguiu o feito de atrair mulher ainda nova, ainda que não tenha sido em folha. Mas chega para as ocasiões, tanto de estado, como de alcova. E no intervalo das suas grandes decisões, desenhou uma menina, que tal como a mãe, será linda e fadada. Mas sobretudo, anda fascinado, porque foram os seus caças, “rafale”, quem obrigou a parar Kadafi e a cometer o erro fatal de se esconder numa manilha de cimento e ai, ser apanhado como um rato. Acabou Kadafi mas ainda ficou Sarkozy. Para os devidos efeitos, tanto faz.
Gosto muito da França, mas não esqueço que Sarkozy é presidente do país que há muitos anos invadiu o meu. E muito menos esqueço que na iminência da chegada das suas legiões, a elite do meu país pegou nas arcas e fugiu, deixando a pátria submetida e órfã. E logo outros pisaram. É assim, quando as elites são anãs venha o diabo e escolha os rufiões. Mas Sarkozy sabe que se a bela França submeteu, também foi submetida, sobretudo por quem agora morre de amores. Poderemos dizer que a real politica é assim a modos como uma pescadinha de rabo na boca. E para poder levar o rabo à boca, a França possui um corpo militar muito bem treinado e ao mesmo tempo sanguinário, que dá pelo nome de Legião Francesa. Recrutados nas fímbrias da sociedade, prepara tenebrosos guerreiros, que pretendem espalhar pelo mundo fora, os conceitos da liberdade, igualdade e fraternidade, ou melhor dizendo, estórias de sangue e apresamento. Essas podem ser, por exemplo, estórias “fraternas” e contemporâneas de petroleiros carregadinhos de petróleo que chegarão pelo porto de Havre, para abastecer a imortal França e de onde sairão, do mesmo passo, as empresas que hão-de reconstruir as cidades que o paizinho da menina Sarkozy mandou destruir. Os mortos nada contarão, evidentemente, mas talvez um dia, possa um desalinhado, apaixonado pela menina, contar que afinal o paizinho, foi um facínora como outrora Napoleão, e dizer-lhe que a França das virtudes, também é capaz de produzir de quando em vez os seus anões.

Aldeia Olímpica: 4 anos a topar a corja

Foi ontem, mas ainda vamos a tempo de, não de comemorar, porque os tempos não estão para isso, mas  relembrar a data. 
Um abraço aos nossos visitantes.

O acordo ortográfico baralha-me. E a (DES)União Europeia também

Embora não tivesse aderido ao acordo ortográfico acho que estou mais desactualizado ainda do que pensava.
E que pensava eu? Que perca era um peixe, ou o nome de uma região italiana, ou, se se considerar o verbo perder, que se utilizava em  formas subjuntivas ou imperativas. Mas, pelos vistos, tenho de me reciclar.
E urgentemente porque este verbo, o verbo perder, tem muito a ver quer com a Grécia quer connosco. E acho que devemos aprender a conjugá-lo devidamente.
Isto porque fomos alertados em devido tempo para os perigos de entrada para a então CEE. Não, não foi o Cavaco, esse avisador por excelência, que nos avisou. Talvez por esquecimento.
Certo é que a dita cuja nos foi apresentada como um paraíso pelos labregos que nos têm governado e que têm vendido o país. Aí está a prova, na mesma edição de ontem do jornal “Público”: depois do acto consumado, perdem a vergonha e dizem o que toda a gente sabe e sente. É o chefe da diplomacia alemã que afirma e transcrevo:
Guido Westerwelle avançou outra proposta inédita: os países que precisem da ajuda do fundo europeu – como Portugal e Grécia – “deverão estar igualmente preparados para renunciar a partes da sua soberania, incluindo no que se refere à possibilidade de intervenção externa [dos parceiros] no seu orçamento”.
É ou não o que já acontece?
Parafraseando a ironia de um amigo meu, figura grada da cultura figueirense, também digo: "Não me fecundem".

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pelo Malecón passa gente gira

Augusto Alberto

“Vade retro…” disse o sargento dos marines, veterano de guerra no Iraque, Shamar Thomas, quando viu a polícia bater nos manifestantes que há semanas não arredam pé da zona financeira de Wall Street. “Isto não é uma zona de guerra”, gritou. E perguntou: “Porque é que andam equipados como se estivessem numa guerra? Ninguém aqui tem armas. Se querem fazer a guerra vão para o Iraque”.
Entretanto, diz quem viu, uma dama de branco gritou: ”abaixo a revolução”, e o sargento em resposta gritou-lhe: “vá à merda dama de branco, o que esta gente quer é pão, paz e habitação”.
Pão, paz e habitação, exactamente, o grito recuperado que cabe que nem uma luva na pátria de todos os sonhos, no meio da volátil crise do capitalismo. Mas o sargento Thomas, um negro corpulento, apesar de indignado, continua a acreditar nos valores da Pátria Americana. E é assim que em Wall Street, se fazem negócios com a pátria, com mais 10% de comissão para a minha conta pessoal de Wall Street. O sargento Thomas, piedoso e patriota, morrerá sem perceber.
Em indignado de última hora, também se tornou o Dr. Marques Mendes, que foi Presidente do PPD/PSD, deputado, secretário de estado, conselheiro de estado, e correligionário dos amigos do Presidente da República. Indignado, por arruinarem o país, exigiu punição para o séquito de José Sócrates. Mas esquece que ele próprio, mais os amigos comuns, é tão responsável pelo estado de astenia da Pátria, como o séquito de Sócrates. Porque se ficou por meias tintas, é caso para dizer que é a este indignado quem a polícia deverá carregar com o cacete nas costas, porque é merecido.
E aos muitos indignados de última hora, que outrora em dia do voto, cavaram para a praia, ou votaram no partido do senhor padre, do Dr. Mendes, do Eng. Sócrates, do Dr. Portas, ou desdenharam dos que sempre fizeram propostas sérias e que simultaneamente nunca recusaram a luta, convido-os a morder a língua. E ponham-se simultaneamente a pau e a caldos de galinha, porque se é para continuarem abstencionistas e votantes do partido do Dr. Marques Mendes ou do partido xuxa, em breve saberão que serão os vossos netos a ter de apertar o cinto para encher o cú, mais uma vez, ao FMI e aos novos amigos do Cavaco, netos do fascismo.
E em Havana exclama-se: é esta a carta que nos chega…

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lenine!

Augusto Alberto

A classe média, obcecada em não se meter por atalhos e que vive prazenteira das migalhas deixadas pela elite, levou um violento murro no estômago. Elevado a uma potência acima, o oportunismo dá sempre um encontro muito violento com a História. E por isso, cá estamos. Eu e você, excelente membro da classe média. A diferença é que eu estou consciente de onde vim e para onde vou. Vim dum país pelintra, sorumbático e iletrado. Cheguei com dores, mas com as costas e cara levantadas. Sou duro de roer e recusei os cantos de sereia. Disse não à banca e nem sei o que é o famoso dinheiro de plástico. Não tenho seguros, porque sempre tive a consciência de que sou eu que me tenho de segurar. Fiz uma casa quanto baste. Dei de barato o automóvel e privilegiei a bicicleta e as sapatilhas Nike. 
E hoje, contundido, lá vou aguentando.
Agora tu, excelente classe média, sempre foste invejosa. Se o teu vizinho comprou um Audi, tu correstes a comprar um Mercedes. Passei por um lugar em que bastou chegar a primeira Toyota Hiace, para logo outras, de raiva, se seguirem. Se um cartão de crédito te enchia o ego, muitos enchiam muito mais. Deslumbrante, viveste obcecada com a vivenda de muitas assoalhadas. E, de 4 em 4 anos, nunca puxastes ao lado o teu voto, na esperança de receberes a migalha que vinha embrulhada nos cartazes do poder. Sei que nada aprendeste e que vozes de burro não chegam ao céu. Mas sou torrão, e desde já te volto a dizer o seguinte: O quadro em que vivemos é semelhante ao quadro que levou ao fim da monarquia. Ao fim da segunda república e ao advento de 48 anos de fascismo. E sobretudo à segunda guerra mundial, que deixou pedra ao lado da pedra. Deste ponto de vista, mesmo a contragosto, faz o esforço de acreditar que a nossa elite é uma merda, porque nos colocou neste lastimável estado, mas percebe, também, que estamos numa cruel crise do capitalismo. Ocupam-se praças e pontes, partem-se montras, queimam-se automóveis, mas a goldman sachs é quem manda nesta merda e os membros do clube bilderberg vivem em condomínios murados e a ira ainda não chegou ai. É bom que percebas que há a possibilidade do grande capital se enfaixar de novo, cornos com cornos. Não sei como, nem onde, nem quando, mas o melhor é estarmos atentos, eu e tu.
Em todo o caso, o capitalismo não se vai entregar e, neste entretanto, vai ser tentado a fazer a fuga em frente na busca de soluções, sempre tisnadas a sangue, que permita continuar a liderar. Com o petróleo a correr pelo coração, nada custa. Hoje estão a ser imolados os líbios e já se preparam as piras na Síria e no Irão. Mas porra, os novos boiardos russos são bem duros de roer. E os chineses têm as virtudes milenares da paciência e astúcia. E tu, que cultivastes uma astúcia de fancaria, é quase certo, vais continuar oportunista, errante e sem atinar com o tempo histórico. E, sem migalha hoje, e migalha amanhã, acabarás num vão de escada, com o pescoço na corda que passaste no barrote, ou na melhor das hipóteses, proletarizada e a recibo verde, ainda que custe dar razão a Marx, que nunca leste. Mas olha que dava jeito! Não é, Lenine?

sábado, 15 de outubro de 2011

Augusto Alberto, um treinador no top


Augusto Alberto (na imagem), colaborador deste blogue, está nomeado para o Prémio Desportista do Ano-2011, na modalidade de treinador, e a sua atleta, Filomena Franco, já apurada para os Jogos de Londres, está nomeada na categoria Atleta feminino.
No próximo dia 27 serão divulgados os cinco finalistas de cada categoria e os vencedores conhecer-se-ão no dia 8 de Novembro durante a 16ª Gala do Desporto, que se realiza no Casino Estoril.

A classe do meio. Só classe, mesmo!


Já sabíamos, ou por deduções ou análises históricas, ou por outras demonstrações quaisquer, que a classe média é a mais estúpida das classes.
Ao ponto de obrigar humoristas a cair no "exagero". 
Ora uma destas, hein???

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

No "Tubo", já a seguir

Não sei como vou vestido, mas amanhã entro às 07h30.
Como diria o outro,"é só pedras preciosas". Mas enfim.

E é assim...

Quer dizer, poderia aqui dissertar sobre a problemática toda que nos tem caído em cima. Mas era tempo perdido. Ou chover no molhado. E como não me lembro doutro nome para os definir, este está um achado, mesmo um primor de realismo:
Vim buscar aqui. E assino por baixo, claro!



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Boiardos!

Augusto Alberto

“Agarra que é ladrão”…gritava o policia já um pouco fora de idade. Do ponto de vista etimológico, ladrão é o que rouba, ou o que pode por sua vez ser cangaceiro, salteador ou malfeitor. O ladrão, durante o tempo do fascismo, roubava em sítios muito usuais e tinha código definido. Carteirista! O regime fascista mandava-lhes às canelas o polícia de giro, por norma, já entradote e anafado. Mas os ladrões cujo código mandava roubar, não a carteira mas a nação, em caso de reacção, não lhes atirava às pernas o policia anafado, mas a PIDE, que logo de seguida, carreava a coisa para Peniche, a Penitenciária ou o Tarrafal. A Pátria era o cangaço.
O que mete a mão na carteira alheia é ladrão e merece umas palmadas. Sim senhor! E aqueles que gerem mal a coisa pública ou em seu proveito? Tomemos a “barbi” Iulia Timochenko, como exemplo. Por má gestão, o tribunal decretou-lhe 7 anos de prisão. Celebrada e educada a ocidente, estava achado o aríete que no correr dos anos teria a tarefa de infernizar os russos, na tentativa de lhes abrir brechas. Mas os novos boiardos russos, tal como os de antanho, continuam implacáveis, e cedo aprenderam. Vá de retro, parvo! Sabem bem que a Rússia tem grandes e insondáveis riquezas, mas também sabem dos enormes e mensuráveis apetites ocidentais. Ainda não foi desta que os novos boiardos do grande país dos ursos abriram a guarda. E a Julinha ficou a saber que quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos.
Por atalhos andamos também, pelo menos há trinta anos, pela mão da clique dos nossos boiardos, netos do fascismo, que também cedo perceberam como é importante ter alguém que carregue a massa para as ilhas Caimão, o controle das leis e da informação. Exactamente, esses, como os meninos do BCP, a salvo graças a irregularidades processuais e à cambada do CDS/PP, envolvida no processo dos sobreiros, para quem o ministério público pede uma pena que deverá ser cumprida em liberdade. Fraternidade e liberdade e prontinhos para próximos desafios. O que separa então a Rússia dos novos boiardos, dos boiardos de Portugal? Nada! Pelo contrário. Ambos se defendem com suor quanto baste, num mundo por eles cinzelado
Eu sei que há povinho que é capaz de se mobilizar para apanhar o ladrão da banca da fruta, ao mesmo tempo que chama ao boiardo, doutor. Doutor Isaltino! Doutor Jardim! E Doutor haveremos de chamar ao populista José Manuel Coelho, que, a seu tempo, cumpriu tarefa a preceito.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sem as unhas pintadas

Augusto Alberto

É possível a partir de uma simples equação compreender sociologicamente a vida? É possível, sim senhor. Por exemplo: se seis pessoas partilharem igualitariamente entre si três galinhas, quer dizer, que cada pessoa comeu meia galinha. Mas se pelo contrário, se das seis pessoas, uma só, comer 2 galinhas e meia, o que sobra para cada um dos outros cinco é a irrisória e viciada percentagem de 6.6 % da galinha. Os últimos anos da vida colectiva portuguesa assemelham-se a esta disfunção distributiva, como no tempo do fascismo, em que uma elite (1%) abocanhava a grande fatia da riqueza colectiva produzida. Mas há pior. O Haiti, aquele país no mar das Antilhas, sempre muito dado às maiores desigualdades sociais e capitalistas, que parece nunca preocuparam espíritos democratas, nem mesmo durante a sangrenta ditadura dos Papa Doc, ou agora, após o demolidor terramoto. Terra em que um punhado de raposas, tomou sempre para si a totalidade do galinheiro, enquanto muitos haitianos na esperança de se manterem em pé, para lá dos 57 anos de vida, fazem bolachas de terra negra, manteiga vegetal e sal, descobrindo, cedo, afinal, o caminho para a morte.
Mais imaginemos, que num pobre e pequeno lugar do mundo, não são três as galinhas, mas duas as que são distribuídas para 6 pessoas. Quer dizer, que cada uma não chega a comer metade da galinha, mas que são repartidos equilibradamente, 0.33% por cada pessoa. Poderá dizer-se que assim ninguém se empanturra. É certo. Mas nesse bocado de terra, segundo o PNUD e The World Factbook/97, publicado pela CIA, não existem analfabetos, a média de vida é de 75 anos para os homens e 79 para as mulheres, e foi desenvolvida uma considerável capacidade de pesquisa científica, sobretudo na área da biotecnologia. Essa é a terra em que o equilíbrio na distribuição da riqueza está, quase, quase…
Contudo, senhora que há anos conheci e que milita num clube de serviços onde aporta a média/alta burguesia urbana, contou-me que na terra do quase, quase se lhe desapontou a vida, porque procurou insistentemente e em vão, rímel para as unhas e camisas lacoste para a praia. Fiquei a cismar, que em boa verdade, não há no mundo local perfeito, nem mesmo nesse local do quase, quase, apesar dos seus meninos terem direito à totalidade das calorias que constam da boa carta da saúde e em que a taxa de mortalidade infantil, em linha, só é superado nas Américas pelo Canadá, mas ocorre, ainda assim, uma pobre disfunção: as meninas da escolaridade obrigatória deitam-se sem as unhas pintadas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os homens da picareta

Augusto Alberto


"Tem de haver fecho de hospitais e concentrações de serviços hospitalares, nomeadamente nos grandes centros urbanos", disse dona Isabel Vaz, presidente do Grupo Espírito Santo. E depois, ainda virá um fariseu dos seguros sugerir que todos os portugueses deverão subscrever um plano privado de saúde, escrito fundamentalmente em letras muito miudinhas, para que se não descubra que se compra gato por lebre. Aqui está o cerne da questão. Reagan e Thatcher ganharam anos aos novos tartufos neo-liberais, que nos querem convencer de que as teses que vendem são bestiais. É o bolor e o liberalismo em todo o seu esplendor.
Andaram muitos a saudar a queda do muro, e agora pumba! Chegaram os homens da picareta com pressa de escavacar tudo o que foi incorporado pelo capitalismo a partir do modelo socialista.
Se Barroso e Sócrates, cada um com sua picareta, incomodaram muita gente, agora o Passos, o Gaspar, o Portas, o Cavaco, e os restantes inúteis, cada qual com a sua, incomodam muito mais. Pois agora figueirenses, tendes uma boa oportunidade de participar na defesa do que deu a alguns muito trabalho a erguer. Chamai cá o deputado que elegestes, para que vos diga, da varanda do edifício da casta Câmara Municipal, que convosco estará nesta luta que vai ser dura e prolongada. Mas perguntai-lhe primeiro, porque fez, o seu partido (xuxa), do HDFF, uma empresa pública com gestão privada, sabendo que não existiam os meios para o “sucesso” financeiro?
Se responder porque se quis, à data, levar a dianteira e fazer do HDFF o que se tenta agora, (um hospício para velhos e indigentes), é honesto sim senhor! Mas eu digo-vos, só não foi feito, porque não estiveram reunidas condições objectivas. De todo o modo, a montante há a democracia, que de cruz, se move segundo linhas bem estruturadas. Que elege gente que se está cagando para os que votam e que tem bem estruturada uma máquina ideológica, que de tão oleada prepara os espíritos para as inevitabilidades.
E, assim, veio o dia em que as figueirenses começaram a parir na auto-estrada ou em Coimbra. E virá o dia, em que o tempo entre a ajuda e a intervenção médica, fará a diferença entre a vida e morte. Em boa verdade, já estamos segundo o modelo do PPD/PSD. Quem quer saúde paga-a! Estais esquecidos? Pois tomai cerejas figueirenses. É hora de acordar, chamai os que elegestes, mas não fiqueis de cadeira, colaborando por omissão, que é coisa tão feia como estar de acordo. Porque quem colabora com o xerife de Nottingham, só merece castigo. Sabei, pois, bandidos de Nottingham, que a inevitabilidade é uma puta. Que vos pariu! Sou eu que vos digo, que fiz do HDFF a minha aventura de 31 anos.

Ele há coisas do arco da velha, não há?


Que a República, a portuguesa, bem entendido, comemorou, no ano transacto, 100 anos, todos sabem. Bem, pelo menos os menos distraídos.
Agora o que quase ninguém sabia, nem eu, é que a República começou este ano o seu segundo centenário.
Independentemente de mais um buraco no calendário e da perda de um ano, continuamos a ser republicanos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ponte de Brooklyn

Augusto Alberto

Jimmy Hoffa, líder sindical, enfrentou o clã Kennedy e poderosos interesses. Foi preso e indultado e desapareceu sem que se saiba como e para onde. E milhares de americanos, também temerários, há semanas, desafiam Wall Street. Mas foi preciso chegar ao limite, para sabermos, por cá, que estas coisas se estavam a passar, porque a nossa informação, escrita e falada, é canina e tem por bem nunca morder na mão que lhe chega as papas. Tenho à minha frente precisamente uma foto em que duas jovens são levadas pelos pulsos, após serem encurraladas na ponte de Brooklyn, para de uma penada serem presas por obstrução ao bom funcionamento da ponte e da democracia. Alguns já dizem que estamos perante a primavera americana, um pouco à laia do que se diz dos movimentos árabes. Cuidado, porque as coisas por ali piam mais fino. Em breve chegarão notícias a desconsiderar socialmente os manifestantes, como é usual, para fazer cair o pano e o pau sobre os “insubordinados”.

Pela ponte de Brooklyn passam com regularidade automóveis. BMW, também, conduzidos por gente fina que veste Hugo Boss. Não é novidade que muitas das empresas democráticas de hoje colaboraram com o esforço de guerra alemão, e dele se serviram, na esperança de que o fascismo alemão sitiasse os povos e os fizesse prisioneiros, para os ter à mão como boa matéria escrava. A BMW fez máquinas de guerra e Hugo Boss talhou os fardamentos para o exército fascista. Democratas, os herdeiros, hoje, lamentam. A ponte de Brooklyn é longa, mas mais longo é o cinismo.
O que dizer, então, da democracia saída do pós guerra na Europa e a única que conhecemos? Revanchista e sempre igual, como o velho ferro da ponte de Brooklyn. Mais não fez e faz, do que reabilitar sacanas e assegurar o embaratecimento dos povos, respaldados pelo voto popular. Por Wall Street e Suíça, por exemplo, campeiam manobras ilícitas, à custa do empobrecimento de milhões pessoas. É por estes factos que prefiro a democracia que regularmente só elege os melhores para representar os seus concidadãos, depois de uma longa e rigorosa escolha. Essa é a democracia de um pobre e resistente país, que tem como sua, uma de entre várias consignas: - hoje, milhões de crianças espalhadas um pouco por todo o mundo, irão deitar-se com fome, (acrescento eu, algumas serão portuguesas e americanas, quem sabe, se também do bairro de Brooklyn), mas nenhuma delas é cubana.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

5 de Outubro, 28 de Maio, 25 de Abril e 25 de Novembro


Em título as datas da implantação das 4 repúblicas.
Se elas todas foram mais ou menos pacíficas, por exemplo a que se comemora hoje foi tão pacífica que se inventou a imagem de que terá sido implantada no país por telefone, só uma, a 3ª, teve um cariz de revolução após a aderência popular logo durante a queda da ditadura, conhecida por Estado Novo.
A quarta, saída a 25 de Novembro de 1975 até foi pacífica devido à não reacção das forças progressistas ao golpe de estado, o que levaria a uma guerra civil. E, pelo sim pelo não as “forças democráticas da NATO” estavam de prevenção, ao largo, para o que desse e viesse.
Se repararmos bem estão criadas as condições para a implantação da 5ª República. Basta relembrarmos alguns factos que estiveram na base dos acontecimentos de 5 de Outubro de 1910. Estamos actualmente a viver uma comédia, tal a repetição histórica. Ora vejamos os pontos de contacto:
- A submissão a interesses estrangeiros. (Inglaterra e União Europeia/EU)
- A instabilidade política e social.
- O sistema de alternância de dois partidos no poder. (Progressistas/Regeneradores, e PSD/PS).
- Degradação moral.
- Os gastos da Família Real. (Os gestores, boys e tutti quanti).

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O HDFF já era?


O que se passa com o Hospital Distrital da Figueira da Foz é só um exemplo do que se passa com a política em curso.
Ou seja, acabar com o Serviço Nacional de Saúde, o que não é novidade para ninguém, e cuja consequência mais visível é a transformação dos hospitais públicos em albergues para indigentes e a saúde passar a ser um “artigo de luxo”. Já se percebeu que a saúde, não deveria ser, mas é, um negócio. Poder-me-ão dizer: “é a democracia, estúpido”. Mas eu quero é mais que esta democracia se f_ _ _ .
Agora que há uma novidade, lá isso há. Esta: pela primeira vez o PSD consegue (lá terá perdido a vergonha ou cansou-se do faz-que-anda-mas-não-anda dos “xuxas”) ultrapassar o “ps” pela direita.
Ora os “xuxas” tentaram encerrar as urgências e não conseguiram. Ou não foram capazes, o que terá desagradado a quem de direito. Ficaram-se só pela Maternidade e puseram os figueirenses a nascer na A14.
Agora, embalados e encorajados pela troika, (e como alguém escrevia há uns dias, temos inegavelmente um país ocupado e, como em todas as ocupações, os colaboracionistas são sempre em maior número que os resistentes) os “laranjas” querem encerrar o Serviço de Oncologia, restringir o bloco de cirurgia e acabar com a VMER. Três em um, como bem podem ver. E orgulharem-se os que votaram  "troika".
Recorde-se que a filha-da-putice que está agora no poder esteve “contra” o encerramento da maternidade. Poderão, agora numa hipocrisia igual, os “xuxas” fazerem o papel de estar contra e armarem-se que estão na oposição.
Afinal de contas todos eles assinaram o contrato com a ”troika”, o que significa que são farinha do mesmo saco.
Ou, por outras palavras, grandes filhos da puta.
Pensem…




PS: Claro que não peço desculpa pela linguagem. Mesmo antes do acordo ortográfico não tinha outra para com aqueles que querem vender a saúde como quem vende mercearia.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os cavaleiros das tristes figuras

Augusto Alberto

Vai grande discussão e alguma indignação no mercado do peixe em Aveiro, a propósito de um objecto fálico de grandes dimensões, exposto junto às bancas do peixe. Ainda por cima, logo ali ao lado da Igreja de S. Gonçalinho, que se festeja em Janeiro e de onde se atira ao povo, do alto do Zimbório, cavacas, que o povo aproveita para se lambuzar. É o caralho! Do Gaspar, do Álvaro, do Passos, do Seguro e do Alberto João, essas coisas materiais, que cavalgam sem arrependimento, sobre o país dos basbaques.

Parece que no país que não acaba, o jet set, de quando em vez, cai em cenas decadentes. Dizem que aquela figura macilenta e desfigurada, acadelada em roupas de mulher, mais uns empresários, que não sei se enriqueceram nos tempos em que Cavaco foi primeiro-ministro, porque nessa altura, para enriquecer só era preciso ser pato bravo, se colocaram na posição de quatro patas, aos beijos e aos chupões. Sugiro que o novo canal de televisão, que sairá da privatização da RTP, se dedique a estas histórias, porque ou muito me engano, ou o país recatado, que solfeja padre nossos e ave marias, não enjeitará, à socapa, pela calada da noite, o voyeurismo, numa espécie de adultério pobretana e intelectual, a condizer.
E para dar bem a ideia de como vai a nação, vou contar como há uns dias corri no areal que ainda hoje me enfeitiça, a praia da Barra. Sempre que lá vou, tenho de ir em corrida lenta até à Costa Nova e voltar. Nem de propósito. Corria eu, quando de repente em sentido contrário, passa por mim um cidadão, em tanga e também a correr, mas com a particularidade, não sei se da crise que está instalada, a tanga de tão encolhida já não continha um colhão. Este cidadão, que eu não conheço, evidentemente, de tão espremido, ainda corre, mas já nem se dá conta, pelos vistos, de que traz os colhões à mostra.
É o país dos cavaleiros das tristes figuras. O Povo amorrinha. Uns gostam de objectos fálicos, outros gostam mais de cavacadas, mas muitos já trazem os colhões de fora e bem espremidos, enquanto alguma elite se diverte em festas de arrebenta. Este país não é para pobres e tristes, mas unicamente para o chico espertismo, que continua de saco cheio.
Salvam-se as notícias de que hoje toma posse o novo bispo de Bragança e Miranda, em clima de grande comoção e euforia, e que um dia destes reunirá o Conselho de Estado. Sempre me pareceu que o país piedoso e o país decadente continuam de mãos dadas.