segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Petição Albertina Dias

Porque "atletas como Albertina, que faz parte dum restrito mas muito valioso lote dos que alcançaram a difícil honraria de serem os melhores do mundo, são um exemplo para todos, em especial para os jovens que pretendemos formar para um futuro mais saudável e sustentável."

"Porque obrigou a que uma lágrima nos escorresse pela pele".

Assine aqui a petição.

Agora sim!!!!

Mas a minha coerência anda pelas ruas da amargura. Sempre acreditei na necessidade de uma outra política. Paradoxalmente, quando ela se anuncia só me apetece dizer-vos que podeis ir sem mim. É que ando tão incrédulo, tão incrédulo... que nem sequer lá vou ter.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um país dirigido por homens sem qualidade

por Augusto Alberto


A bela e maldita Albertina está exaurida. Um abjecto fado, nos antípodas dos títulos que ganhou, soubemos há dias. Eu explico. Albertina Dias, a bela, porque ela contrariou a massa de que são feitas as grandes fundistas. Osso, músculo e nervo. Ao correr dos seus belos feitos, fez-se também uma mulher de rara beleza, que espero os anos e as agruras não tenham destruído. A maldita, porque há muitos anos, a uma pergunta de um jornalista, que com desassombro lhe perguntou: “que homem admira?” - Porque a desassombro se responde com desassombro, respondeu: - o dr. Álvaro Cunhal. Estava assim traçado o destino porque o pecado original, nesses termos, é capital. Desse pecado se falou, muito vagamente, a memória não me atraiçoa, no dia em que chegou de medalha ao peito, campeã do Mundo de corta-mato, e no aeroporto estavam os pouquinhos mais chegados, mais a “puta” da TV pública que foi ao frete. Dos “brutos” que mandam, nem um. Nem aquela bandeira que cobre na hora da partida a nossa heróica selecção de futebol, que em regra, regressa pífia e sem glória. Um bluff! Cá está, ainda, o Fado, Futebol e Fátima, que assombra o país canhestro da mendicidade material, intelectual e moral.

A cidadania, deste modo, é uma espécie de gaivota arreada na praia, com a asa ferida, fruto de um tombo provocado por um vagalhão em tempo de borrasca, que a impede de levantar voo e continuar a fazer pela vida, como aquela que outro dia vi, derreada, à espera do segundo da morte. Mas não se julgue que este é caso único. Eu próprio vi campeões olímpicos a trocarem algumas das suas medalhas por escassos euros. O que quer isto dizer? Que a miséria moral e ética, aqui ou acolá, entrou em delírio. É sabido que uma pátria que não respeita os seus melhores, não é boa terra, e, por isso, José Gomes Ferreira, disse: - viver sempre também cansa. Aparentemente o José tem razão, mas desistir não é próprio e por isso é preciso, em primeiro lugar, explicar aos menos atentos, quem foi Albertina Dias. Foi uma mulher olímpica e três vezes medalhada em Campeonatos do Mundo de corta-mato. Bronze, Prata e Ouro obrigando a que uma lágrima nos escorresse pela pele. E ainda dizer que o seu pecado original e capital não pode ser razão para vender a casa onde vive e licitar na rede as suas medalhas por 70 mil euros, para barrar a infelicidade, antes pelo contrário. E ainda acrescentar que gente com os mesmos méritos, que abdicou e teve a habilidade de passar a palma da mão pelo pó do poder, leva uma vida de bem-aventurança e de boa pança. Então a gente às vezes interroga-se: - que estranho país é este, que exige que se abdique, para se ter paz? E eu respondo. É um país dirigido, sem dúvida, por homens sem qualidade.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Naval num blogue vitoriano

Uma foto da equipa da Associação Naval 1º de Maio, de 1919, retirada de um blogue vitoriano.
Onde, além da história da centenária colectividade figueirense se recorda a estreia dos navalistas na divisão cimeira do futebol, com uma vitória por 2-0, no Estádio D. Afonso Henriques. Fica-se também a saber que a quarta colectividdade do país e a terceira a ser reconhecida pelo Comité Olimpico nunca foi um adversário agradável para os vimaranenses. Lá calha.
Aqui: http://www.gloriasdopassado.pt.vu/
(na barra lateral direita clicar em "clubes de portugal").

Angola, 0 - Tunisia, 3


Apesar da derrota por 0-3, na final frente à Tunisia, os "palancas negras" fizeram uma boa prova. Primeiro, foram a equipa sensação ao conseguirem mesmo ultrapasar a primeira fase, coisa que não estaria nas cogitações de muitos. Segundo, há a considerar que o seleccionado tunisino era composto por 80% da sua selecção principal, o que não aconteceu com a equipa rubro-negra.
A maior valia técnica e maior experiência dos magrebinos, aliados ao facto do treinador Lito Vidigal ter pegado na equipa pouco tempo antes, ditaram o resultado final.

Angola: a primeira final ou às portas de um feito histórico


Angola disputa hoje, às 17h30 no Sudão, a final da 3ª edição do Campeonato das Nações Africanas (CHAN) com a Tunísia. Este campeonato é disputado por selecções africanas formadas só com jogadores que disputam os respectivos campeonatos nacionais e intercalado com a CAN.
Depois de uma vitória (2-1 frente ao Ruanda) e dois empates, (1-1 com a Tunísia e 0-0 com o Senegal) na primeira fase, os “palancas negras” eliminaram os Camarões (0-0, 8-7 nas grandes penalidades) e o Sudão (1-1, 4-2 também nas grandes penalidades) e estão à beira de conseguirem o seu primeiro troféu internacional.
A selecção de Angola é treinada por Lito Vidigal, antigo jogador do Belenenses que já treinou o Estrela da Amadora e a União de Leiria.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Desafiem o vosso democrático voto

Augusto Alberto

Hoje estive sobre a campa do “Hera”. O cargueiro que em meados da década de 60 do século passado, numa noite de vento e lavadia, se sepultou, mesmo agarrado ao molhe norte, sob areia fina, húmida e morna. Corri pela praia, desde o Teimoso até lá e voltei. E é desta praia, figueirinhas, que vos quero falar e para dois desafios.
O primeiro, desafiá-los a utilizar o colossal espaço lúdico que a natureza construiu na sequência do prolongamento do molhe norte. Não devereis recusar, porque ali está, como nenhum outro. Exactamente, porque o outro que esperamos e que deveria ser construído pelos homens, não existe. Os homens nunca foram capazes de nos dar tamanha alegria, antes pelo contrário, quase tudo o que têm conseguido é encornar-nos. E agora a natureza, sorrateira, substitui o poder autárquico, ainda que os amantes do surf se queixem que lhes roubou a “maluca”. Perdoe-se, porque as duas plataformas, de areia fina e dura, a superior e inferior, quando a maré escarna, da Tamargueira até ao molhe, estão sublimes.

Passeiem da Tamargueira até ao molhe. Sobre o “Hera”, firmem bem os olhos de frente para a vila, porque verão, em suave socalco, o forte que resistiu a piratas e às hordas de Napoleão e o casario piscatório, num quadro cromático sublinhado pelo tom único, de cinza, da Figueira. Na vazante, passeiem candidamente pela plataforma inferior, ligeiramente arrampada, com uma frente para lá dos 100 metros, seguramente, desde a consolidada plataforma superior, até onde a vaga se espraia, olhem os finíssimos canais que a água subterrânea que corre dos caneiros de Buarcos e do Galante constrói até chegar ao mar. Vejam o sol saltar nas microscópicas pedras de mica e quartzo. Vejam os bandos de gaivotas e os seus voos rasantes. Ouçam o marulhar das ondas, aspirem a maresia mais o iodo. Sublime!
O segundo convite, na sequência do primeiro, vai no sentido de desafiarem o vosso democrático voto. Sugiro que entrem na sala, recolham o vosso voto, não se dirijam à câmara, não o danifiquem, não o tornem branco, saiam da sala, dirijam-se à praia, de preferência em grupo, e atirem-no ao oceano, elegendo a natureza vossa depositária e mãe, mandando às malvas os que ao vosso voto, respondem com tretas. Assim, como se atiram flores a “yemanjá”, sereia e rainha das águas, mãe dos orixás, protectora da vida. Afinal, o mar é o bálsamo que cura feridas que alguns homens se entretêm a abrir.
Já sei, virá cá alguém e perguntará, e o senhor atirará o seu voto ao mar? Eu, nunca! Votarei sempre como tenho votado. Não sinto remorsos, porque o meu voto nunca foi dado a quem nos tem andado a encornar, por isso, não tenho que mudar. Exactamente encornar, porque após as promessas, os figueirinhas são sempre os últimos a saber que afinal as promessas não são para cumprir.
Até à próxima.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma dupla de mérito

Carlos Certo e Fernando Maltez receberam a Medalha de Mérito Cultural em Prata. Segundo o vereador Vitor Coelho, que apresentou a proposta, aprovada por unanimidade, os dois conhecidos actores amadores têm "contribuído para o desenvolvimento e difusão da história do concelho, das suas tradições e da sua cultura popular".
Aqui ficam os parabéns para a famosa dupla.

Zeca



Que dizer?

Da vergonha...


"Em Miragaia, no Porto, eram oito os filhos no casebre pobre. E mal Albertina Dias nasceu, o pai morreu...
- Passei mal. Até para comer. tive de começar a trabalhar pequenina, deixar de estudar cedo, apesar de ser boa aluna. Num escritório de despachantes, nas limpezas. Depois num armazém, a carrejona: levava sacos de figos à cabeça onde fosse preciso. Um horror, sobretudo a galgar as ruelas íngremes da Sé.
O atletismo afastou-a da miséria. Em 1990, sagrou-se vice-campeã mundial de corta-mato, dois anos depois juntou bronze à prata, em 1993 fez o que nunca nenhuma portuguesa fizera, nunca mais nenhuma faria: campeã do mundo.
Casou-se com Bernardino Pereira, seu treinador. Teve uma filha. Em 2003, o destino deu-lhe, cruel, de novo, volta à vida: ele morreu de cancro. Ela tinha 37 anos, atrevera-se a treinadora, fizera de Ercília Machado campeã nacional...
- Pedinchei ajuda, nada. Até que Rosa Mota e Pompílio Ferreira conseguirem que me dessem lugar de animadora desportiva na Gaianima. A 400 euros por mês. Era pouco, trabalhava a dias ainda...
No fim do ano, a Gaianima prescindiu dela. Pôs à venda a casa onde vive
- Não quero que a minha filha passe o que eu passei...
e decidiu leiloar as três medalhas dos CM na Net, com licitação a 70 mil euros...
- Custa muito. É pedaço de mim que... que... como um rim... Mas não posso comer as medalhas... Ando a fazer limpezas em duas casas, a cinco euros à hora...
Uma vez que em 2010 a direcção-geral de Contribuições e Impostos gastou 30 mil euros só em medalhas comemorativas do seu 160º aniversário e o Banco de Portugal 190 mil em moedas e afins - será que não há por aí organismo do Estado que compre as da Albertina e as vá depositar no Museu do Desporto?
Era a forma de a compensarem pelo modo como a foram tratando neste país que cada vez mais regressa pior ao país do Cesariny: onde os homens são só até ao joelho e à noite nos rondam os dias em ruas cheias de cadillacs obscenos que na sua metáfora são a nossa vergonha.
(Pois, parece-me que estou a ouvir um murmúrio a dizer-me para ter juizinho...)


António Simões (in jornal "A Bola", em 2011-02-22)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O papel que fala de nós

por Augusto Alberto


Dia 15 de Fevereiro, deste ano da nossa desgraça, comemorou o jornal “Avante!” 80 anos. Na tarde desse estimado dia estava um pouco verrinoso e por isso decidi deixar tudo e plantar-me em frente da TV, na esperança de que um dos canais, que à mesmíssima hora transmitem uma coisa igualíssima, “opinião publica”, viesse falar do “Avante!”, num saboroso golpe de asa, e do seu colossal contributo para a mudança das nossas vidas. Em vão.  Resolveram falar do Sporting. Em rigor, calaram a razão para falar da emoção. Decepção minha, porque falar do “Avante!”, é dizer das nossas razões, como no primeiro número é deixado claro: "um órgão na imprensa que se torna indispensável para denunciar ao Povo Português todas as tropelias, todas as maldades e todos os crimes que contra ele se praticam diariamente". Palavras sábias, justas e actuais. Falar do Sporting, é dar uso às emoções. Contudo, o que ali estava, ainda assim, era uma entorse, porque do que se falava era de futebol, e não do Sporting. Essa discussão que corre a par da emoção é quase sempre irracional e, por isso, é-me irrelevante porque se revela um longo e torto caminho.
Do Sporting, confesso, gosto sobretudo do seu excelso ecletismo, razão que o colocou uns furos acima. Recordo bem que num dos períodos mais brilhantes, o clube mobilizava com regularidade por debaixo das arquibancadas do velho José de Alvalade, milhares de amantes da ginástica desportiva, nas suas várias facetas, num tempo de indigente cultura e actividade física, dirigida de modo dedicado e superior, por uma figura grada do regime e por ironia, um figueirense. E também, por exemplo, a grande figura de Armando Aldegalega, talvez o primeiro homem em Portugal a dar sistematização ao treino da maratona. Aliás, a quem tentei, debalde, ganhar em alguns encontros, nos asfaltos das vilas e cidades desta pátria maior. Mas falar do “Avante!”, será sempre a referência a memórias racionais de gente anónima que se tornou extraordinária, porque fazê-lo e distribui-lo é contar as mais aprumadas e heróicas histórias da resistência e da democracia e por isso, porque as TV’s do regime não me deram o direito à razão, eu num ápice resolvi a questão. Fiz o zaping aconselhável e parei num dos meus absolutos canais. No Mezzo, e, nem de propósito, ainda fui a tempo de “ouver”, mais uma vez, a Sinfonia do Novo Mundo de Dvorák, tocada pela Sinfónica de Nova Iorque. A sala, enorme, é branca e austera. Os líderes do regime norte coreano acorreram ao teatro em Pyongyang, num raro momento de distensão. A orquestra e o maestro Lorin Mazel, pujantes e absorvidos, ganharam a concentração e a emoção, deixando-os quase sem contracções corporais e eu tomado pela mesma emoção, quase também. Afinal, somos todos carne e nervos do mesmo Adão.
Como ao correr se vê, não dispenso as emoções do ecletismo no desporto, dos grandes sons e sobretudo não dispenso as razões dos melhores, que são os que lutam até ao acabar da vida. Foram os que fizeram e distribuíram e os que hoje fazem e distribuem o “Avante!”, o papel que fala de nós.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Kosovo: 3 anos de... de... de independência


Uma das últimas grandes acções do Terrorismo Internacional Organizado (sem aditivos melindrosos) (T.I.O. S.A.M.), foi, sem dúvida, a independência do Kosovo. Com a ânsia de desmembrar imediatamente a Servia serviram-se de um grupo de bandidos da pior espécie, o UÇK, ao ponto de lhes entregar o território.
Reconhecido apenas por 75 países, entre os quais Portugal, e sem ainda ter sido admitido na ONU, o Kosovo não tem muitas razões para festejar o 3º aniversário, que hoje passa. Diz-nos os jornais que não está mesmo prevista qualquer cerimónia de nível nacional.
Pudera.
O primeiro-ministro (será um eufemismo?), um tubarão do crime organizado, oriundo do tal UÇK apoiado por americanos e europeus, está envolvido numa rede de tráfico de órgãos de prisioneiros sérvios, nos anos 90. A juntar aos negócios de droga, armas, prostituição e afins, é caso para dizer que o mundo “civilizado” e “democrático” tem as mãos muito sujas. E nem só de sangue. 
Arrepiante, arrepiante, é sabermos agora que as Nações Unidas souberam do tráfico de órgãos de prisioneiros sérvios em 2003.
Mas tem mais: uma taxa de 40% de desemprego, onde 45% da população vive no limiar da pobreza.
A única coisa que falta saber é se a população do território escolheu a independência, e se a escolheu nos moldes impostos pelo capitalismo internacional. Não me parece.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Avante!


Faz hoje 80 anos que saiu a primeira edição do jornal Avante!.

Na clandestinidade desde a sua fundação até ao 25 de Abril de 1974, só nos primeiros anos de vida sofreu algumas interrupções. Sempre ao lado dos trabalhadores, durante a ditadura fascista, foi a voz dos seus anseios e aspirações.

Recordo aqueles que, durante anos e anos de clandestinidade, o construiram. À custa de prisões, torturas e, até, da própria vida.


Hoje por hoje, continua a ser o único jornal que não está nas mãos do capital.

Entrevista com o escritor José Casanova, director do Avante!

A emoção insuspeitada


A mordacidade, a ironia, o humor descomprometidos com que pratica a sua arte, sobretudo o cartoon, leva-nos aos domínios da razão muito mais que aos da emoção.
Mas vá-se lá saber porquê, a condição humana é fodida. O homem está emocionado, caralho.
É ele que confessa. Aqui.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O mundo mais seguro (Parte II)


Bem que me parecia que o mundo iria estar mais seguro.
Este episódio revela a competência e responsabilidade de políticos que deveriam ter um outro comportamento. Aconteceu com o indiano como, naturalmente, poderia muito bem acontecer com qualquer outro.
Seria inimaginável numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas um ministro ler um discurso por engano. Sem gaguejar e sem dar conta do engano.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A insuportável e insustentável leveza do ser

Augusto Alberto

A propósito do narcotráfico dei comigo a ler uma notícia, mais uma, que regista um continuado de mortes na cidade mexicana de Juarez, fronteira da cidade americana de El Paso. Franqueio a notícia que diz que 3 jovens americanos, estudantes, foram abruptamente e indelicadamente assassinados a tiro, sem motivo aparente, quando miravam automóveis num stand. Assim, sem mais nem menos. Depois o desenvolvimento da notícia ainda nos diz que só no mês de Janeiro deste ano de 2011, cerca de 300 pessoas já foram assassinadas nessa cidade mexicana.

Mas falando de assassinatos, assim a frio, pelo mundo, nestes tempos de ressacas, os números quase que dão uma dimensão de homogeneidade. Cerca de 300, como se diz, abatidos pelo narcotráfico em Juarez. 300, número redondo, na Tunísia, pelo regime, agora parece que opressor e miserável, mas há cerca de três décadas, alinhado pela social-democracia, ou socialismo em liberdade, ou socialismo de rosto humano. E mais cerca de 300, no Egipto, pelo regime, agora parece que opressor e miserável, mas há cerca de três décadas, alinhado pela social-democracia, ou socialismo em liberdade, ou socialismo de rosto humano. É à escolha.
Ao correr da noticia, ainda leio um comentário que amavelmente nos convida a uma visita ao blog, que aconselho a descobrir e que dá pelo nome de “el blog del narco”. Se quiserem perder um pouco de tempo e se não tiverem mal de estômago, aconselho-vos à viagem. Nesse instante perceberão as vantagens de Cuba ter um pedaço de mar que a separa do México e Estados Unidos. E também ainda bem que o majestoso Atlântico mais um pedaço da Europa a separa dos regimes do norte de África, como da Tunísia e do Egipto, onde paira um ditador, antes social-democrata, ou do socialismo de rosto humano ou do socialismo em liberdade, que durante dezenas de anos se empanturrou de máquinas de guerra, cedidas pelo amigo americano e ainda teve tempo para ceder ao Berlusconi, uma “sobrinha”, com uma soberba pele de amêndoa, para alegrar as suas noites de borga e emprestar um iate ao 1º ministro Francês Fillon, para umas sortidas ao rio Nilo. Chegados aqui, estamos pois perante a insuportável e insustentável leveza do ser, do ter e do haver.
Não tivessem os tunisinos e os egípcios, para já, vindo à rua e não haveria razão para enganos de maior.
Por isso, façam o favor de não soletrar mais as palavras, democracia e ditadura.

Lá se foi...


O grande amigo do ocidente lá se foi, por pressão popular. Não foi possível quer aos EUA quer à União Europeia aguentarem mais o energúmeno. Mas "os Estados Unidos continuarão a ser  um amigo e um parceiro do Egipto", diz o presidente Obama.
Estas palavras são um aviso sério para o povo egípcio, pois corre o risco de continuar tudo na mesma, à excepção de umas eleiçõeszinhas de 4 em 4 anos. Aliás, nada que não tenhamos experiência própria.
Festeja-se o afastamento de Mubarak. E a classe que detem o poder? Vai perdê-lo? Vai ser exilada?
Alguma coisa vai mudar, claro, mas que vai continuar tudo em boas mãos, também vai, com certeza.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um grande baixo

Lá vem benzina


Temo é que esteja estragada. Imaginemos que a moção de censura até passa, no que eu tenho dúvidas. Com a capacidade que temos vindo a demonstrar em escolher os governantes, poucos deverão ter dúvidas que continuaremos a ser governados por néscios, corruptos, incompetentes e outros trastes afins. E, em abono da verdade, ainda têm muito trabalho pela frente: é o desemprego que ainda não terá passado dos 11%, é o trabalho precário que, para eles, ainda terá níveis irrisórios, é o SNS que ainda existe, é o ensino público que também, ao que parece, ainda existe, são os salários que ainda não deverão estar suficientemente baixos, e por aí fora…
Não, não acredito que a moção passe. Embora indiferente para a Direita que o governo caia ou não caia, pois está muito bem servida com os “socialistas”, seria mau para o PSD, depois de ter ajudado a aprovação do orçamento ficaria mal na fotografia e corria o risco de perder as eleições pois os súbditos do dominical engenheiro vestiriam as roupagens de vítimas, e o eleitorado português nesse aspecto, como se sabe, é muito solidário.
Por outro lado, isto sou eu a divagar, quando os bloquistas se disfarçaram de empertigados já saberiam que os sociais-democratas não votariam a moção. Era capaz de apostar.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ao Sr. Dias

Augusto Alberto

Parte dos custos da viagem evangélica do papa de Roma ao Reino Unido foi financiada por fundos que se destinavam a ajudar países pobres, diz-nos notícia recente. Nada de mais, porque a igreja de Roma faz do entretenimento, da badalhoquice e do medo, a sua conta corrente. E é por estas e outras que as coisas estão como estão no norte de África, a deixar, evidentemente, muita gente completamente amedrontada.
Os coirões não percebendo muito bem o que se está a passar, remetem a coisa para a ideia difusa de nós os ocidentais e cristãos ou a irmandade muçulmana. Uma merda! Aquela gente o que quer é, tão só, pão! Pão minha gente. Tão simples e material. Percebam em definitivo que é pão. Mas infelizmente esta verdade foi esquecida por muita gente que fez, e faz, da fome alheia, o ómega do seu enriquecimento. Agora parece que o mundo se vai revoltar e então, o petróleo, mais o gás da Argélia, mais o canal do Suez, Israel e a Arábia Saudita, e por ai adiante. Sejamos sérios. Nunca entenderam, ou não quiseram, e pelos vistos só mesmo à força vão entender, as mensagens que durante anos foram deixadas nas praias do Mediterrâneo, que quase diariamente viam chegar ordens de gente, sem pão, encharcada e exaurida.
A este propósito, li hoje no principal jornal regional um texto de um encartado e por isso, com opinião na rádio, Tv. e naturalmente no diário, Carlos Amaral Dias, do mais deslavado pensamento, que palrou sobre o assunto. E o que o preocupa? A irmandade muçulmana, evidentemente. Tinha de ser, pois então. O resto, a falta do pão é coisa que persiste em não incomodar. E então o que diz o emérito e preocupadíssimo homem. Que na Jordânia, uma monarquia, também absolutamente insensível à falta do pão, a irmandade muçulmana, já reuniu as tropas e veio para a rua forçar e a seguir ainda (bufou), a esquerda, quis dizer, envergonhadamente, os comunistas, não souberam capitalizar o descontentamento. É evidente que quem tem um buraco ao fundo das costas num dado momento haverá de ter medo, por mais forte que se ache. E até sabemos de fonte segura que muitos dos borrados, na hora do aperto, palmilham aos santuários da igreja de Roma, agora aflitíssima, para derreter dinheiro em cera, com vista ao milagre que os vai aliviar dos apoucamentos. Outros, desafiam outros a ter a coragem de fazer aquilo que nunca foram capazes, durante uma vida de cedências e capitulações. Resistir e lutar. A esquerda, como quem diz, os comunistas tem de ser, uma espécie de mão ossuda, dura e lapuda, que há-de tirar da fogueira as castanhas que outros para lá atiraram. Mas não é assim. Tenhamos calma. Como em tudo na vida, fica bem lembrar que a esquerda, os comunistas, tem limitações. Contudo, saiba o senhor Dias, que nenhum coirão está livre de uma intifada, com certeza.
Mas nestes tempos de equilíbrios, saiba também que os comunistas não são tropa de choque com vista a safar o coiro a quem quer que seja, para que a seguir tudo continue como dantes, como o quartel em Abrantes, mas estão para mudar, quase sempre, à custa do seu próprio coiro.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

4 de Fevereiro, o primeiro dia

Considerado o início da luta armada, em Angola, o 4 de Fevereiro é uma das datas mais importantes da história do país das palancas negras.
Marca um momento fundamental no percurso que levou à independência e na tomada de consciência nacionalista do povo angolano. Foi, simultaneamente, um rude golpe que marcaria o principio do fim da ditadura fascista.
Aqui o recordei.

Até se revoltarem os escravos

Até se revoltarem os escravos.
Até se revoltarem as comportas.
Até sismos divinos, roncos cavos
Da terra inquieta sob as pedras mortas
Sacudirem a nossa quietação.
Até que luas doidas sobre o mar
Sejam sinal da Alucinação.
Até se extinguir a gentileza
Que mais que nos liberta, nos corrompe.
Até sermos capazes de amar,
Até sermos capazes de morrer.


Mário António (poeta angolano)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pinóquios

Augusto Alberto


Informa a imprensa regional que o equipamento desportivo a construir na Freguesia de Buarcos, e sobretudo o seu putativo campo de golfe, que não mereceu interesse da própria Federação Portuguesa de Golfe, não passou da casca, ou como quem diz, da prancheta do arquitecto. Por hora, o actual presidente da câmara municipal teve o mérito de falar verdade. Já se sabia do embuste, mas a manha eleitoral é mais forte. Se somarmos este desaire ao estado em que se encontra o parque desportivo municipal, ainda que o campo onde jogam os mais novos esteja prestes a levar um piso sintético, a verdade é que o parque desportivo municipal é um verdadeiro escarro, não tenhamos medo do adjectivo.
Fui utilizador intensivo do ainda estádio municipal, nos anos distantes de 70, 80 e 90 do século passado. Recordo quando chegava e chamava pelo Ti Alberto. Cheguei! E ele respondia, ai vai a chave meu caro Alberto, bom treino.
Passaram por lá técnicos da DGD, de fita e papel na mão com vista a lançar o projecto de uma pista qualificada. Inclusive, parte da bancada sul teria de ser demolida para se construírem os corredores para os 110 barreiras e escapatória. Aliás, nunca percebi porque é que aquele equipamento nunca foi qualificado e posto ao serviço das duas escolas vizinhas. Estive há pouco tempo em França e o centro desportivo onde estive é utilizado diariamente, intensivamente e extensivamente, das 8.00 horas às 22.00 horas, sobretudo nas tardes de 4ª feira, quando as escolas fecham e os meninos são enviados para a actividade desportiva acompanhada. Não é por acaso que a França renovou o dificílimo título mundial de andebol há dias atrás.

Estas coisas têm culpados, evidentemente. Desde logo, para o bem e para o mal da cidade, o presidente Aguiar, que nesta matéria sempre foi uma força de bloqueio. Simpatizávamos um com outro, é certo. Talvez pelo modo leal como o confrontei com as suas opções de política desportiva. Depois outros vieram, e a incapacidade parece que fez escola. Um queria inclusive a sacanice de um estádio para 30 mil pessoas.
Mas entretanto, no esteio desta conversa, o meu desejo é lembrar que a jotinha socialista cá da terra, na última campanha eleitoral autárquica montou um cartaz em que colocou de modo irrepreensível as caras de anteriores presidentes do PSD, responsabilizando-os por tudo o que no concelho foi feito de mal. E eu, sempre atento, fiz logo um texto em que aconselhava a deixar espaço para os presidentes socialistas que também colaboraram nas borradas.
Apesar de faltar muito para nova borrasca autárquica, desde já, face a desmandos e promessas eleitorais anteriores não cumpridas e a não cumprir, (como por exemplo, do PPD, o palácio de congressos, o complexo desportivo de Buarcos, que afinal morreu na prancheta e do actual Partido Socialista, a lembrar: - a renovada promessa, porra, do complexo desportivo de Buarcos. A aldeia do mar. O passeio atlântico. O caminho atlântico para a Murtinheira, e ainda antes, aquele gostoso túnel pedonal para a outra margem), lembro que podem desde já começar a desenhar novo cartaz. Mantenham os que lá estavam, sim senhor, mas acrescentem as caras dos presidentes socialistas. Mas devagar, porque o tempo sobra. Um traço hoje, uma pincelada depois de amanhã, mas dando por favor volume aos narizes de todos os bonecos do cartaz. Chegados à campanha, o painel estará pronto e os narizes que ao longo dos meses foram crescendo, acabarão, lindos, como o de Pinóquio. Aliás, nestas matérias a pátria tem andado, desde o poder local, legislativo e executivo a ser gerida por Pinóquios, que sucessivamente são caucionados pelo voto popular e democrático.
E sendo assim…é de respeitar, mas também de os denunciar.

Uma geração

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ou está estragado...

Ou não é vintage...

O império treme?



As escaramuças nos arredores do Império poderão, ou não, significar que ele começa a ruir. Mas para agora pouco importa. É um processo, a História já nos tem dado lições a propósito, lento, muito lento, levará mesmo anos, anos e anos. Até lá ainda vão dando a volta.
Mas aqui estamos sossegadinhos da Silva. Segundo se lê na imprensa, a única pois não há outra, o que estará na origem dos protestos é o desemprego, o baixo salário mínimo, a corrupção. Isto entre outras “dignificantes” coisas que o império vai tecendo.
Tudo problemas que não nos dizem respeito, como é óbvio e ficou demonstrado no passado dia 23. Segue tudo na paz do senhor. Até um dia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Eu, o meu candidato e os preconceituosos

Augusto Alberto



A resposta aos últimos é simples. Remetê-los para os documentos do P.C.P., o seu programa aprovado em congresso, a sua 1ª conferência económica, realizada no longínquo ano de 1977, em que eu participei de modo muito activo, porque honrosamente e honradamente fui o responsável pela recolha de todo o material em referência à indústria dos cimentos, e a sua síntese, apresentada por um trabalhador da fábrica de Souselas, e para as conclusões também saídas da 2ª conferência económica, realizada anos mais tarde e entregues, para ler, nos lugares do poder.
De entre muitas e variadas conclusões, só quero fazer referência a pequena coisa. Do que se fala sobre agricultura: - A política agrícola e de desenvolvimento rural deverá ter como objectivos centrais o desenvolvimento e a rápida modernização da agricultura portuguesa, a melhoria da vida nos campos, o aumento da produtividade e da produção agrícola, pecuária e florestal, a melhoria do grau de auto-abastecimento de produtos alimentares essenciais, o máximo incremento das produções em que Portugal possa dispor de vantagens comparativas e a manutenção do mundo rural. Há poucos dias, neste mês de Janeiro de 2011, Basílio Horta, marajá retrógrado e recuperado para a “democracia” pela mão do Partido Socialista, disse, como se vê, o que os comunistas vêm dizendo há muitos anos e por isso acordou tarde: Portugal deverá precaver uma reserva alimentar. E em resposta o ministro Socialista da agricultura, disse: - isso não é possível porque estamos no espaço europeu e temos de respeitar as regras comunitárias.
Postas assim as coisas, quero aqui dizer, sem receio, o seguinte: - a cassete comunista, gravada em 1977 e regravada em 1993 nas suas conferências económicas, está afinal sem riscos e perfeitamente actual. O Dr. Basílio Horta, formado no fascismo assume aqui uma posição avançada, até parece que passou a democrata. Que o ministro da agricultura, António Serrano, socialista e democrata, passa a retrógrado e, mais do que isso, afirma-se pela hipoteca da nossa independência e soberania.
Ora para os preconceituosos, o que o meu candidato andou a dizer, com toda a clareza durante a campanha, foi exactamente aquilo que milhares de cidadãos discutiram, propuseram e continuam com propósito a propor e a necessitar. Resumindo, mais riqueza, melhor distribuição, mais independência e melhor qualidade de vida. Tão simples como isto. Claro está que para os preconceituosos, pelos vistos, o meu candidato de cada vez que esteve numa acção, deveria ter mandado sentar os ouvintes e ler-lhes de fio a pavio todas as conclusões das duas conferências económicas e outras. Mas acontece que essas coisas, à moda de quem lê um livrinho vermelho, não são possíveis, porque é vasto o conjunto de propostas que aos comunistas dizem respeito e só a eles, porque parece que só eles se preocupam com estas coisas da pátria.
Para acabar ainda digo que os preconceituosos ouvem sempre de viés, ou não ouvem e acabam a soletrar o que convem à voz do dono, ou então, também devem achar que afinal são todos iguais. Olhem que não! Estão errados.
Para concluir, para além de remeter para a Net quem tiver interesse por estes importantíssimos temas, onde estão publicados os dois documentos saídos das duas conferências e as intervenções do meu candidato, teremos de concluir que se as posições sobre os comunistas se mantiverem, daa duas uma: ou se tem unicamente uma mudança, a da marcha-atrás, ou então estamos perante sujeitos que carregam o esquerdismo, a doença infantil dos democratas.
Passem bem.