sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Palestina: uma importante vitória


Histórico. A Palestina foi, ontem, reconhecida como Estado observador da ONU, por 138 países que votaram a favor. Ainda assim contaram-se 41 abstenções e 9 países votaram contra, entre os quais Israel e os "super-democráticos" EUA.
Se os palestinos, e o resto da humanidade, acreditam na paz, há quem deseje a continuação da guerra. As reacções de responsáveis israelitas e americanos indiciam o que toda a gente sabe. 
Com esta votação o Estado Palestiniano pode vir a ser membro do Tribunal Penal Internacional, o que permitirá aos palestinos apresentarem queixa contra Israel. Mas os americanos já fizeram saber, numa  habitual "demonstração democrática", que poderão cessar a ajuda à Cisjordânia, caso os palestinos recorram ao TPI.
Ainda falta um longo caminho para a paz e para a independência de facto da Palestina, mas que esta foi uma vitória importante, não temos dúvidas.
O "Aldeia Olímpica" partilha da alegria do povo palestiniano.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pilatinhos


 Augusto Alberto
    

Dissequemos as novas, porque depois da bonança virá a borrasca.
A Associação Naval 1º de Maio perde a totalidade dos seus atiradores, que se transferirão para o Sporting Clube de Portugal. E dentro em breve, será colocado o sintético no campo de treino anexo ao Estádio Municipal.
A Associação Naval 1º de Maio, é sabido, foi insensato objecto de um projecto eleitoral. Recordo o que sempre disseram velhos navalistas: “voto em Aguiar porque voto na Naval”. Receoso de perder o controlo sobre o que considerava ser o instrumento para a glória política, Aguiar sempre recusou o debate no clube, anulando desse modo soluções para a sua universalidade e mundividência. Entretanto, colocando-o por um fio, deu-lhe uma guinada, que só lhe trouxe demagogia e promessas incumpridas. Reduzida correntemente ao futebol e ao remo, a que se deverá somar liquidação de património e duas das suas mais distintas secções, o basquetebol e o tiro, sobrando para o remo uma espécie de tragédia náutica, e absolutamente vitima, também, da sedimentada falta de ideias para uma actividade desportiva mais universal na cidade. Que a deixou perante falta de instrumentos e equipamentos desportivos mais universais, que pudessem suportar parte da sua actividade e ainda, vítima também, do principio devastador que certa elite associativa citadina carrega, (para sublinhar o “eu”, é preciso secar o outro), o fim prematuro da carreira de tiro, foi o tiro certeiro que suporta a lógica. E escolhendo caminhar sobre um fio muito estreito e sem rede que a ampare na queda, em detrimento de prosseguir segundo a lógica do fio ariande, poderá estar a caminho do patíbulo e sofrer a derradeira tragédia.
Admito, contudo, que possa haver quem a queira puxar a avante, de todo o modo, será tarefa ciclópica, porque no infausto frenesim, se eliminaram os quadros, o que de melhor existe na vida associativa.
Entretanto, neste ínterim, virá o campo sintético, acto minimalista. E eu pergunto: E se a Associação Naval 1º de Maio se extinguir, para que servirá o sintético? Poder-me-ão dizer, como já me foi explicado, fundar-se-á um novo clube que assumirá a herança do futebol na cidade. E então, é assim que se acaba com 120 anos de história?
Pilatos, sabemo-lo, sublinhou a tragédia. Por cá, percebemo-lo, há também, sem remorsos, quem queira lavar as mãos.

domingo, 25 de novembro de 2012

25 de Novembro, o fim de Abril

Faz hoje 37 anos que Abril se finou. 
No fim de contas, temos o que queremos. Ou não será assim?

A recuperação capitalista, que começara nesse dia, continuou sempre numa espiral ascendente até ao governo proto-fascista de hoje. Lembremo-nos, porque é importante preservar a memória, dos acontecimentos do 1º de Maio de 1982, no Porto. 

sábado, 24 de novembro de 2012

Muda de clube, Rui Patrício


Augusto Alberto   


Muda de clube, Rui Patrício, pareceu-me ler, hoje, num jornal desportivo. Com efeito, não foi assim, mas para os devidos efeitos, mantenho o que me pareceu. Muda de clube Rui Patrício.

Rui Patrício é, como sabemos, o guarda-redes excepcional e ocasional de uma equipa de futebol, de um clube centenário, de briosa história, feita por filhos da mais alta competência, desde logo, Joseph Szabo, Jesus Correia, Albano, Vasques, José Travassos, Peyroteo, João Azevedo, Vítor Damas, Joaquim Agostinho, António Livramento, Moniz Pereira, Carlos Lopes, Rui Silva, entre muitos outros, hoje, completamente amargurado, manietado, amedrontado, a sangrar e desmoralizado, recheado de equívocos e de muitas e más opções políticas, organizacionais, materiais e psíquicas, e por isso, escavacado por sacripantas e mitómanos barões e descendentes barõezinhos, caceteiros e arruaceiros militantes, lépidos no arrancar da calçada para de seguida a atirar à policia.
Muda de clube, Rui Patrício, sob pena de ficares no lado fraco da História, sem proveito material e sem glória cívica e moral.

Muda de elite e de governo, Povo, (aqui temos uma diferença substancial, porque esta não é uma ocasional, mas substancial Nação de 900 anos), de briosa História, feita por filhos da mais alta competência, como Luís de Camões, Gil Vicente, António José da Silva, (o judeu), Damião de Góis, Frei Bartolomeu de Gusmão, Padre António Vieira, Almeida Garrett, Bocage, Eça de Queirós, Aquilino Ribeiro, Jorge de Sena, Egas Moniz, José Saramago, entre muitos outros, hoje, completamente amargurada, manietada, amedrontada, a sangrar e desmoralizada, recheada de equívocos e de muitas e más opções políticas, organizacionais, materiais e psíquicas, e por isso, escavacada por sacripantas e mitómanos barões e descendentes barõezinhos, caceteiros e arruaceiros militantes, lépidos no ajuste de contas com o Povo de Abril.
Muda de elite e de governo, Povo, sob pena de ficares no lado fraco da história, sem proveito material e sem glória cívica e moral.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Padre António Vieira (lá vão os ladrões grandes enforcar os piquenos)


   Augusto Alberto


 Li e ouvi, que portugueses, ontem, limpinhos e asseados, da sossegadíssima e fidelíssima classe média, agora na miséria, alimenta-se de comida previamente confeccionada e enlatados, para não terem que gastar nenhum tipo de energia. E ainda, que utilizam bombas de gasolina, para se abastecerem de água potável.
Aqui chegados, temos que dizer que, em bom rigor, surripiar água, em apreciável volume, de um posto gasolineiro, pode ser um roubo e configurar um crime. A este propósito, dou a conhecer o que disse e diz, o Príncipe da palavra e consciência cívica, Padre António Vieira, no seu fabuloso “sermão do bom ladrão”, lido na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no muito longínquo ano de 1655.

     “…Suponho finalmente, que os ladrões, de que falo, não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este género de vida…O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno…de que eu trato, são outros ladrões de maior calibre, e de mais alta esfera, os quais do mesmo nome, e do mesmo predicado distingue muito bem S. Basílio Magno…Não são ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa: os ladrões, que mais própria, e dignamente merecem este titulo, são aqueles a quem os Reis encomendam os exércitos, e legiões, ou o governo das Províncias, ou administração das Cidades, os quais já com manha, já com força roubam, e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubem Cidades, e Reinos. Os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam, e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que grande tropa de varas, e Ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou bradar: Lá vão os ladrões grandes enforcar os piquenos.”

Como concluir? Que tudo é tão igual ou tão pouco mudou. Que a elite de ontem é a de hoje. A mesma que quase levou o Padre António Vieira, apesar de Padre, até à fogueira, porque lhes pareceu que tamanha lucidez e consciência cívica deveria acabar no apologético lume do Santo Ofício.
E o Povo? O Povo, na vulgata de um provérbio, que diz “quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga”, ainda não deu pela sua desgraça, porque ao cabo de centenas de anos, pouco uso lhe tem dado. 

desenho de F. Campos

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Figueirinhas homenageiam Santana


Os figueirinhas vão homenagear Pedro Santana Lopes. Soube disso através do blogue Outra Margem. Até aqui nada a opôr. O homem até deixou grande obra na cidade, durante o seu consulado de 4 anos. Não, não me refiro ao fim do Festival Internacional de Cinema nem, tão pouco, à extinção do Prémio Literário Joaquim Namorado.
Mas com o que não posso concordar, não sendo perdido nem achado pra botar opinião, mas ela aqui fica,  é com o local da jantarada: um restaurante em Buarcos. Bolas, há sítios muito mais emblemáticos, tendo em conta a imponente obra deixada por tão ilustre ex-ministro da Cultura. Aí vão alguns: O Paço de Maiorca, o Óasis, o "Pé de Salsa", o Abrigo da Montanha, o Mosteiro de Seiça, o Castelo Silva Guimarães. Acho que chegam, já demonstram uma extensíssima obra, cum catano.

A noite do rock n' roll


terça-feira, 20 de novembro de 2012

"No bom caminho", dizem eles



Ainda que o desemprego aumente, a dívida pública aumente, o investimento baixe, os serviços públicos como a educação, a saúde, se degradem, o nível de vida de quem efectivamente produz se deteriore,Portugal “está no bom caminho”.
O dramático desta questão é os papalvos que nos "governam" acreditarem mesmo no que estão a dizer. E, vistas bem as coisas, até têm razão. A razão deles, claro. Mas ao mesmo tempo que têm razão denunciam-se quanto aos verdadeiros intentos que sempre orientaram esta política de capitulação perante os interesses estrangeiros. Para estas bestas, e para quem nelas vota, o interesse do país não interessa, desde que…

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"El Mercurio"


Augusto Alberto

Ao falar da última greve geral, ocorre-me lembrar o jornal da cidade chilena de Valparaiso, “El Mercúrio”. Verdadeiro sucesso editorial e político, associado ao vertiginoso e vitorioso golpe fascista contra o governo eleito de Salvador Allende.
A este propósito dei algum do meu tempo a pesquisar sobre o que se disse, e ainda diz, sobre a greve geral, que pelos vistos tirou do remanso gente habituada ao roubo sem sobressaltos. Um texto no “Expresso”, jornal da canalha soft, assinado por um escriba crápula e odioso, Henrique Raposo, com o título genérico de “O ódio dos piquetes de greve”, que às tantas reza, sublinho reza porque o anticomunismo é uma espécie de ladainha, assim: “um piquete de greve resolveu entrar pelo restaurante adentro aos berros, gesticulando e com cara de mau…com os olhos embaciados pelo ódio do PCP”. E para concluir, terminou dizendo: “às vezes, invento homens e mulheres de palha”.
Este Raposo sabe que está a salvo, porque hoje já não se fazem revoluções como antigamente. É com votos, lambuzando no jogo que a direita gosta, que a correlação de forças se vai alterando, como se vai vendo na América Latina, na Venezuela ou Equador, onde ainda jornais herdeiros do “El Mercúrio” editam com ódio, mas observados, por perto, com pachorra revolucionária.

Porque em Portugal, terra em que a revolução foi amortalhada com cravos, se dá, também placidamente, o direito ao ódio “democrático”, aproveito para sugerir a este Raposo, que se não lhe chegam as coisas assim, pode ir uns passos adiante. Sugiro que sugira, nas folhas do hebdomanário, que se pare a frota de camiões pesados, para que a pátria fique à mingua de bens e demais serviços, para dar o tempo necessário à farta elite, para que desça à praça e bata com os tachos e panelas no chão, a exigir caviar e moet. E a seguir, montado o respectivo alvoroço, que arranje também um coronel, que avance com baionetas e de peito aberto.
O “expresso” e o coiso são objectos quase, por isso, para mim, hoje, já não é “expresso”, nem “espesso”, mas “El mercúrio” e o coiso, é um “quisto fascistoso”. E porque continua a ser a direita quem o lê, que é responsável, para além do muito, pela fome de 10 mil crianças em Portugal, a tinta que os tinta, é quem nos traz a fome.

domingo, 18 de novembro de 2012

Quem diria????

Portugal tem, indubitavelmente, a Direita mais inteligente do mundo. Ninguém diria, pois não? Mas "somos" os melhores a esmifrar o Estado, temos a classe ociosa mais habilidosa (rima e é verdade) do planeta.
Nestes tempos de crise os lucros e o nível de vida dela vai-se compondo ainda mais.

sábado, 17 de novembro de 2012

Uma exposição que só visto, no "Tubo"

Pintor, escultor, adepto do Boavista FC, cartoonista, caricaturista e tudo, e mais alguma coisa que possa não ocorrer, Fernando Campos vai expor, pela primeira vez ao vivo, caricaturas. Como diz o cartaz, só visto. Depreendendo-se, portanto, que contado não terá tanta piada, e, em calhando, ninguém acreditaria. Até porque tem também esculturas. E ready-mades, ou lá o que é.
A última exposição dele meteu pinturas e caricaturas, ainda pode ser vista, pois foi onelaine. Se quiser dar uma espreitadela de olhos entre aqui e siga em frente, não tem nada que enganar.





sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Só a verdade é revolucionária


Augusto Alberto

Dando uso às rotinas, fui tomar o único café do dia e aproveitei para uma vista de olhos pelos jornais, antes de ouvir a provocação da esfinge que habita no casulo de Belém, verdadeiramente despeitado perante a resposta dada pelo mundo do trabalho, que o acossa e o vai, ao arrepio do que deseja, tirando do sossego.
Na companhia de um companheiro, tínhamos de falar sobre a greve geral, obviamente. E obviamente, as velhas e relhas reacções boçais. Ali e pelas tv’s, gente, como no cavaquistão, tem um gosto especial pela canga. Contudo, ao ainda jovem companheiro de mesa, tive a oportunidade de explicar que os que hoje fazem a greve geral, são o mesmo tipo de pessoas que durante quase 50 anos, em condições muito, mas muito difíceis, nunca fizeram outra coisa senão lutar para restabelecer a liberdade e a democracia, contra a apatia, o medo e a muita resignação de milhões de portugueses, semelhante à sua.
Certo é que o fascismo que se julgava inamovível, cedeu, provando-se que lutando se consegue, ainda que demore tempo. Ai de nós, adiantei, se nos remetemos à passividade. É certo e sabido que os “demofascistas” que comandam, pensarão, e bem, que sendo o povo frouxo, só lhes resta, sem dó nem piedade, concluir o ajuste de contas com Abril. E para concluir, ainda lhe disse: de pouco servirá a greve e a luta mais geral, se milhares de portugueses continuarem em dia de voto, a ir para a praia ou a votar a favor de quem decide destas soluções miseráveis, anulando o efeito da armazinha que os “demofascistas” nos colocam na mão de 4 em 4 anos, convencidos de que nunca a utilizaremos a favor de uma pátria mais justa, mas pelo contrário, construímos com esse voto, democraticamente, a nossa canga.
Se assim for, teremos pela frente mais anos de canga de que quantos tivemos de fascismo. Definitivamente a conversa ficou escarlate, porque a verdade é incómoda e só ela é revolucionária. Por isso, é preciso que se diga, a factura que ai está, não será unicamente paga pelos pais e avôs de hoje, mas também pelos filhos e netos de amanhã. Aliás, como a factura, pintada de atraso social e morte, que sobrou por longos 48 anos de fascismo.
Bem sei que para a classe média, que ainda não saltou a vau para a fome sem ter sido proletarizada, é mais cómodo não aceitar os factos. Contudo, recordo que muita gente, como por exemplo, no velho cavaquistão do “expresso”, grisalhos imbecis, como os Henriques Monteiro e Raposo, babam o velho asco enquanto outros dândis por Lisboa, trabalham para infernizar a minha e ainda, sempre a tempo, a sua vida.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Será?

Em dia de greve geral este tipo diz que não deixará de trabalhar. Não admira, tendo em conta a sua coerência de  princípios. Ideologicamente falando, claro.
O que faz rir é ele, muito provavelmente, não saber o que é essa coisa de trabalho.

Da greve e a título de informação


 
Segundo a lei, o trabalhador, sindicalizado ou não, não tem qualquer obrigação de informar a entidade empregadora se vai ou não aderir a uma greve, mesmo se lhe for perguntado. Mais, não tem, também, de justificar a ausência por motivo de greve.
Claro que os trabalhadores com vínculo precário – neste caso uma nuance da “democracia” – terão muitas dificuldades em  aderir a esta forma de luta, por motivos óbvios relacionados com a raíz anti-democrática do patronato, muito pouco dado a cumprir a lei.
Outro ponto, importante: todo e qualquer trabalhador tem o direito, consagrado na Constituição, de fazer greve, independentemente de ser ou não sindicalizado. Mais, com um pré-aviso emitido pela central sindical todo e qualquer trabalhador está por ele coberto, independentemente do seu sindicato se perder de amores pelo patronato ou pelas forças reacionárias que o suportam.
Agora deve-se dizer que há empregadores e sindicatos que não conhecem muito bem a lei.
Há uma empresa pública, na Figueira da Foz, que obrigou os funcionários a assinarem um papel em como estariam de greve. Não me contaram, ouvi eu, no interior da empresa uma discussão entre funcionários. Isto se não é terrorismo, é anti-constitucional. Acho muito bem que os sindicatos se mexam e consigam enviar os administradores da “empresa” para o sítio onde deveriam estar.
Há, por outro lado, um sindicato que, não aderindo à greve geral, enviou um comunicado aos seus associados informando-os disso mesmo, mas que dava cobertura a quem fizesse greve, “esquecendo-se” que eles estavam já cobertos. Ou, então, demonstrando um total desconhecimento da coisa, o que não acredito. Antes, consegue enganar os seus associados e fazer um outro jogo.
Mas, como diz o povo, cada um come do que gosta.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

E quem não faz, é da troika



Sobre o investimento alemão em Portugal...

...não se pode dizer  que corre mal!!!...


Uma geração em liquidação


Augusto Alberto


Sabe que na União Soviética se distribuíam senhas por alimentos? E ainda que os camaradas do Comité Central do Partido comiam criancinhas ao pequeno-almoço? Se não sabe, não faz mal. Sempre aproveito para dizer que nos Estados Unidos se está a viver um tempo de anti-climax, porque, pelo contrário, são os banqueiros de Wall Street, quem comem correntemente o pequeno-almoço às criancinhas.
Melhor dizendo são 47 milhões, cerca de 15% do total dos americanos, que só sobrevivem à fome, porque o estado fornece senhas por alimentos básicos. E como a fome é pandémica, do lado de cá do Atlântico, também na pátria aprisionada por banqueiros, um secretário de estado confirmou que 10 mil meninos portugueses têm fome. Caracterizando essa fome, explicou um atento professor: “muitos têm por jantar um pratinho de papas de cerelac ou Nestum, e os pratos do almoço de segunda-feira no refeitório da escola, saem limpinhos, tal foi a fome no fim-de-semana que passou”. Perante a evidência, indica o manhoso “governante” que as famílias em causa sejam enviadas para o banco alimentar contra a fome, da “tia” Isabelinha, que com imprudência, se descobriu.

É pois imperioso que se diga a verdade. É certo que muito povo cedeu às lérias maviosas do consumo e da banca e acreditou que as vantagens do capitalismo seriam eternas. Mas também é verdade que a elite, abalada no seu sossêgo em 1974, logo que retomou a dianteira de classe e recapturou a totalidade do estado, faz da pátria uma esbórnia e está calmamente a tirar desforço da derrota. Por isso, dando uso à evidência semântica, deve ser dito, que os juros do clímax consumista e da incapacidade politica de nunca termos sido capazes de dar um chuto na rotatividade, verdadeira trincheira dos herdeiros do fascismo, aí estão.
E a Isabelinha, que pelos vistos gosta de fazer do “banco” um caritativo amortecedor da fome, certa de classe e nada confusa, manda que se corra abaixo o taipal e não se coma bife, mas se gaste produtos da Nestlé, porque ao mesmo tempo que a nestlé agradece, o cidadão lá se vai mantendo em pé.     
Para nosso infortúnio, seja em Nova Iorque, em Atenas, Madrid, Paris, Londres, Roma ou Lisboa, há sempre um banco alimentar que vale aos desvalidos. Contudo, deveria sobretudo merecer a nossa mais nobre atenção o facto desgraçado, de outra vez nesta pátria de 900 anos, boa parte do futuro de uma geração, a actual, dos 6 aos 15anos, estar já a ser liquidado. Não o aflige? 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um homem só


O social-democrata e antigo assessor jurídico do ex-primeiro ministro Pinto Balsemão, João Vale e Azevedo, regressou da capital britânica e deu entrada no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Isto no dia que Merkel veio ao rectângulo, imagine-se. Este advogado foi o presidente do SL Benfica mais jovem de sempre.
Uma vez que outro social-democrata, o ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva deixou o regime de prisão domiciliária pode-se dizer que Vale é um social-democrata só.
E, atónitos, perguntarão vocês: "cadê os outros?"

Na visita de uma besta


Sabe-se, historicamente, que num país ocupado os ocupacionistas são sempre em número muito maior que os resistentes.
Portanto, nesta visita da bácora alemã a Portugal "Aldeia Olimpica" deseja a todos os que votaram no "nacional-troykismo" que bem podem ir à barda merkel.
Se não quiserem, bem se pode dizer que aqui não há alternância, há é alternativa: sempre podem ir, na  querida companhia da senhora merkel, para a puta que os pariu.

domingo, 11 de novembro de 2012

Angola: 37º aniversário da independência


Neste 37º aniversário recordo um dos mais destacados intelectuais angolanos. Um dos mais importantes poetas da sua geração, autor do conhecido "Namoro" musicado por Fausto, e deste "Mákèzu".
Viriato da Cruz foi fundador em 1955, juntamente com os poetas António Jacinto e Mário António, do Partido Comunista Angolano, que se viria a diluir na fundação do MPLA, de que foi o seu primeiro secretário-geral..
O poeta viria a ser assassinado pelos filhos da puta dos "comunistas" chineses, os actuais donos da EDP supostamente portuguesa, pela simples razão de o não terem vergado às suas famigeradas teses.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O beijo funâmbulo


Augusto Alberto  
      

Em 1206, Francisco, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfacto, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo. Contudo, movido por uma força superior, apeou-se do cavalo e colocando naquelas mãos sangrentas o seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade e disse: - o que antes me era amargo mudou-se então em doçura da alma e do corpo.
Entretanto o autóctone Francisco de Assis, actual deputado e ex-líder parlamentar do Partido Socialista, correntemente, aplicou, doce, o seguinte beijo: “O Governo já não dispõe de condições para promover o consenso. É preciso um compromisso histórico entre a esquerda democrática e o centro-direita”.
E na primeira página do jornal público de 7/11/2012, o “camarada” de Assis, José Seguro, correntemente, adiantou mais outro doce beijo: “se for eleito 1º ministro, proponho-me renegociar a divida, prazos e juros mais favoráveis”.
E o PCP apresentou na Assembleia da República o projecto de resolução nº 456/XII/2º, de 19 Setembro de 2012, que propõe renegociar a divida pública, pela defesa e reforço da produção e do investimento que assegurem o crescimento da economia que combata o desemprego. E entretanto na reunião plenária nº6 de 28/9/2012 – resultou a seguinte votação da deliberação. Votos a favor: PCP/BE/PEV. Votos contra: - PSD/PS/CDS/PP. Rejeitado. Ou seja, o Partido Socialista cumpriu em pleno, o axioma do autóctone deputado da nação, Assis. Sem demora, o Partido Socialista, com um horripilante beijo, mandou dar ênfase à mentira e à inépcia e coloca a nu a sua gangrena ideológica, a que soma outra qualidade, a de troca-tintas. Temos pois um Partido Socialista em condições de ser apanhado na mentira, mais rapidamente do que qualquer aldrabão, mesmo com lábia curta.
Já sabemos que há um mundo onde tem vingado a mentira, a que os socialistas portugueses gostam de se associar, de que os comunistas nada têm a apresentar. Pois agora chegou a hora de responsabilizar quem tem cavalgado nessa mentira e dela tem tirado reais dividendos políticos, ao mesmo tempo que coloca a Nação contra o muro e com o bico da espada já a dilacerar.
Por isso, se não quereis, Povo, que a espada que retalha, vos deixe o corpo em carne viva e carregado de escaras, à semelhança do leproso da história da cidade de Assis, recusai ser “beijado” pelos nativos deputados, Assis e Seguro. Deles, só podereis esperar embuste e beijos purulentos. Já sabemos do nojo do PPD/PSD e do CDS/PP, penso eu, mas do funâmbulo Partido Socialista, não duvideis, ainda muito haverá para ver sobre o seu nojo ideológico e programático.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O jovem independente era fascista


Augusto Alberto
    

Estava na guerra. Em Nampula. Tive um amigo que deixei de ver, com pena minha, já lá vão 38 anos. Ambos fomos sócios do cine-clube local, instituição onde se reuniam os que tinham na acção, nas colónias, o anticolonialismo e o antifascismo.
Para espanto comum, em 1972, demo-nos a assistir a um ciclo colossal do cinema soviético. De Sergei Einstein a “Linha Geral” e o “Couraçado Potemkine”,  “A mãe”, sobre o romance homónimo de Gorki, de Vsevolod Pudovkin. E ainda um magistral ciclo do cinema francês. Não mais esqueci, de Julius Dassin, “Rififi”, obra-prima do cinema noir. Ou ainda, o ciclo de cinema sueco, os “Morangos silvestres” de Ingmar Bergman. Uma lança, em pleno coração colonial.

Eu recebia a “Seara Nova” e ele o “Comércio do Funchal”. Único, porque o papel era meio alaranjado e com escrita meio tola, (andava por ali gente esquerdóide), que muito nos divertia. Entretanto, trocávamos. Pela via da leitura, descobrimos as reflexões de Amílcar Cabral e ficamos, como é natural, muito surpreendidos. Respigo dessas reflexões, o que diz assim: “A Guiné Portuguesa é uma “comarca”, sub-distrito judiciário integrada no distrito judiciário de Lisboa”. E ainda as suas reflexões sobre o imposto de “palhota”, que era recolhido contra a vontade dos nativos, pelo régulo, nem que fosse com porrada. Isto é colonialismo!
Do mesmo modo é colonialismo o que cai sobre a pátria onde nascemos e vivemos, porque são os “técnicos” do banco europeu, e do FMI, quem vai decidir de como vai ser o nosso “estado social”. Somos, em termos absolutos, também uma sub-comarca, da comarca mãe com sede em Bruxelas ou em Bona. Merkel pode ser a “patroa” colonial a quem devemos vassalagem e pagamos juros agiotas, que são uma espécie do nosso “imposto de palhota” e tipos como Passos Coelho, Portas ou António Seguro, (que porra de brinca na areia), são os régulos da funesta história.
Em Nampula, eu e o furriel Diamantino, muito jovens, reflectíamos muito sobre as coisas. Pela nossa borda, caminhava um jovem, que não lembro o nome, evidentemente, que costumava comentar as nossas conversas, com um “não me meto nessas coisas”. “Estou aqui para fazer a minha comissão de 24 meses e depois regressar. Independente, nem sequer tomo partido”. Muito bem!
Até que um dia, o jovem identificou-se e a coisa descambou. Nesse dia, o jovem já não disse “nem sequer tomo partido”. Disse: “quando acabar a minha comissão e regressar a Lisboa, vou alistar-me como agente da PIDE”. Foda-se! Acabou-se a companhia. O jovem, independente, era fascista.
Esta história é verdadeira e acerca dela podereis dizer que está levada ao exagero. De qualquer maneira, é certo dizer que já há 40 anos os independentes eram muito previsíveis.
Moral da história: os independentes acabam sempre por tomar partido. Com a particularidade de que, nas boas horas, alguns gostam de fabular. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Praia da Figueira da Foz, em 1947

A noite de Guy Fawkes

Já sem a importância política que teve, o aniversário da prisão de Guy Fawkes é agora um espectáculo de fogos de artifício por toda a Grâ Bretanha. Ou seja, um aproveitamento económico como outras datas transformadas em folclore.
Faz hoje 407 anos que um dos simpatizantes católicos que tentaram explodir  o parlamento britânico como resposta à repressão do rei protestante Jaime I foi preso e, posteriormente morto.

domingo, 4 de novembro de 2012

Misoginia


Augusto Alberto


Há quem abuse da minha paciência e da minha caixa de correio electrónico enviando documentos a chamar à reflexão, com origem em gente como Medina Carreira, espécie de ave canora, que só sabe fazer contas de somar e subtrair, multiplicar e dividir, sem nunca ser capaz de chegar à raiz dos problemas, o jornalista do “espesso”, Nicolau Santos, um militante bem preparado e de luxo do regime, ou ainda o actual director do Diário de Noticias, João Marcelino, antes director do jornal de curral, “correio da manhã”. Gente de muitos truques e de soez doutrina, que ajudou a construir o regime que nos aqui trouxe.

Por outro lado, ao arrepio de alguns desses companheiros, digo que sou dos que acreditam que as ideias devem estar no centro da sociedade e da política,  por isso, não embarco, como muitos deles, nas teorias apócrifas, que dizem que o mundo pode ser melhor, se for dirigido por eunucos ou por uma espécie de misoginia, postulada na cisão, que indica que o mal está nos partidos e as soluções estão em movimentos de cidadãos independentes, que em regra não passam de personalidades arrancadas deliberadamente ao convivo com o poder e as elites, que com método, dinâmica e engodo, apareceram para aldrabar, como foi o caso do movimento da engenheira Pintassilgo, que me obrigou a ter de engolir o sapo de votar em Mário Soares, para ter de evitar trabalhos dobrados. Ou o autêntico bocejo reaccionário de Fernando Nobre. Ou ainda, o movimento 100% na Figueira da Foz, espécie de caranguejo da pedra completamente vazio, sem miolo por dentro.
Um país não é um barco em alto mar, a marear sem aparelhos de bordo e comandado por gente que faz navegação à vista, que no primeiro embate com o cubo de gelo salta para a balsa salva-vidas, com regresso à terra firme e à retoma da vidinha limpinha, como se não tivesse havido ir e voltar. Os independentes são uma das mais criativas estratégias da elite, que faz deles verdadeiros especialistas em serviços limpinhos. Reaccionários e independentes contribuem, de modo muito sério, para que Portugal se constitua numa colónia, que vai deixar a viver muitos pelas ruas, por indolência ou por terem gostado de gato em vez de lebre.
Acreditem, chegará o dia em que nem força tereis para limpar as lágrimas.
Não insistam!

E pronto!


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fidelíssimo!


Augusto Alberto 

Para gáudio de falangistas que avocando uma canhestra e batida mentira com base em fontes anónimas, sempre credíveis evidentemente, mais a informação de um médico venezuelano, deram Fidel ligado à corrente, com pé e meio para lá e meio pé ainda por cá. Entretanto, a ONG Consejo Ciudadano para la Seguridade y Justicia Penal, com sede no México, deu a conhecer a lista das 50 cidades mais violentas do Mundo. Tratando-se de uma ONG mexicana a falar de violência social e urbana, é de confiar, porque se alguém sabe falar sobre violência e sangue, são sem dúvida, os mexicanos. Essa lista é encabeçada por uma cidade hondurenha, S. Pedro Sula, seguida da cidade mexicana de Juarez, Acapulco/ México, Distrito Central/Honduras, Caracas/Venezuela, Torreon/México, Chihuahua/México, Durango/México, Belém do Pará/Brasil, e para completar, entre outras, Maceió/Brasil, Nova Orleães, St. Louis e Baltimore/Estados Unidos, Kingston/Jamaica, Mossul/Iraque e Cidade do Cabo/África do Sul.

A primeira impressão com que se fica, é que a grande democracia mexicana, é uma poderosa panela de pressão sempre pronta a estoirar. E depois, que nenhuma cidade de Cuba, entra na lista negra de que se fala. E ainda, que Fidel está vivo.
Para os devidos efeitos, terá de se evidenciar, por exclusão, a verdade castrista a propósito da fome infantil no mundo, que diz: “hoje, milhões de crianças em todo o mundo deitar-se-ão com fome, mas nenhuma é cubana “ e também, que nenhuma cidade cubana faz parte das 100, e muito menos das 50 cidades mais violentas do Mundo.
Aliás, a qualquer momento a lista dos locais emblemáticos da violência pode ser alterada e enriquecida. Sublinhemos, a propósito, este mimo: o filho de uma mulher com 74 anos, agredida em Vila Franca de Xira, durante um assalto, contou, que quando chegou ao hospital para inscrever a mãe, um funcionário lhe disse: -“E agora vai ser novamente roubada”. Vai ter de pagar 108 euros, para além da taxa moderadora se disser que a sua mãe foi violentamente espancada na rua, porque em caso de violência, o valor do socorro não é pago pelo Serviço Nacional de Saúde. Diga antes, que foi vítima de queda e pagará somente a taxa moderadora”.
Pois é! A ditadura castrista é um tanto pacóvia, porque nem sequer conseguiu, ainda, incorporar o que de “melhor” há nas grandes e melhores democracias a norte e a ocidente.

Do Orçamento Geral do Estado