terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Romances de mijar

Augusto Alberto

A norte e a sul do concelho e do rio Mondego, nada de novo. Nem a aldeia do mar, nem a avenida oceânica, desde os Vais, onde vivo, até à Murtinheira. Nem o golfe, nem o parque desportivo em Buarcos, que anda a ser vendido, sem vergonha e à vez. E nem a “micas”, sabem, a tuneladora, chegou para abrir o furo que há-de dar o túnel pedonal para a outra margem. Nem o aço para a ponte pedonal, também, para a outra margem. O fetiche pela ligação, a pé, para a outra margem, deu em orfandade. Nem se deu início ao esquiço, entretanto, para o palácio dos congressos. Em boa verdade, de especial e relevante, nos últimos anos, só histórias de foguetes e de funanbulagem.
Lembram-se dos fantasmas e funâmbulos que atacaram o palácio à rua da liberdade, onde reina uma das agremiações que divide, a espaços, o poder da cidade? Metade dos “companheiros” atacou portas e janelas com tábuas e pregos, no sentido de evitar que a outra metade dos “companheiros” tivesse acesso às salas onde funcionam o laboratório de ideias.
E, também, a outra agremiação do poder andou em romances de mijar. E por isso, as ideias e as campanhas eleitorais, não vão além de coisas de faca e alguidar, porque logo à partida se adivinham as mentiras e o que virá nos outdoors. E nem o carnaval passou a genial. Uma terra agora órfã de foguetes e desbotada, disse-me um sobrinho, que se meteu a tolo e veio à avenida ver o Entrudo. E nem a imprensa local, “figueirense”, vai além da irrelevância e do chinelo no pé.
Mas olhem que esta não é terra única. A norte de Marrocos, e a sul de Portugal, há uma cidade, Faro, em que a captação e distribuição da água, que julgamos ser um bem público, dá sempre lucro à parte privada. A autarquia autóctone socializa os prejuízos e a privada só capitaliza os lucros. Um brinco! E alguns “figueirinhas” perguntarão: o que tenho eu com isso? Sou da Figueira e não de Faro. Engano! Porque nesta coisa da gestão autárquica, há, de norte a sul, uma espécie de guião, e por isso, por uma opção semelhante, pagam os “figueirinhas” a água a um preço exorbitante. Não querem saber? Deixem então que lhes diga, “figueirenses”: sois de mijar a rir.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pança e a razão

Augusto Alberto

Sancho, que apesar de ter pança não era despossuído de inteligência e de fino humor, lembrou a D. Quixote que às vezes até os bandidos sentem necessidade de fazer uso da lei. Especialmente se a lei for desenhada e escrita pelos próprios bandidos.
No mesmo sentido vai Miki Teodorakis, músico maior e resistente à ocupação da Grécia pelo fascismo alemão e à ditadura dos coronéis. Teodorakis apelou ao levantamento patriótico contra o governo imposto pelos Estados Unidos e as restantes democracias ocidentais ao povo grego, que dura há mais de 50 anos.

E nós, se nos formos capazes de ver ao espelho, veremos como as coisas são iguais. Há pelo menos 35 anos temos os governos que as democracias ocidentais querem que tenhamos, após um pequeno período em que julgaram que a correlação de forças não lhes era favorável. Na verdade, a correlação de forças sempre foi em seu benefício. Como prova quero deixar aqui um singelo exemplo. Olhemos para a comissão parlamentar de acompanhamento do programa de resgate, vulgo programa da troika. E o que vemos? Que o deputado do PSD/PPD, Miguel Frasquilho, espécie de dândi, é um alto quadro do Banco Espírito Santo. Que o deputado Mesquita Nunes, do CDS/PP, é um celebrado jurista no escritório encarregado do processo das privatizações. E que Pedro Pinto, deputado também do PPD/PSD, truculento e espécie de caceteiro, é consultor de empresas dependentes da EDP.
Tudo gente com especial interesse em que se cumpra a lei. Da Troika, evidentemente. Sancho Pança está carregado de razão. Os bandidos, pouco dado a enganos, fazem sempre bom uso da lei, que desenharam e escreveram.
Por isso, bom Povo Português, está na hora de tomares tino, sob pena de teres pela frente mais 50 anos de fascismo, a somar aos anteriores 48, mais os 35 que correm. 
Atenciosamente. 

Sá Pinto, também já és ministro?


É que depois de ouvir uma ministra dizer que tem fé em que vai chover, um ministro a achar preocupante o desemprego depois de o incrementar, e outro ainda a inventar gestores de carreira para desempregados (imaginem, não é?), acabo de ouvir o treinador do meu Sporting dizer que fizeram um jogo fantástico frente ao Legia de Varsóvia.
Bem, se não é ministro deve estar a fazer-se ao piso.
Isto anda é tudo doido, é o que é... e não há quem me tire deste filme.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Outra voz


Outra voz outra garganta
Outra mão que se estende à que tombara
Uma fagulha num palheiro acesa
Ó meus irmãos a luta já não pára

José Afonso (escrito na prisão de Caxias)

Zeca




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Savimbi e a ironia da História


Faz hoje 10 anos que Savimbi foi morto, supostamente pelas Forças Armadas Angolanas. Nunca tive qualquer simpatia pelo “galo negro”, que serviu as forças coloniais, as racistas e o imperialismo americano. Aconteceu-lhe o que aconteceu a muitos outros. Quer dizer, foi descartado quando já não era necessário.
Lembro-me que não festejei a sua morte, embora a eliminação dos inimigos seja algo que se festeje, mas, uma coisa é certa, ela traduziu-se na chegada da paz. Que, tenha o preço que tenha, vale sempre a pena, já aqui o disse.
A ironia é que Savimbi representava os valores ocidentais, os princípios democráticos segundo o capitalismo internacional, com o condicional apoio do Ocidente, principalmente dos EUA. Foi muito útil, portanto, enquanto o MPLA teve o apoio da União Soviética e defendia o sistema de partido único.
Foi deixado cair quando já não era útil, porque substituído pelo MPLA, que entretanto se converteu ao imperialismo.
Ao fim e ao cabo, Savimbi é, também ele, um vencedor.
Mas apesar disso, a História, Savimbi, julgar-te-á muito mal. Como o traidor que foste. E olha que os teus compinchas tugas estão todos no poder, bem troikados, uns a exercê-lo e outros a fingirem-se de oposicionistas.
É triste, muito triste, mas a tua vitória, Savimbi, sabe bem a outros. Viveste a trair, morreste traído.
Realço uma dúvida que perdurará, temo mesmo que ficará para sempre no segredo dos deuses: quem fundou a UNITA?

Maria, a inocente

Augusto Alberto

Hoje trabalho como empregada de limpeza. Ganho 475 euros por mês, por um trabalho das 15.00 horas às 22.00. Não me queixo. “A gente aprende a consolar-se com pouco”. Maria.
“Estiveram aqui ontem 100 mil, mas deveriam ter estado um milhão. Eu também, mas não estive, porque fui um cobarde”. Cidadão anónimo de Atenas, na ressaca da dupla violência. Da física e do futuro.
Este anónimo grego começou a perceber, tarde evidentemente, aquilo que Maria, a portuguesa ainda não percebeu. Que não se veio ao mundo só para parir e produzir riqueza que a gente sabe sempre para onde vai. A passagem pela terra exige qualidade e respeito. Infelizmente, Maria ainda não, mas o anónimo cidadão grego já começou a descobrir que o trabalho tem valor. Que além do respeito, permite uma vida íntegra.
O que acontece é que a canalha conhece muito bem o perfil psicológico deste povo, que tem um medo medonho ao escuro e por isso, vá de retro Satanás, à mudança. Bem sei que é difícil mudar este perfil emocional, porque são séculos a carregar no jumento, que de tão educado, raramente dá um coice ou um aí. E a canalha, carrega, carrega e o jumento aguenta, física e mentalmente. Até porque a canalha montou um verdadeiro círculo de informação e contra informação, uma espécie de uniformizador de cérebros, que mantêm as alimárias sossegadas e disponíveis para mais carrego.
Evidentemente que também podem ter as suas dificuldades, sobretudo, se algum povo começa a abrir os olhos. Até se pode dar o caso de algumas personagens de direita passarem a personagens de esquerda ou ainda, elevar uma metamorfose à potência máxima. Um tal fascista passar a uma espécie de socialista. Mas esta é história para depois.
De qualquer modo, bem pode pensar Maria que resolveu o problema. Contudo, o trabalho a dias não cria riqueza e assim Maria irá continuar a ser a mulher-a-dias de 475 euros, até estoirar. E pior ainda, vai sobrar para as que pariu.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Uma lição do Gil Vicente Futebol Clube


Fundado em 1924 por um grupo de amigos que se reuniam todos os dias no Largo do Teatro, talvez daí o nome do grande dramaturgo, o popular clube de Barcelos foi vítima de uma anomalia do sistema há uma meia dúzia de anos atrás, que o atirou para a divisão secundária. Mas isso são outras contas. Não esmoreceu, e, agora até dá lições de bola, como recentemente o FC Porto, a Académica e o meu Sporting puderam apreciar.
Mas a última grande lição que o GVFC nos dá não tem nada a ver com a redondinha.
Tem a ver com solidariedade, sendo de toda a justiça realçar e deixar aqui os parabéns ao clube.
Não tornem é a ganhar ao Sporting, de preferência.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O desemprego vai aumentar, diz o regente-mor


Sempre considerei que os políticos da direita nunca são muito honestos. Talvez devido ao meu insuportável sectarismo, que, diga-se em abono da verdade, é de bradar aos céus. A História é que é fodida, dá-me razão.Intelectualmente falando, mas nem só.
Se considerarmos outras vertentes lembramo-nos facilmente da equipa do presidente da república, de oliveiras e costas, loureiros, duartes limas, bem como outras paragens como sobreiros, varas, sucatas, penedos, submarinos, freeports, universidades modernas, and so on, and so on. E também, mais importante ainda, do estado a que isto chegou. Mas tudo coisas perfeitamente normais, compreensíveis e toleradas, em sede de direita, bem entendido.
Mas se a honestidade é coisa vã, a incoerência e a hipocrisia não ficam atrás.
Sabendo que o desemprego é um objectivo, e mais degradante ainda também um meio, da política em curso, vemos um dos regentes da troika, Miguel Relvas, gozar com a nossa cara quando diz estar preocupado com ele.
Por outro lado, o regente-mor afirma que o desemprego vai aumentar.
O que não se vê é o governo, ou desgoverno como quiserem, fazer algo para mudar a situação.
O que não se vê é a hora de deixarmos de ser governados por néscios e indigentes.
O que se vê é o país a afundar-se cada vez mais.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Serôdio

Augusto Alberto (texto e foto)


O presidente Cavaco receou a “arruaça” que os jovens da Escola António Arroio, que esteve para ser também minha, prepararam. Ora, Cavaco é como aquelas equipas que vai prazenteira a jogo, quando sabe que o adversário é fraco e por isso não duvida que vai ganhar. É um fraco. Aliás, não chega nos dias que correm e que são difíceis, tocar piano, saber de economia e falar francês e inglês. É preciso ter a coragem de explicar às pessoas porque chegamos aqui e depois, também explicar muito bem explicadinho, como sair também daqui. Isso exige destemor, sabedoria e segurança.
A este propósito, quero aqui deixar um exemplo que se coloca nas antípodas desta manifestação serôdia do presidente de Portugal.
É sabido que o colapso soviético provocou uma queda de 35% do PIB de Cuba, que exportava para a URSS 63% de seu açúcar, 73% de níquel e 95% das frutas cítricas. E Cuba recebia da União Soviética 98% dos combustíveis e 63% dos alimentos, além de matérias-primas e outros bens. Foram inevitavelmente tempos terriveis que obrigou a liderança cubana a criar o chamado "período especial", uma economia de guerra em tempo de paz. Foi a década dos "balseiros", o aprofundamento da corrupção e a volta do fenômeno da prostituição. Mas é nos tempos dificeis que os grandes lideres se tem de apresentar. Saber que o local escolhido para o jogo não é o local escolhido por si, nem o equilibrio de forças deixa margem para duvidar que o resultado será a seu favor. Tudo se pode ganhar como tudo se pode perder. Ora foi exactamente num contexto de dúvida, que Fidel afirmou a sua capacidade de direcção. Muitas vezes baixou ao Malecon e outras cidades para ouvir vozes tristes, algumas muito duvidosas, mas também se fez ouvir. Nesse tempo alarve, fez pedagogia, deu esperança e foi muito seguro e, por isso, Cuba conseguiu sair do sofoco e continuar a fazer o seu caminho.
Cavaco, é um serôdio, rodeado também de homens sem qualidades. Não duvidemos. Só um povo com um baixo nivel de exigência e submetido há séculos, à canga, foi capaz de eleger tamanho tacanho.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Wagner e a primavera dos pobres

Augusto Alberto

De Wagner diremos ser fascista, porque Hitler fez sua preferência, a sua música? Nem pensar, porque Wagner primeiro se radicalizou socialmente quando se apaixonou pelas revoluções de 1848, ou a chamada “primavera dos pobres e, do mesmo passo, radicalizou a sua música, elevando-a à potência máxima, ou para melhor entendimento, a tornou decisiva.
Quero eu explicar que um sujeito, um dia destes, disse-me que gostava de me ler, mas que amiúdes vezes era muito radical. Óptimo! A questão é que eu venho de uma geração afoita e também gosto muito de Wagner. Por isso, tal como ele, acho que escrever é potenciar a verdade, porque se é para dourar a pílula, o melhor é estar quieto. 
Vejamos então: se eu disser que os gregos estão a pagar os desmandos que a sua elite fez em seu nome, e perguntar o que estão a negociar, agora contra a sua vontade? É mentira? Evidentemente que não. Se eu disser que o próximo candidato republicano à Casa Branca é um energúmeno e fascista, porque se está cagando para os pobres, porque o estado americano já lhes dá acesso às senhas para a sopa que os vai aguentando, e deseja a supremacia assassina da sua máquina militar, é mentira? Absolutamente não. E é mentira que deverá ser julgado quem em Portugal se meteu a fazer despesas inúteis em nosso nome, como estádios de futebol cuja solução poderá ser a implosão? Quem soterrou toneladas de betão no rio Côa, a propósito de uma barragem que teve inicio e não teve fim? Quem permitiu a colossal derrapagem no CCB? Quem avançou para a construção do aeroporto de Beja, que movimentou num ano pouco mais de uma centena, (100) de viajantes? E etc. É radical? Absolutamente não. É a verdade.
E é mentira que agora, na antiga União Soviética, é a democracia, porque neste inverno de gelo já morreram centenas de mendigos à fome e ao frio na Ucrânia e na Rússia, tal como nas democracias onde vivemos? Não! Agora é que é a democracia elevada à sua melhor expressão. Há fome!
Adiante com o anel dos Nibelungos e Tristão e Isolda, nesta tarde de sol e algum frio, enquanto mantenho a dúvida se esse meu sujeito, é ou não um fidalgo liberal ou neo-liberal, que me parece, lhes deu para a hibernação, neste inverno da nossa vida. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Jornal Avante!: 81 anos


Faz hoje 81 anos a primeira edição (imagem da esquerda) do órgão central do PCP. Publicado sempre na clandestinidade até ao 25 de Abril de 1974, só nos primeiros anos é que sofreu algumas interrupções, mas a partir da reorganização de 1940-41 saiu sempre regularmente. Embora a PIDE tivesse apreendido, por diversas vezes, várias tipografias clandestinas, nunca o jornal deixou então de chegar ao seu destino.
Foi o jornal, em todo mundo, que mais tempo resistiu com êxito à clandestinidade, tendo desempenhado um papel importante no combate pela unidade de todos os anti-fascistas ou na mobilização e consciencialização dos trabalhadores para a luta. Papel esse que continua a desempenhar actualmente.
E, sempre actuante e ao lado de quem trabalha, o jornal Avante! pode-se orgulhar do seu valor e contributo históricos, pois não é possível fazer nem a História de Portugal sob o regime salazarista nem a revolução de Abril ou a contra-revolução que se lhe seguiu sem o consultar. Isto se se quiser escrever com isenção e rigor, obviamente.
Aconselhando a sua leitura aos nossos visitantes, quanto mais não seja para alargar as bases para a formulação de opiniões mais credenciadas e rigorosas, aqui ficam os parabéns da equipa da “aldeia olímpica” ao Avante!.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sórdido e democrata

Augusto Alberto

Sandra Felgueiras, estrela em ascensão na RTP, filha de outra Felgueiras, boa na arte do toureio, capaz de tirar da capa e da espada, em pleno tribunal, chicuelinas e passos doubles, apresentou, pela primeira vez, o seu programa de jornalismo de investigação. Com propósito e porque a moda também manda, abordou o caso Rosalina Ribeiro. Às polícias e aos tribunais o que lhes é próprio, evidentemente, mas não impede que aqui registe o que registou, para percebermos que passos dá a infâmia. A citação de três (3) figuras do topo da militância do PPD/PSD. Desde logo, o sujeito Duarte Lima. Depois, Rui Gomes da Silva antigo deputado e governante. E o tipo que consegue a omnipresença. Ter sido bombista e ser hoje fascista/democrata, comentador residente da democracia e, sobretudo, advogado muito avençado, José Miguel Júdice. Figuras importantes e arquitectos, porque foram quem ao longo destes 38 anos traçaram a democracia, que os embriagou e nos trouxe basicamente à pobreza.
Nesse mesmo dia, a última sondagem realizada na pátria, ainda que possamos repetir a redundância de que as sondagens valem o que valem, mas a verdade é que nos dizem mais uma vez que o regime não muda, aponta para que os três partidos do poder, PPD/PSD, PS E CDS, somem 76% dos votos dos que votam, porque depois há os que vão para a praia e não votam, e por isso, são tão ou mais responsáveis, por esta coisa genérica, de nome república.
Confesso que nem por brincadeira admito que uma sondagem, nos tempos que correm, possa dar um resultado assim. E porquê? Porque a sondagem e o trabalho da Sandrinha, conseguem provar que o bom povo, ao não mudar o sentido do voto, continua a depositar o poder nas mãos de gente de moral duvidosa e que continuamente o expõe ao miserabilismo. Aliás, outro barão do PPD/PSD, Morais Sarmento, no mesmo dia, consegue dizer, em sussurro, o que há muito é evidente. Já em 2004 se tinha a certeza de que a desindustrialização, ia dar nisto.
Difícil, pelos vistos, não é fazer o pleno, ser sórdido e democrata, mas ser Povo atinado e de pleno direito. 

O dia "D" do Mercado Engenheiro Silva?


Desvendar-se-à hoje algum do mistério que envolve o mercado municipal? Esperemos para ver, ou melhor, para saber. É de toda a conveniência os figueirenses estarem atentos. Às 19H00 têm uma oportunidade de demonstrarem o grau da sua cidadania.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Em Bruxelas, a vassalagem

Augusto Alberto

Não é preciso ser doutor para perceber que as reuniões que se realizam, amiúde, por Bruxelas, são, de um modo geral, um acto de vassalagem ao poder económico. Um euro poderoso serve os interesses económicos da Alemanha e da França, porque são quem mais e melhor produz o produto final.
E, por isso, a rapaziada quando vai, vai ao beija-mão, fazer o relatório e buscar uns açoites, se for caso disso. Por estas e tortas razões, o ministro das finanças, Vaniziellos, sempre que vai, vai arrastado pelo pescoço, porque que se lixe o estado de astenia da Grécia, o que é preciso, primeiro, é que pague as dividas que foi obrigada a contrair quando toda a gente sabia que o país estava falido, após contas manipuladas pela famosa agência Goldman Sachs, com vista a atrelar a enormes compras de material de guerra à Alemanha e à França.
A Grécia converteu-se no terceiro maior cliente da indústria de guerra francesa da última década e o líder da empresa Siemens reconheceu ter financiado os dois grandes partidos gregos. Também Gaspar, o nosso simpático, vai ao beija-mão, porque à Alemanha é preciso pagar os submarinos que o Portas encomendou, num negócio que parece ser difícil de deslindar, pois claro.
E. pelos vistos, o ministro espanhol das finanças, De Guindos, foi apanhado, também, a confabular e a fazer o relato das próximas patifarias a Olli Rehn. Se estes casos retratam o beija-mão, a pérfida e o caos, outro há, que é antes o morder na mão. E o resultado é basicamente o mesmo.
Vejamos então: O super juiz, Baltazar Garçón, uma vedeta das leis, quis morder na mão de quem lhe dá a sopa e acabou mordido e a sangrar. Ou seja, Baltazar presumiu que poderia enfrentar, só, os demónios, os interesses e o surro da História, e logo a elite lhe disse para ficar virado para a parede durante 11 anos, o tempo suficiente para escrever as suas memórias, ou apodrecer.
O que podemos concluir? Que esta gente é perigosa, não brinca nem hesita em liquidar um, que bem poderia ser dos seus e a pôr-nos a todos, a pagar o que não é da nossa responsabilidade, nem que para isso passemos com pão e laranjas. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Somos muitos, muitos mil...


Há muito quem se iluda (se deixe enganar) com as mentiras de Cavacos, Passos e Portas; com as cumplicidades de Gouveias e Seguros. Mas estes todos (e eu estive lá) afirmam que Portugal não está à venda. E que a História não tolera o regresso à escravidão. E que a Democracia - política, económica e cultural - é uma conquista que queremos reaver! Vencer a "crise"? Só lutando. É isso que o Terreiro do Paço está a dizer.

Isto é do caralho, senhores ouvintes!!!!!!


Ainda a propósito das declarações de um determinado filho da puta que trabalha no grupo Médis, tenho de tecer algumas considerações.
Penso ser pacífico que a política vigente, interpretada agora pelo PSD, é a de aumentar o desemprego, cortar salários, pensões, e, não menos despiciendo, liquidar o Serviço Nacional de Saúde para entregar esse “factor económico” à iniciativa privada.
Acho que ninguém terá muitas dúvidas acerca.
Portanto, acho que não devo admitir que brinquem com a minha inteligência quando esta gente diz que se "congratula publicamente pela resolução do problema que envolve a manutenção de serviços de saúde do Hospital Distrital da Figueira da Foz".
Primeiro porque não há, por enquanto, problema absolutamente nenhum. Logo, penso que os fulanos se denunciaram ao congratularem-se pela resolução do problema. É que ele, o problema, ainda nem sequer foi posto. Lançaram barro contra a parede, para amortecer, é a velha técnica, porque sabemos que…
Segundo, não imagino esta gente ir contra as indicações que têm, quer da troika colaboracionista, quer da troika ocupante.

Epifanias

Augusto Alberto


A militância ensinou-me que o oportunismo não se livra dos demónios, nem evita que lhe conduzam o carro, de tal modo que vai ser impossível evitar, ainda a meio da curva, o embate de frente no primeiro pinheiro que aparecer.
É desta forma que os oportunistas desaparecem de cena, mas com trabalho de sapa feito, sim senhor. Aliás, se quisermos elencar, não falta quem bajulou e se deu à tarefa de trair e após o trabalho feito, vegete por ai, meio escondido, a passar por entre os pingos da vergonha. Aguentar uma vida inteira de resistência e luta, é de facto uma verdadeira estucha, só alcance dos melhores.
Ora, João Proença carrega o fardo de traidor e está a começar a provar do fel, ainda que se faça passar por sonso, ou, utilizando uma figura de estilo, a fazer o papel de corno. Que para o caso, é como diz:  “desconheço que haja delegados e outros activistas sindicais da UGT, de passagem para a CGTP”. Acredito que sim, que ainda não saiba, mas vai saber. Aliás, mais importante do que Proença saber, devem os portugueses perceber a urgência de estar onde estão os que combatem por causas.
Em boa verdade, os sindicatos filiados na UGT, cresceram com o diabo no ventre. E eu carreguei durante mais de uma dúzia de anos o trabalho sindical no Hospital Distrital da Figueira da Foz. Foi um gosto, que na parte final me levou à infelicidade porque a quase totalidade dos meus colegas, alertados, convenceu-se de que o mundo estava consolidado. Enganaram-se! O facto é que durante esses anos a actividade sindical foi exaustiva. Até que um dia fui alertado para o facto de a UGT ter chegado ao HDFF. Quis saber como e qual a importância. Nenhuma! Um (1) único trabalhador, cidadão sem causas, mas dado a outras epifanias, bom garfo e copo, de quem gostava muito e infelizmente já cá não está, entretinha-se de volta e meia a espalhar papéis. Ou seja, assim deve continuar a ser a UGT.
Nota de rodapé: João Proença usou de novo a litania anticomunista e acusou a CGTP de estar a preparar "uma pseudo greve geral", com o objectivo de dividir a UGT. Pois é, barrigudo. Nunca se sabe se depois de consumada a traição, não tenhas de caminhar a uma praça de jorna. Logo saberás como a fome dói. Coirão!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O HDFF e o berço da humanidade

“A união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome”
provérbio africano



Lembrei-me do provérbio em epígrafe quando vi as reacções de vários sectores da sociedade figueirense, nas redes sociais ou na imprensa, à tirada de um alto funcionário da Médis sobre o HDFF. Houve até quem considerasse uma boa notícia.
É que o leão tem de fazer pela vidinha se quiser comer qualquer coisinha. Uma das técnicas é conseguir dividir o rebanho.
Foi o que fez o escroque referido, que detém o cargo de ministro da saúde, ao afirmar que o HDFF está muito bem e recomenda-se, coisa e tal e tal e coisa.
Lá terá conseguido os seus frutos. A petição que corre on-line em defesa do HDFF parou nas 2057 assinaturas. Baixou-se a guarda, foi o que foi, o que poderá ser grave. Gostaria muito de estar enganado, mas o HDFF terá mesmo os dias contados. Bem como a contínua degradação do SNS. Aliás, o escroque não está lá para outra coisa, é o seu objectivo supremo e único. A não ser que continuemos a luta. A não ser que digamos aquilo que queremos.
É que o adversário não é gente séria, nunca foi. Se fosse, o país não estaria no estado em que está.
Alguns exemplos: uma cabra francesa vem aconselhar, a propósito do frio, os sem-abrigo a não saírem de casa; um ministro, o dos pastéis de nata, diz a um deputado do PCP que este partido “faz constantes ataques aos emigrantes”; outro ministro dá-me, definitivamente, razão quanto a não serem pessoas sérias quando diz que "não se pode fazer política com coisas tão sérias".
Eles sabem que a fazem com as outras. Mas mal de nós se pensarmos que eles são estúpidos. Eles são é maus.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pela boca morre o peixe

Augusto Alberto

O ministro Álvaro, já farto, abespinhou-se e investiu violentamente contra o deputado Agostinho Lopes, que admito ter exagerado um tudo na forma, o que permitiu ao ministro usar, sem demoras e com direito, a artilharia anti-comunista. Contudo, devo dizer que enquanto o ministro saiu para fazer a sua vida, com toda a legitimidade, ficaram por cá muitos a dar o coiro para que o ministro hoje tenha a liberdade de dizer o que entende.

Mas se as coisas foram assim colocadas, então, vamos aos factos. E os factos dizem que na Europa neva muito, e o frio é demolidor. Centenas de europeus, não por causa da neve, mas por terem uma vida miserável, têm morrido de frio e fome, em países que saíram da experiência socialista e não só. Na República Checa, da revolução de veludo, na Polónia, na Roménia, na Bulgária, por exemplo, montaram-se tendas para recolher hordas de famintos. Se coisas destas tivessem ocorrido no período do socialismo, não sucedeu, logo se diria, que o socialismo, ou pior, o comunismo, é uma falácia, porque afinal, a fome e o frio, até mata.
E a questão que se deverá colocar, aqui e hoje, é a seguinte: Então e agora? De qualquer modo, antes de ir, aproveito para contar uma pequena história:
Há uns anos, estava com outros amigos à porta do “Salgueiral”, em amena conversa, quando de repente fomos abordados por um homem, que nos implorou uma refeição. Um emigrante russo, faminto, que trabalhou em Coimbra para um empreiteiro, que o despediu sem salário. Com o pouco dinheiro disponível, comprou o bilhete de comboio até à Figueira, na esperança de encontrar melhor gente. Eu perguntei-lhe, que fizestes da URSS? Mas o homem nem percebeu, porque a fome quebrou-o. Após a vaquinha, disse-lhe: - vá ali ao lado, coma duas sandes de presunto e beba uma taça de tinto, e entretanto, enquanto mastiga, aproveite para expiar as suas culpas, se as tiver. Mas não vá em definitivo. Passe depois pela União de Sindicatos da Figueira da Foz.
Fim da história? Não! Não, porque o Álvaro sabe, e muito bem, que pela boca morre o peixe e por isso, é tempo perdido fazer de tolo. A exemplo da secretária de estado francesa da Saúde, que sugeriu aos “mais vulneráveis”, incluindo os sem-abrigo, que evitassem sair de casa, para evitar o frio.
É o declínio? Sim, é. É a Europa com o cú coberto de escaras e ao léu.

Da evolução linguística


Sou um homem de convicções, embora tenha fé que o meu Sporting entre nos eixos, mas isso é uma outra estória.
Daí ser convicção minha que o actual acordo ortográfico (chamar acordo ainda deve ser um pouco forçado porque há países que não o assinaram ainda) é uma grande treta.
Acho que a realidade, a vivência social, os enquadramentos económicos é que contribuem para se modificar, ou não, determinadas palavras ou sentidos que elas impõem. Quer dizer a evolução sócio-cultural, política, económica é que impõe a evolução linguística, com o aparecimento de neologismos.
Um exemplo emblemático: a palavra “gamar”, mais ou menos um calão para a palavra “roubar”. Esta sim, é uma das palavras que deverá cair em desuso, mas através da língua falada. Quando, suponhamos para ilustrar o exemplo, uma beldade nos diz, fingidamente escandalizada: “Já me gamaste um bombon”,  se quiser acompanhar a evolução linguística deveria dizer: “já me gaspaste um bombon”. Do novo verbo Gaspar, se bem entendem. A conjugação do novo verbo é fácil, tem a terminação em “ar”, exactamente como o verbo substituído.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma questão de óptica

O sonho americano

Augusto Alberto

Antes que a memória se gaste, Fidel começou a editar as memórias. E logo a independente imprensa nacional, tirou as devidas conclusões. Aliás, inteligentemente, porque o objectivo é dar a ideia de que para lá do mundo em que vivemos, é o finito. A conclusão foi: tinha sido um “equívoco” pensar que o socialismo iria resolver todos os problemas económicos da ilha. Bem sabemos que a vida é feito de avanços e de equívocos e a construção de Cuba não foge à regra. Por ventura não lerei os livros de Fidel, mas basta de modo esparso ir à descoberta das suas memórias, para ter acesso a informações que me escapam. É a diferença entre música escrita ou tocar de ouvido.

Admito que por vezes Fidel me espanta, ainda que nele veja uma pontinha de culto, que faço por esquecer. Sublinho, então, um naco reflexivo sobre o modo como foi sempre preparado o assalto às Américas. Disse: - Os oficiais das Forças Armadas da América Latina tinham suas escolas privilegiadas nos Estados Unidos, onde os campeões “olímpicos das democracias” os educavam em cursos especiais destinados a preservar a ordem imperialista e burguesa. Os golpes de Estado seriam bem-vindos sempre que fossem destinados a "defender as democracias"… em aliança com as oligarquias. Se os eleitores sabiam ou não ler e escrever, se tinham ou não casas, emprego, serviços médicos e educação, isso não tinha importância, sempre que o sagrado direito à propriedade fosse defendido.

E agora vejamos como o provável candidato Republicano à Casa Branca, Mitt Romney, na singeleza do seu pensamento, tropeça e confirma Fidel. O sublinhado é meu. "Estou-me “cagando” para os pobres, porque já tem o direito à senha que dá direito à sopa do estado". Mas como não chega abjurar os seus pobres, é ainda, contudo, necessário que haja outros, como sintetiza Fidel. Melhor será o mundo estar bem mais preocupado com o homem que vai estar aos comandos da maior máquina de guerra do mundo, do que com o modo como na pequena ilha os homens vão resolvendo os problemas que a utopia lhes coloca. E num mundo muito dado a espezinhar utopias e fracos, se eu fosse jornalista em Portugal talvez cuidasse em saber em que momento reúno condições para ir à botica do fundo de desemprego, depois do trabalhito feito e mal pago. Saibam que em dias em que os dentes rangem de frio, as sopas quentinhas só com senhas nas tendas da Câmara Municipal de Lisboa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Há carnaval, não há carnaval, há carnaval


Esta estória do corso de carnaval na 3ª feira até que acabou por ser divertida. Há, não há, há, não há. Vai haver. Aliás nunca me passou pela cabeça que não houvesse, mesmo nas outras cidades em que o carnaval é um importante cartaz turístico, o que atesta que o tótó do Passos Coelho, enquanto vai degradando o país, social e economicamente, não passa mesmo de um tótó nas mãos da "troika", completamente alheio às realidades do país.
É caso para se dizer: "Ataíde amigo, os foliões estão contigo".
Mas para nem tudo ser más notícias, endereço-vos para uma boa.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Chapéus há muitos... praí uma dúzia!!!

E néscios também.

Decadência

Augusto Alberto

O fim do dia dou-o à leitura e, por isso, raro me dou à televisão. Mas ontem, talvez embalado pelo calor da lareira, deu-me a modorra e acabei por ver quase até ao fim um espectáculo, escorreitinho, transmitido pela televisão pública, em ordem a aplaudir os melhores nas artes no ido ano de 2011. Com o nome genérico de “Portugal aplaude 2011”, foi apresentado por uma carinha e corpinho larocas e correu no teatro Nacional D. Maria II. Por lá passaram nomes consagrados, como António Chainho, Olga Roriz, pesadita para grandes voos, Luís de Matos, e outros, a par de gente nova, que confesso não saber que existia.

Na plateia, o topo mundano da capital, chegado entretanto nas caleches e coches, reluzentes e de alta cilindrada, como convêm a gente de pergaminhos. No topo do convívio, o Secretário de Estado da Cultura, o Presidente do Conselho, acompanhado de sua esposa, que deixou cair uma lágrima no momento em que Sara Tavares cantava. Saudades das origens, e muito bem. E acima de todos, um dos gestores de topo, que são quem manda em Portugal. O chefe da PT. Acredito que os mendigos que habitam todas as noites as arcadas do teatro Nacional tenham recebido indicações para voltarem, nunca antes da meia-noite, para não incomodar o sossego de tão fina gente. Mal seria que uma certa miséria e um certo cheiro a corpos mal lavados evoluissem naquele recanto da noite lisboeta, e logo àquela hora. Em todo o caso, eu que tenho um coração de manteiga, até entendo as preocupações em não estragar a noite a tão distintas figurinhas.
Mas, digo eu, como seria bom que em vez de ser a nata da capital a ocupar as cadeiras do D. Maria, fossem as centenas de famintos, mal lavados e de barba medonha, que embrulhados em cartão e cobertores, coçados e rançosos, fazem das sacadas do Teatro Nacional o quarto para o sossego das noites e dos que não tendo já ali lugar, se espojam por Santa Apolónia ou na Gare do Oriente.
Que não haja a mínima dúvida. As cadeiras do Teatro Nacional, não chegariam. Desse modo, todos os que se ligassem à TV Pública, nesse instante, perceberiam como está faminto e decadente este Portugal.

Porque esta política não é um fatalismo...

"... e porque os trabalhadores não são objectos transaccionáveis, nem descartáveis. São homens e mulheres que exigem ser respeitados e valorizados.
... e porque estas políticas alargam, ainda mais, o fosso entre pobres e ricos.
... e porque em 2012 continua o saque aos salários e à totalidade dos dois subsídios para os trabalhadores da administração pública.
... e porque a saída do caos económico e financeiro passa pelo crescimento e criação de emprego e pela valorização do trabalho.
... e porque os trabalhadores e suas famílias, de acordo com as previsões do Banco de Portugal, correm o risco de perder 11% do rendimento disponível entre 2012/2013.
... e porque o custo de vida não pára de aumentar."


E uma bela bacalhauzada à "comunista"? Tenha a bondade...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

4 de Fevereiro: evocação

Ainda que Angola, actualmente, sofra um desvio no curso da História, hoje celebra-se uma das datas mais importantes da sua existência enquanto país independente: o início da luta armada pela obtenção dessa mesma independência.
Recordo-a com um poema de um dos seus mais ilustres poetas, Mário António. Em que se aborda um dos vários grandes factores económicos do país, o turismo.
Outro poema, “Poema da Farra”, na voz de Ruy Mingas, pode ser ouvido aqui.


Turismo


Jovens muílas dançam
Batem que batem as palmas.
Em breves cantos lançam
Até nós, suas almas.


Vibram ingenuamente
Missangas nos pés delas.
Para trás, para frente:
São todas ágeis, belas.


Brilham nas suas tranças
Ataches de latão.
Belas, negras esperanças
Quem vai dizer que não?


Jovens muílas dançam
estendendo as palmas.
Nelas, turistas lançam
tostões às suas almas.



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Hospital da Figueira não fecha, diz o ministro


O ministro da saúde disse na Figueira da Foz que o HDFF vai manter as valências que tinham sido ameaçadas de encerrar.
Conhecendo os néscios que nos têm governado nas últimas 3 décadas e meia dá para desconfiar. Pelo menos ver para crer. De qualquer forma ou terá sido um atestado de incompetência à anterior administração, o que prova a qualidade de quem tem responsabilidades neste país, ou… lembramo-nos de que nas vésperas do encerramento dos serviços de obstetrícia e ginecologia (vulgo maternidade), estes foram premiados.
Mas “prontos”, embora seja conveniente não baixar a guarda. Até porque o dito ministro disse que se vai manter a urgência médico-cirúrgica e o hospital de dia oncológico. Sobre a VMER, não ouvi nadica. 

Pró caralho, meus barões

Augusto Alberto




Pobres já somos. Mas alguns ainda não perceberam. Disse o nosso “primeiro”. A este que passou, por artes de levitação, da condição de capacho a “presidente do conselho”, quero lembrar que há uns anitos, barões assinalados do PSD/PPD, com tarimba na arte da levitação, foram nomeados pelo “conselho”, para administradores do banco do estado. Com condição própria de barão, evidentemente. Logo no primeiro dia de “lavoira”, cumularam ao seu tempo de serviço, mais 12 (doze) anos de descontos para a segurança social. Clarifico: imaginemos um barão já com 20 anos de descontos, logo no instante em que sentou na sua magnífica secretária, fosse esse dia o único, fosse uma semana, um mês, um ano, ou mais, passou de uma penada, de barão com 20 anos, para barão com 32 anos, somado, ainda, o tempo em que na Caixa ”lavoirou”.
Em termos absolutos, muitos destes barões que clamam que não estamos em tempo de exigir os direitos adquiridos, não descuidam este seu adquirido direito. Em termos reais, um direito adquirido não deverá ser dado ao povo, mas deverá ser dado a barão, com mais uma importante condição. A de continuar a pregar a austeridade e a inevitabilidade da coisa, a exemplo do barão Ângelo Correia, que passou por aquele programa filho da puta, do miserável Crespo, onde muito bem clarificou publicamente a sua condição e direitos.
E é assim que chegamos ao dia em que um sem-abrigo da cidade do Porto, por causa de ter roubado um quarto de polvo e um champô, foi levado a tribunal e condenado a uma multa em cash. Pois é bem feita. Em vez de se arremeter a larapiar, tivesse elevado a sua condição à de barão. A melhor forma de perceber que quem rouba um quarto de polvo, para matar a larica e um champô para dar caça aos piolhos, vai à barra do tribunal e logo decretam uma coima, mas quem é social e politicamente barão, bem pode roubar o estado e o povo, sem que lhe seja aplicada coima em cash ou em modo de cadeia e ainda fica com a possibilidade de se candidatar, uma e outra vez, a barão e ladrão e a receber de novo os votos do amado povo.
Mas eu que não me emendo, digo-lhes: Pró caralho, meus barões.